quarta-feira, novembro 01, 2006

Porque têm vertigens as joaninhas?

Ando a matutar esta ideia há já alguns dias. Finalmente, juntei coragem e alguma inspiração, respirei fundo e partindo de um exercício de reflexão escrevi, retalhei, baralhei, misturei e voltei a escrever.


Entrando no site da Wikipédia encontramos uma definição nada romântica do termo joaninha. Segundo os especialistas que construíram essa base de dados, joaninha é o nome popular de um insecto da família Coccinellidae.

E então, perguntarão vocês? O que é um coccinellidae?
Leio o resto da página e concluo que é necessária uma outra fonte.
Volto ao Google, e faço nova pesquisa.

Lá encontro a seguinte referência: As joaninhas fazem parte da ordem dos coleópteros (escaravelhos), a maior de todas as ordens de insectos, com mais de 300 mil espécies conhecidas. Nos climas mais temperados, há menos espécies, mas reproduzem-se em maior quantidade. Nos trópicos, passa-se o contrário: há mais espécies, mas menos indivíduos

Muito bom! Isto já está melhor!
E voar? É a dúvida que me assalta: será que elas voam?
Responde-me Carminho (consultora online de todos os temas de opinião e discussão): Maria, ela voa mas pouquinho porque o corpinho pesa!!! Faz apenas uma espécie de voo doméstico.

Fico a matutar!
Volto ao link anterior e descubro nova referência: Asas inferiores (para voar) ocultas por asas superiores, vermelhas com pintas.

Ora bem, se as miúdas têm asas porque não voam?
Bem, estarei a fazer confusão? Se calhar estou e a joaninha que eu conheço sofre de vertigens.
Segue-se um momento de diálogo interior e reflexão...

Concluo que a Joaninha em questão tem vertigens. Apesar de não perder uma oportunidade de desafiar essa condição em pequenos voos de teste (já andou no teleférico do Parque das Nações em Lisboa, no London Eye em Londres; viagens de avião também já experimentou; e até se meteu numa chamada Torre de muito metros de altura no Parque de diversões em Madrid).
Mas aquele voo... o tal, aquele que muda uma vida, ainda não o fez.

Alto: Mudança!!!! É isso…

Entro de novo na Wikipedia
Uma mudança ou transformação pressupõe uma alteração de um estado, modelo ou situação anterior, para um estado, modelo ou situação futuros, por razões inesperadas e incontroláveis, ou por razões planejadas e premeditadas.
Então, mudar é romper com o estabelecido, com a confortável e ilusória certeza de um amanhã previsível! É deixar para trás – sem receios, sem medos e sem hesitações – o que se tem por garantido!!

O que mudamos ao longo da vida?
Novo momento de reflexão…

Mudamos de turma e de escola – É inevitável. Se não fosse assim, a Maria ainda usava bata branca e frequentava a Escola Primária de Santegãos. A Dona Amélia, castiça e brava professora primária, é que era capaz de já lá não estar!
Mudamos de amigos – Esta é traiçoeira. A Maria nunca mudou de amigos! Perdeu no percurso algumas pessoas que podiam vir a ser amigos! Os amigos têm sido conservados e cultivados ano após ano, e aos de sempre juntado novos! Será Maria a excepção que confirma regra? Há sempre uma excepção que confirma a regra.
Mudamos de namorado! – Nem vou entrar por aqui!!!
Mudamos de penteado! - Grande trauma das mulheres: ficar com um penteado que não gostam ou que não as favoreça ou que não lhes seja confortável!!! Desde que perdi o medo de mudar de visual nas idas ao cabeleireiro que me tenho dado muito bem com as experiências! Mudei de penteado: já não uso repas, nem tão pouco aquela pala que se aguentava apenas às custas de quilos de laca; também já não sou o Joãozinho da Momi Aurora! (o que ela sofreu e o universo masculino ao meu redor!!)
Mudamos de cor preferida – Pensava que era impossível! Blue was my colour!! Eternal love! Descobri que a vida tem uma palete imensa de cores e tons!! Uso e abuso delas!
Mudamos de casa – E fazemo-lo quando vamos para a faculdade longe de casa, ou vamos trabalhar longe da casa dos pais ou o namorado nos propõe começar algo em comum ou casamos (a minha preferida!). A questão fundamental é que lá mudamos!

Mudar envolve, necessariamente, capacidade de compreensão e adopção de práticas que concretizem o desejo de transformação.

Esta nova definição agora chama a atenção para algo: desejo!
Sim, acho que cheguei ao cerne da questão.

O desejo pode ser uma tensão em direcção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação.

Então o voo da mudança ocorre na sequência de desejo e esse sentimento surge porque vemos um dado fim como sendo fonte de satisfação.

Então, se quem não está bem se muda… e se para melhor se muda sempre, qual é o medo da Joaninha!?

Trauma de infância? Ou de adolescência? Terá o período de hibernação – em que estes espécimes se amontoam para se protegerem do frio – projectado tal sensação de conforto que o medo do desconhecido paralisa as asinhas frágeis que teimam em querer bater?

Talvez… mas numa coisa eu acredito. Eu, Maria um dia estarei cá para vos contar como foi a experiência do voo da Joaninha.


Mitos e Lendas pós-reflexão:
I: A joaninha também é conhecida por boas-novas ou em brasileiro por vaquinha. Em inglês, chamam-se ladybirds, ladybugs, ladycows, e beetles of Our Lady devido à crença de que foram dedicadas à Virgem Maria.
II: As joaninhas dão sorte. (esta lenda é mesmo a minha preferida!!)
III: Quando se encontra uma joaninha existe o hábito popular de a segurar nos dedos e dizer “Joaninha Voa Voa vai ter com o teu pai que está em Lisboa...”, com o significado de levar boas novas. A versão inglesa diz: Joaninha vai-te embora / Tens a casa a arder/ E os teus filhos a morrer e refere-se à antiga prática de queimar as hastes do lúpulo após as colheitas, hastes essas que serviam de casa a milhões de joaninhas.


Citação pós – reflexão:
Só é possível transformar-se na medida em que já se é – Friedrich Novalis
(a essência está lá sempre, acrescento eu, Maria)

8 comentários:

Madalena disse...

Olha pipoka, nem sei o que te diga!!!

Mudança é a palavra de ordem, para ti, desde o início deste ano. Se estiveres bem com ela, é o que interessa.

Eu na minha modesta opinião e valendo ela o que vale:Gosto muito mais desta joaninha, alegre e com vontade conquistar tudo a que tem direito.

Se o desejo de mudança continua em ti e em outras esferas da tua vida, então estás a espera de que?????!!!!! Todos os voos valem a pena, nem que seja para depois dizeres: "Afinal não era isto que queria". Mas o que interessa é que voas-te, experimentaste e agora sabes que queres ou gostas ou não.

E afinal tens lutado contra as vertigens. Recordo aquela pequena viagem de teleférico em Lisboa, em que ficas de todas as cores, quando brinquei quando aquilo ia cair. Não sabia que tinhas vertigens!!!! Mas portaste-te bem. Aguentaste-te firme.

Voa, voa Joaninha.... que o mundo está a tua espera.

Beijos gordos

Carminho disse...

«As joaninhas dão sorte»

Concordo com isto e acrescento: as joaninhas inspiram positivamente quem as rodeia. Pelo menos a mim, inspira!
Gostei da pesquisa e ainda mais das reflexões...ou não estivessemos em fases mega-ultra-metafísicas ultimamente.
A escavacar sobretudo dentro de nós mesmos é que encontraremos a resposta, penso eu. Comigo tem sido assim desde sempre. Posso falar, falar, perguntar opiniões, pedir conselhos, mas a ultima e derradeira conclusão que me impele à acção é sempre a que nasce de dentro de mim...

Quanto a vertigens...só é possivel de as ultrapassar desafiando 'in loco' esse medo. Ao ver que o vencemos frente a frente.
Há e sempre haverá riscos associados em tomar esta ou aquela decisão. Há e sempre haverá vozes da discórdia. Há e sempre haverá dúvidas a meio do caminho. Mas a radicalidade da mudança alimenta-se e sobrevive (como dizes e muito bem!) da seiva chamada DESEJO e eu acrescento, força de vontade.
Isso, em minha opinião tens que sobra uma vez que já derrubaste barreiras supostamente 'inultrapassáveis'. Sim, já dobraste muitos Bojadores, enfrentaste Adamastores de bigode e sem bigode!

O corpinho vai cansar-se, as asinhas terão que por vezes parar para descansar, mas logo logo, recuperam! Mas o caminho faz-se caminhando. (adoro estas frases feitas...).

O universo conspira a teu favor.
Se assim não o fosse hoje não estarias a escrever coisas fabulosas como esta! Provavelmente terias as asinhas guardadas numa caixinha, embrulhadas em papel de celofane...

Cosette...

Madalena disse...

Cá estou eu de novo, só para dizer que estas tuas reflexões me deixaram desconcertada. Depois de ler o post, fui jantar e não pronunciei uma única palavra, na minha cabeça, apenas esvoaçavam as ideias, de mudança, de voos, viagens, desejos, medos.... e por aí fora.

Depois do jantar, continuei a pensar, coloquei-me em frente ao espelho do quarto e tive uma conversa comigo mesma, daquelas que todos temos quando não estamos bem e não sabemos o que fazer. É verdade mais uma vez tive essa conversa.

Tens esta capacidade de fazer com que reflicta sobre as coisas. Já me aconteceu isto com o post das coisas boas da vida.

Gostei muito deste post. Espero recordar-me dele durante muito tempo e qdo me esquecer espero vir aqui ler de novo o que escreves-te e voltar a não me esquecer dele por uns tempos.

Já que o meu sofá está farto de mim, vou ver se voo também.

Carminho disse...

Acerca da mudança...

O bichinho da seda morre para renascer como borboleta?
Que se passa naquele casulo?

Mudança e metamorfose são sinónimos....Só se mudará mesmo na medida em que já se é?

Hum...

Carminho disse...

Mudança e metamorfose não são sinónimos.

Mtas vezes as palavras que temos não aborvem aquilo que queremos transmitir...

Ivana disse...

Eu acho que a Carminho te chamou gorda, Maria/Ju, ao dizer que a Joaninha não voa por causa do peso do corpinho...

Mas isto sou eu a reflectir e essas coisas de deixar o pensamento voar e tal.

(Gostei mesmo muito do post. Quando acho que não consegues fazer melhor...chegas tu e triunfas com estas palavras)

Unknown disse...

afinal as vertigens não impedem de voar certas joaninhas!!!!

hihihi

Anónimo disse...

hihihihi

love to fly!!!