sábado, dezembro 30, 2006

Bons dias novos

Há um ano atrás sorri convosco. No meio da serra, este ano começou no meio de risos, dança, música, brindes.
Para os que estão próximos, para os que estão longe mas na minha memória, envio o meu abraço. Porque os abraços nunca são demais.
Bom ano novo, cheio de bons dias novos.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

KARAOKE




Is this the real life
Is this just fantasy
Caught in a landslide
No escape from reality
Open your eyes
Look up to the skies and see
Im just a poor boy,
i need no sympathy
Because Im easy come,
easy go,
A little high,
little low,
Anyway the wind blows,
doesnt really matter to me,
To meeeeeeeeeeeeee

Mama just killed a man,
Put a gun against his head,
Pulled my trigger, now hes dead

Mama, life had just begun,
But now Ive gone and thrown it all away
Mama ooo,
Didnt mean to make you cry
If Im not back again this time tomorrow
Carry on,carry on,as if nothing really matters

Too late,my time has come,
Sense shivers down my spine
Body's aching all the time,
Goodbye everybody-Ive got to goooo
Gotta leave you all behind and face the truth
Mama ooo
I dont want to die,
I sometimes wish Id never been born at all

I see a little silhouetto of a man,
Scaramouche,scaramouche will you do the fandango
Thunderbolt and lightning
very very frightening
Galileo,galileo,Galileo galileoGalileo
figaro-magnificoooooooooooo
But Im just a poor boy and nobody loves me
Hes just a poor boy from a poor family
Spare him his life from this monstrosity
Easy come easy go
will you let me go-Bismillah!
no-,we will not let you go-let him go- Bismillah!
we will not let you go-let him goBismillah!
we will not let you go-let me goWill not let you go-let me goWill not let you go let me go
No,no,no,no,no,no,no

Mama mia,mama mia,mama mia let me go
Beelzebub has a devil put aside for me,
for me,for meeeeeeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

So you think you can stone me and spit in my eye
So you think you can love me and leave me to die
Oh baby-cant do this to me baby
Just gotta get out, just gotta get right outta here

Nothing really matters
Anyone can see,
Nothing really matters
nothing really matters to me,
Any way the wind blows....

Um ano novo cheio de sorrisos e sucessos... e de canções de amor

É dia 28 de Dezembro. São 19h30 e estou parada numa fila de trânsito algures no Porto. Na rádio o Sr Rui Veloso diz que já não há canções de amor por não haver quem acredite... Fico a pensar: terá ele razão?
Estou nisto envolvida quando olho para a minha direita e me salta à vista o néon do night club “Ondas da Noite”. Pois, por aqui não há quem acredite em canções de amor, de certeza. E vai daí, nem sei, uma senhora que dizem ter sido frequentadora destes locais está no top de vendas dos livros em Portugal. E ainda dizem que não há quem leia em Portugal! Ultraje!
O semáforo ficou verde e voltou a vermelho e eu avancei apenas meia dúzia de metros. No quentinho do meu carro os pensamentos não param. Penso que amanhã (ou seja hoje) é o último dia útil do ano! Mais um ano que passou. Hora do cliché: o que se passa com o tempo que agora voa? Ainda ontem estávamos numa casa de Tum a preparar a despedida de 2005!
Agora que comecei a pensar no ano que está a terminar não consigo deixar de o ver em revista. Aqui há uns anos num final de ano fiz uma lista de coisas que pretendia melhorar em mim. Acho que a pobre da lista acabou num contentor de papel para reciclar. As minhas intenções eram boas, acreditem. Ter-me-á faltado na altura força de vontade para pôr em prática as minhas intenções. Acho que é sempre assim. Sabemos o que temos de mudar, o que podemos fazer de modo diferente, o que nos fará melhor. Só que por vezes esse caminho aparenta ser mais atribulado e deixamos de o escolher. Optamos pela estrada mais gasta, já com indicações dos que lá passaram. È natural, suponho eu.
O ano de 2006, como todos saberão, foi um ano de grande mudança para mim. A minha múltipla personalidade assumiu-se de vez e às tantas já nem eu sei se sou Maria, Ju ou Little Princess. Penso que no fundo sou um misto de muita coisa. E descobri que é na existência de diversidade e pluralidade que estão as coisas boas. Antes achava que só havia uma forma correcta, um caminho, uma opção. Neste ano que agora termina percebi que as coisas não são tão lineares como às vezes pensamos. Foi um ano bom. Muito bom, aliás.
Claro que para alguns, o ano foi igual a tantos outros, com pouco de novidade.
Para outros terá sido para esquecer.
Seja qual for o caso de quem está agora a ler faço uma proposta, tirem uns momentos para reflectir um pouco neste ano que passou. Vão ver que mesmo sem fazer lista do “a melhorar” ou “a fazer” será um exercício proveitoso.

Eu já passei o meu ano em revista.
Já arrumei as minhas questões.

Estou pronta para o 2007.
Espero-o munida do meu sorriso, do meu casaco quentinho e da minha vontade de viver cada dia novo que aí vem!


Para todos, um ano novo cheio de sorrisos e sucessos... e de canções de amor.
È que me parece que o tal Sr. é capaz de não ter muita razão....

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Monólogo com a câmara


Toda a gente sabia que Henri Cartier-Bresson não gostava de máquinas fotográficas a apontar para si; talvez ele se apercebesse, como Roland Barthes (pág. 77), da falsidade da situação: “Muitas vezes (demasiadas vezes, na minha opinião), fui fotografado tendo consciência disso. Ora, assim que me sinto na mira da objectiva, tudo muda: constituo-me no processo de posar, fabrico instantaneamente um outro corpo para mim, metamorfoseio-me antes da imagem”

Agnés Sire, Comissária da Exposição Um Silêncio Interior, em “Um silêncio Interior: Retratos de Henri Cartier-Bresson”, 2006.

(Na fotografia, Samuel Becket, em sua casa, em Paris, 1964)

Impressionante a arte deste senhor em captar a essência de alguém, naquele momento, naquele espaço, naquela forma, naquele conteúdo. Impressionante.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Mensagem da Carminho neste Natal ...


Havia no alto de uma montanha três
árvores que sonhavam o que seriam
depois de grandes.


A primeira, olhando as estrelas disse:
"Eu quero ser o baú mais precioso
do mundo, cheio de tesouros".

A segunda, olhando o riacho suspirou:
"Eu quero ser um navio grande
para transportar reis e rainhas".

A terceira, olhou para o vale e disse:
"Quero ficar aqui no alto da montanha e
crescer tanto que as pessoas ao olharem
para mim, levantem os olhos e pensem
em Deus".


Muitos anos se passaram e certo dia três lenhadores cortaram as árvores que estavam ansiosos em ser
transformadas naquilo que sonhavam.

Mas os lenhadores não costumavam
ouvir ou entender de sonhos... Que pena...


A primeira árvore acabou por ser
transformada numa manjedoura de animais
coberta de feno.

A segunda transformou-se num simples barco
de pesca, carregando pessoas e peixes
todos os dias.

A terceira foi cortada em grossas
vigas e colocada de lado, num depósito.

Então, desiludidas e tristes, as três
perguntaram: PORQUÊ ISTO?


Entretanto, numa bela noite, cheia de
luz e estrelas, uma jovem mulher colocou
seu bebé recém-nascido naquela manjedoura
de animais e de repente,

a primeira árvore percebeu que
continha o maior tesouro do mundo.


A segunda árvore estava a transportar
um homem que acabou por adormecer no
barco em que se transformara.

E quando uma tempestade quase afundou
o barco, o homem levantou-se e disse:
"Paz" e, num relance, a segunda árvore
entendeu que estava transportando
o rei do céu e da terra


Tempos mais tarde, numa sexta-feira,
a terceira árvore espantou-se quando suas
vigas foram unidas em forma de cruz e
um homem foi pregado nela.

Logo se sentiu horrível e cruel.
Mas no domingo seguinte, o mundo
vibrou de alegria


E a terceira árvore percebeu que nela
havia sido pregado um homem para a
salvação da humanidade.

E que as pessoas sempre se lembrariam
de Deus e de seu filho ao olharem
para ela


As árvores haviam tido sonhos e desejos,
mas, sua realização foi mil vezes maior
do que haviam imaginando, portanto...


Não importa o tamanho do teu sonho
acreditando nele a tua vida ficará mais
bonita e muito melhor de ser vivida.


Feliz Natal

quinta-feira, dezembro 21, 2006

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Natal

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Dizem que altos anjos
Da Divina hierarquia,
Na verdade, casulos de luz
- Pura energia criadora
Desceram de outras dimensões
Para apreciar um nascimento
Muitíssimo essencial...
Dizem que flocos de neve
Caíram das alturas
Cada um mais especial
Com formas que jamais se repetiram...
Dizem que o ar ficou de tal maneira
Perfumado de rosas e jasmine embriagou os passarinhos
- Que mais docemente cantaram
E girandolando voejaram
Saindo a anunciar
O evento anunciado
Que acabara de acontecer...
Dizem que uma alegria intensa
Se apossou dos pastorinhos,
- Pensaram então fazer parte
Da corte de um certo rei
E se sentiram comovidos,
Não de ouro e prata vestidos
Mas vestidos de Alegria
E canções de ninar entoaram
Louvando a chegada do Menino...


E é por isso que até agora
Quando chega o Natal
Também vestimos a alma
De cores especiais
E a nossa voz se eleva
Para acima de qualquer treva
E desejamos a todos
Votos de tantas coisas
Boas de acontecer...


Quem disse? Quem contou
Essa história às pessoas aqui da Terra?
Ora, os bardos, com a Poesia
Dos que precisam de Luz


Dos que necessitam de esperança
E querem levar alegrias
Pelo menos uma vez ao Ano
Para que os homens não desistam
De renovar seus sonhos
E de aproximar os que sonham...

... E agora, plenificada

de Amor, quem vos reconta,
sou eu: no colar dos contadores
mais uma conta que conta
mais uma ponta que canta...



Um Feliz Natal

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Ponham os cachecóis, calçem as luvas, vão para a rua ficar com as faces do rosto rosadinhas, e sorriam.

Ele anda por aí....


domingo, dezembro 10, 2006

Comunicado (em nome) de Manuela São Simão

Venho convidá-los para uma visita à Exposição "Boxed Attitudes (Ideias em Acervo)", projecto de instalação desenvolvido para a Galeria Extéril.

A inauguração foi no dia 9 de Dezembro, na rua do Bonjardim nrº1176, Porto.

Conto com a vossa presença!

Cumprimentos e até breve! :)

Manuela São Simão



"Boxed Attitudes (Ideias em Acervo)" é o meu pequeno acervo de ideias. Ideias que estão em stand-by, à espera de uma oportunidade para serem expostas, concretizadas.
Trata-se de um projecto feito de projectos. Nele faço alusão a diversos projectos que já concretizei, assim como apresento outros que nunca foram antes mostrados, quer por falta de oportunidade...quer por falta de espaço...! Encontro agora neste pequeno "white cube" que é a Galeria Extéril, um espaço para os mostrar...
O projecto completa-se a um nível virtual no espaço do site da Galeria, onde pode ser visualizada uma pequena animação em "loop" realizada com a ajuda do artista Pedro Brochado, e que se intitula "Breathing inside Frames".

http://www.exteril.com/


P.S.: para quem viu e lá esteve, como eu, fica a impressão de que visitamos uma exposição de um trabalho de muito tempo e esforço, com uma mensagem clara de coerência desta artista.
Mais: como se entrassemos em casa de artesãos onde todos os pormenores merecem atenção. Eu gostei.

terça-feira, novembro 28, 2006

Fiz uma pesquisa no google sob o título: Bacalhau com natas blog.

Este espaço é a quarta opção que surge. Acho que temos um bom lugar no ranking...

Por isso mesmo sugiro aqui, no final da página, um contador de visitas. Fiquei curiosa!

quarta-feira, novembro 22, 2006

O Zero

O Zero sentia-se vazio. Olhava para si mesmo e não gostava do que via: era aquela enorme barriga; era a incapacidade de sobressair; era a falta de um carácter vincado...
Achava mesmo que não valia nada. Já muitas vezes tentara ser esguio como o 1, elegante como o 4 ou belo como o 7, mas nem sequer conseguia a pequena proeza de esticar uma haste para se assemelhar ao 6 ou ao 9.
Era realmente uma nulidade. Mas o pior de tudo nem sequer era o aspecto, pois já se tinha habituado a isso e os outros também nunca o tinham visto de outra forma. Não, o pior nem era olhar-se ao espelho: o pior era quando olhava para dentro de si mesmo. Não valia nada, pronto! Era isso. Nunca tinha feito nada de que se pudesse realmente orgulhar; tinha as mãos vazias; nunca deixaria o nome na história ou marcas no mundo.
Não passava de um zero.
Mas, então, por que razão tinha consigo todos aqueles sonhos, aquele desejo de grandeza, a vontade de se lançar a tarefas gigantescas? Era um zero e sentia dentro de si uma enorme tendência para o infinito...
Ora, isto - pensava ele - não tinha lógica nenhuma. Era até contraditório. E filosofava: Via-se logo que os números tinham sido uma invenção dos homens. Por isso não batiam certo. Se tivessem sido obra de Deus, tudo teria sido diferente. Sendo assim, paciência...
Mas o Zero estava de longe de se resignar com a situação. Alguma coisa lá por dentro se recusava a aceitar pacificamente estas filosofias, ainda que elas servissem perfeitamente como justificação para a sua nulidade e para a vida preguiçosa que levava.
E, no fim de contas, talvez os algarismos não fossem uma invenção dos homens.
Muitas vezes dizia para si mesmo que não podia fugir à sua natureza, à incapacidade com que nascera. Sentindo-se incapaz do esforço de alcançar o infinito, que chamava por ele, repetia cinquenta vezes por dia que o infinito não existia. Para se convencer a si próprio. Para se poder entregar tranquilamente à doçura de uma vida sem montanhas para subir.
No entanto, aquela doçura acabava por o maçar. Tornava-se amarga: não na boca, mas num lugar qualquer que ele não sabia identificar com exactidão. Ora, aquilo doía-lhe. Era como se tomasse veneno.
O Zero sabia a solução, a resposta, a verdade, mas fugia de pensar nisso. Também lhe doía... O Zero sabia que o verdadeiro problema não era a preguiça nem a falta de capacidade. A questão importante era o orgulho.
Sucedia que o orgulho o levava a procurar sempre o primeiro lugar quando se juntava aos outros algarismos para fazerem alguma coisa em conjunto. Conseguia esse lugar porque era o mais forte de todos, mas os outros algarismos não achavam aquilo bem. E quando isso sucedia formava-se uma barreira, uma vírgula, entre ele e os outros. E, assim, com o Zero no primeiro lugar e a vírgula logo a seguir, aquilo que faziam não valia quase nada.
O Zero pressentia que, se aceitasse um dos últimos lugares, tudo seria diferente. Talvez então pudessem, em conjunto, aproximar-se do infinito e até tocar-lhe. Talvez assim se abrissem as portas a todos os sonhos que desde sempre trouxera consigo. Mas teria - assim pensava - de se curvar perante os outros, e baixar a cabeça era para ele uma impossibilidade...
Não vou acabar de contar a história do Zero. Não vou dizer como chegou a entender que para um zero o melhor lugar é o último. Nem como acabou por pedir desculpa aos outros. Nem como conseguiu depois - não sempre, mas muitas vezes - a glória de baixar a cabeça e se colocar no último posto.
É que estas transformações são sempre muito íntimas e dolorosas. Sou amigo do Zero - conheço-o muito bem - e não está certo que revele em público a sua intimidade.

Texto de Paulo Geraldo

terça-feira, novembro 21, 2006

felling cosy.....

Maria

Caro Luís,

A Maria desapareceu. Há duas semanas que não recebo um telefonema dela nem sequer uma mensagem. Tinha razão meu amigo.

Ela vai sair da tua vida com a mesma rapidez com que entrou. E tu não estás a fazer nada para não sofrer com isso Afonso!

Não quis saber das suas palavras naquele dia. Disse que não compreendia porque dizia isso. A Maria era absolutamente adorável.

A Maria é fatal Afonso. Ela vai sugar o que tu tens de melhor e quando acabar serás um trapo.

Saí do café sem querer ouvir mais. Penso que percebeu como o evitei nas semanas seguintes no golfe, no clube e nos jantares semanais da Carminho. Não conseguia deixar de pensar que me invejava a sorte de ter encontrado alguém como a Maria. Cheguei a imaginar que desejava Maria e que aquele seu discurso era para me fazer afastar dela. Agora, quando já é tarde demais, percebo que via o que os meus olhos cegos de paixão não distinguiam.

A Maria sempre foi muito misteriosa: nunca me deixou ir a casa dela, nem tão pouco um número de telefone fixo me deu - apenas falávamos por telemóvel. Ela dizia que não tinha telefone em casa e ficávamos sempre no meu apartamento: Porque tem uma vista tão linda para o mar, Afonso. Prefiro acordar e poder vê-lo. Para mim só importava acordar ao lado dela. Senti-la deitada ao meu lado, depois de uma noite misto de loucura, paixão e serenidade. Sim, eu sentia serenidade ao vê-la dormir (ela adormecia sempre primeiro e acordava sempre depois – como gentileza das minhas insónias via-a dormir).
Será possível confundir serenidade com frieza? A calma que ela transmitia era uma gélida indiferença perante quase tudo. Sim, agora percebo.

A Maria é fatal Afonso.

Sim, como o compreendo agora.
Mas como podia eu resistir à minha luz, ao meu norte, ao meu caminho? Acho que não mais encontrarei nada disso, Luís, meu caro. Só queria tê-la de volta. Não me importaria do preço a pagar. Toda a minha riqueza? Seria de quem me trouxesse Maria. As empresas, o apartamento com vista para o mar, a casa de campo, os cartões de crédito e os plafonds, e até as jóias de família. Renunciaria a tudo para ter Maria de novo nos meus braços.
Sinto-me perdido, amigo. Sei que estou.
Há dias o telefone tocava sem parar. Acho que continua a tocar, mas já não o ouço.

A minha irmã Rita passou cá.

Afonso tu tens responsabilidades. Esquece essa mulher maldita e volta à tua vida.

Mandei-a sair porta fora, mas não sem antes estalar o verniz entre nós, como o amigo costuma dizer em tom de brincadeira.

Quem és tu para me falar de responsabilidades? O pai sempre te deu tudo. E quem é que gere as empresas das quais recebes confortáveis dividendos todos os anos? Eu e o teu marido corno?
Oh Rita, não faças essa cara de senhora respeitável insultada na sua integridade. Toda a gente sabe que tens amantes!

Tu estás a abusar, Afonso. Eu vim aqui oferecer a minha ajuda. Não ser insultada. E tudo isto por causa dessa mulher vulgar!

Sai Rita. Ao menos eu assumo. Algo que tu nunca fizeste.

Já não ouvi a resposta. Expulsei-a daqui para fora. Fiz o mesmo com todos os outros que cá vieram. Não foram assim tantos.
Olho o mar, e penso nela. Ela era fatal, Luís. Mas entende que era precisamente isso que eu amava nela?

Rebelde e indomável foi a aproximação dela:

Desculpe mas o seu tabaco está a incomodar-me!
Minha senhora peço desculpa, mas estou na área do clube reservada a fumadores.
Sim, de facto. Mas esta é a melhor vista que se tem para os jardins. E não pretendo desfrutar dela com o seu tabaco a incomodar.


Foi impossível não me apaixonar por aquela morena de olhos esverdeados, lábios vermelhos (sim, já sei o cliché do pecado) e nariz empertigado. Lembro-me das pernas cruzadas dentro da saia preta, justa, até ao joelho. Deliciosamente tentadoras. O tempo todo que falei com ela só pensava naquelas pernas enroladas à volta do meu corpo. Horas mais tarde ela adivinharia esse meu desejo.

Maria onde estás? Para onde foste mostrar teus encantos? Sei que não voltas e que nunca mais te verei. Sei-o porque quando encontramos a minha última ex-namorada num dos jantares da Carminho tu disseste com desdém:

Não permito que ex’s fiquem na minha vida a puxar-me para o passado.

Mas a Ana não me puxa para o passado. Simplesmente fez parte da minha vida.


Afonso meu querido eu adoro-o, como sabe. Mas fique a saber que quando tudo terminar não mais me verá.

Gelei, mas a interrupção da Carminho não permitiu continuar. Nem Maria me deixou retomar aquele assunto mais tarde.

Luís, sabe porque não o ouvi?
Porque quando amamos, mais nada interessa que não o objecto da nossa obsessão. Sim, é isso meu caro estou obcecado por aquela mulher. O cheiro dela não sai da minha casa, da minha cama, da minha roupa nem tão pouco do meu corpo. Como é possível se a toquei pela última vez há duas semanas?

Sabe meu caro amigo, já nada interessa. Nem sequer me interessa saber que isto há-de passar.
Porque ninguém morre de amores! – Já dizia a minha saudosa mãe Dona Isabel.

Mas sabe meu amigo acho que me vou permitir ter uma excentricidade agora no final. Sempre tive tudo o que queria e sem pedir. Aliás, sem me esforçar, sequer. Agora apenas queria Maria. Não quero continuar sem ela. Não, nem que me diga que daqui a vinte anos estarei feliz com uma família. Esqueça... Prefiro acabar com essa lamentável imagem desde já antes que ela se comece a idealizar. Nestas últimas duas semanas apenas fui a um sítio: a casa de meu pai e directamente à estante da sala. Sim, meu caro é lá que meu pai tem a odiosa colecção de armas. Parece que finalmente lhe encontrei utilidade.
Curioso, como sabe aquele pedaço de sala sempre me fascinou. Seria o destino? Certamente que sim.

Caro Luís resta-me pedir-lhe perdão por toda a minha indelicadeza. O Luís sempre foi um amigo impecável. Desejo que tenha a vida que deseja. Peço-lhe perdão por ser o destinatário intencional desta última carta. Mas sabe, acho que ao longo da minha vida só você mesmo se importou comigo. O meu agradecimento!

Desculpe se tenho de me apressar, parece-me que já vejo Maria e que escuto a voz dela que me chama. Sabe, não resisto ao sussurrar dela!

Afonso, Afonso

Sim, ouço-a cada vez mais perto
Meu amigo afinal ela está por aí...
Até breve...

segunda-feira, novembro 20, 2006

Vogue

Uma paixão, uma mania, um consumo.
Vogue é o nome da revista. A revista que com apenas 13 anos já pedia à minha mãe para me comprar. Uns compravam a Bravo, outros a Super Pop e outras revistas ...
Eu comprava a Vogue. Nem todos os meses a comprava, porque a edição era ainda estrangeira e cada Vogue era caríssima! Ainda lá as tenho lá por casa, guardo-as como relíquias.
Quando começou a edição portuguesa, iniciei a colecção. Todos os meses, mais uma revista para a prateleira, devorada todinha por mim!!
E o que tem esta revista de especial? Para os outros se calhar nada, para mim muita coisa. Lá encontra-se de tudo: artigos de moda, artigos sobre coisas que não têm nada que ver com o mundo da moda, mas interessantes: arquitectura, design, agenda cultural, etc. Tem sobretudo, uma forte componente estética. Toda a revista é cuidadosamente pensada a nível gráfico, desde a Capa até à última página. É certo que quase 30% da revista é feita de páginas de publicidade, mas até dessas gosto. Em muitas encontro fotografias fantásticas, de pessoas, objectos ou paisagens. Depois há, claro, as roupas.
Gosto de roupa. Assumidamente. Gosto de peças bonitas, gosto de vestidos, gosto de écharpes, de trench-coats...de malas e de acessórios enfim! De uma infinitude de coisas que compõem as peças de vestuário da mulher. Gosto de ver aquela montra em forma de revista. Faz-me bem, faz-me viajar elegantemente vestida ...faz-me sorrir.
De algumas viagens que fiz trouxe comigo uma Vogue de recordação. Quando não sou eu a viajar peço para me trazerem uma. Todas elas são especiais, gosto de as rever de vez em quando. É uma mania, um gosto que tenho...
Desta vez, não pedi a revista. Mas quem me conhece bem, soube arrancar de mim um enorme sorriso. Apesar dos Kilos a mais na bagagem, ela lá veio directamente de Londres, para mim. Uma Edição especial dos 90 anos da revista. Um calhamaço que devorei satisfeita da vida este Domingo!!
Adorei a capa, por isso aqui vai ela.

Dois beijos de obrigada por se terem lembrado deste mimo. Adorei.

Sonho

E um dia ninguém mais sonhou.

Este poderia ser o início de uma nova saga ao estilo do Saggie (o nome carinhoso com o qual rebaptizei Saramago depois de anos zangada com ele).
Os sonhos são algo de imprevisível e de fantástico.
Nunca sabemos de antemão o que vamos sonhar e por vezes, o sonho ultrapassa tudo aquilo que pensamos ser os limites da nossa imaginação.
E mais, os sonhos têm a fabulosa capacidade de nos tornarem o dia miserável ou verdadeiramente excepcional, dependendo se consideramos o sonho que tivemos algo de bom ou um verdadeiro pesadelo que, só de nos lembrarmos dele, nos deixa verdadeiramente mal dispostos.
Já me aconteceu deitar-me e tentar condicionar o meu sonho, tentando pensar muito sobre algo ou alguém, na expectativa de que durante o sono, a minha imaginação teça alguma história acerca disso. Claro que isso só acontece com coisas, acontecimentos agradáveis...
Um sonho recorrente que tenho é um em que estou a voar. Não tenho asas, apenas voo. Pairo sobre o céu e acontece-me andar por aí a pairar perto dos prédios...vejo dentro deles pessoas que conheço... Terei talvez um lado voyerista mas que sonho muitas vezes isto, sonho.
Depois há aquele sonho que quando acontece é muito engraçado: sonho que estou a cair e que nesse instante, desperto e a sensação é a de que acabo de aterrar abruptamente no colchão! É uma sensação muito estranha!
Tudo isto para dizer que, pela primeira vez (pelo menos que me recorde) sonhei com este blog.
Parece completamente de sentido, e de facto, é. Mas os sonhos não têm que ter significado (pelo menos não para mim) e o blog foi o tema central deste sonho. Nele acedia ao blog e de repente via que havia uma lista enorme de novos contribuidores com nomes que, apesar de muito estranhos e diferentes, já não lembro. E havia muitos novos posts também. No sonho procurava identificar aquelas pessoas, mas não conseguia chegar até lá apenas pelos nomes...
Apenas me lembro que acedia ao blog através de um computador da minha Escola Secundária! (depois é isto: o sonho é completamente uma máquina misturadora desta e daquela vivência...)
E lá estava eu no sonho: verdadeiramente intrigada com aquelas novas pessoas...

E foi isto, nada de especial, mas fica o registo do sonho com o Bacalhau com Natas.

quinta-feira, novembro 16, 2006

Golden Opportunity

João é engenheiro civil. Tem cerca de trinta anos, anda lá perto. Nasceu, cresceu, formou-se enquanto pessoa a profissional na cidade do Porto. Bem nascido, nunca pensou muito em bens materiais, porque estiveram sempre presentes. só sentimos falta de algo quando não a temos e é bem verdade.
Foi isso que sentiu quando perdeu Joana, a sua companheira de sempre, há cerca de 3 anos e meio. Da mesma idade, conheceram-se através de amigos em comum. Joana formou-se em gestão de empresas numa conceituada Universidade também ela no Porto. No último ano da licenciatura partiu em Erasmus para Espanha; instalou-se na capital madrilena e lá ficou por doze meses. Partiu com o coração nas mãos, deixava João para trás no aeroporto, entre lágrimas e abraços já cheios de saudade e de expectativa sobre o futuro, sobre a relação.
Em doze meses, a vida pode dar um looping ...um salto triplo mortal e desarranjar-nos por completo os planos, ainda que esses planos se julgassem ser de pedra e cal. Vai-se a ver e os planos não nos pertencem. Apenas os sonhos nos pertencem e pode ser que esses coincidam com os planos que a vida tem para nós. Pode ser...
Em Madrid, Joana foi infeliz. Saudosa, não se adaptou às pessoas nem ao ambiente citadino. Muito menos à língua. Invadida por pensamentos de tristeza e de algum fatalismo, foi-se afundando num fosso em que a comida parecia ser o único conforto. Comia porque se sentia triste. Comia para esquecer, comia para recordar e comia para tentar enganar o tempo que parecia estagnado. Toda ela estava estagnada. Apenas se movia para os estudos, para o que a levara lá. Afastou-se de João, porque se sentia feia, porque não mais acreditava em si, nas suas qualidades, nas suas capacidades. Ficou evasiva aos telefonemas, às visitas.
João não compreendia o que se passava e a distância ia gerando mal entendidos. O pedido de socorro de Joana chegava distorcido a João e ele julgava que Joana deixara de o amar. Ainda chegou a ir lá visitá-la mas Joana foi (ainda que a muito custo) fria, distante. Achava que João havia de se afastar dela, que o melhor era assim, que ela só lhe ia fazer mal, que lhe ia dar somente tristeza, pois toda ela era tristeza, desilusão, fraqueza.
Até que o tempo afinal ditou o regresso de Joana. As mudanças nem haviam sido muitas. Fisicamente Joana estava um pouco mudada, maus hábitos alimentares – pensaram. Interiormente vinha um caco e isso não foi dúvida para ninguém. Joana chorava compulsivamente à mesa, no quarto, na sala, na rua, no carro. Libertava o que conteve sozinha durante 12 meses. Chorava de saudades de João, chorava de remorsos porque agora apercebia-se que ao invés de o ter afastado o devia ter chamado para junto de si, que a união faz a força e que a solidão nos corrói, nos deixa fracos.
João foi-se aproximando aos poucos. Um a dois telefonemas por semana, uma visita de quinze em quinze dias, um café, depois outro café, uma visita demorada lá a casa, um jantar e a reconciliação. O abraço forte e apaixonado aconteceu. Joana recuperara finalmente a auto-estima, a vontade e a alegria de outrora.
Encarou o mercado de trabalho com garra, determinação e logo conseguiu uma oportunidade numa firma conceituada. João estava também a dar os primeiros mas sólidos passos na sua área.
Quase meio ano depois aconteceu a notícia, a boa nova invadiu de alegria os pais, os familiares, os amigos: iam casar.
A cerimónia foi lindíssima. Com mais de 300 pessoas reunidas, com um fogo de artificio que tornou a noite em dia, como um conto de fadas - um dia inesquecível.
Se ao menos um dia todos pudessem ter uma porção de felicidade como a deles, não havia tristeza que sobrevivesse num único ser humano.
E assim se inicia a vida a dois, com horas para levantar, com horas para ir trabalhar. Mas as horas sabem melhor, passam melhor. Vamos trabalhar mas não vamos sós. Regressamos a casa cheios de energia, porque é lá que nos esperam, é lá que esperamos. É lá que acontecem os abraços, que se trocam as palavras mais doces, que se dorme abraçado, que se acorda com o calor do corpo da pessoa que para nós é tudo nesta vida. É lá que se partilham as coisas que não dizemos a mais ninguém. Que sussurramos palavras. Que deitamos e enxugamos lágrimas. Que nos tornamos melhores pessoas. Porque o amor adoça-nos e devolve-nos o sentido do que é verdadeiramente importante nesta vida.

Foi lá, em casa, que surgiu a notícia: proposta de ida para Angola, para acompanhar 3 das maiores obras locais. Uma oportunidade de ouro. Um excelente pacote remuneratório, uma alavanca excepcional na carreira. Tempo: 3 anos.
Três anos. Trinta e seis meses. Mil e noventa e cinco dias. Vinte e seis mil e duzentas e oitenta horas.
Surge a dúvida. Não se consegue decidir algo que implica três anos da noite para o dia.
Iniciam os diálogos. Valerá a pena, e o meu trabalho?, e onde viveríamos?, e o nosso apartamento? vender? continuar a pagar?, e o país?, e as doenças?, e se algo corre mal?, e eu encontrar lá emprego?, e vais mesmo ganhar isso tudo?, e o custo de vida?...
Nem todas as perguntas têm resposta. Algumas destas respostas seriam meras suposições, outras ficariam por responder. Mais uma vez, estavam ao sabor do tempo, só a passagem deste ia deslizando a cortina e desvendado respostas através de acontecimentos.

Mais um salto no tempo. João está numa obra gigantesca, coordena um projecto e uma enorme equipa de trabalhadores. Anda numa azáfama diária imparável, extremamente exigente. Mas está muito entusiasmado com tudo. Gosta imenso do que faz. Sabe que quando regressar a qualidade de vida irá aumentar exponencialmente. Mesmo que isso não aconteça (o que é pouco provável) está a viver uma fase de aprendizagem profunda. A adaptação foi relativamente fácil. Não é o único português.
E Joana?
Ah, Joana está uns kilómetros mais além, está na praia com um grupo de jovens esposas que também resolveram arriscar com os seus maridos e agarrar uma oportunidade que o acaso
lhes atirou ...O resto do dia, cuida de crianças num infantário.
Estão felizes, sabem que a união faz a força, e que a força que os move é o Amor que sentem um pelo outro.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Um poema à serenidade...uma sereia serena...


UM POEMA

Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar,
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...

Miguel Torga, Diário XIII

'A pequena sereia' em Copenhaga...
"Não queira acrescentar dias à sua vida, mas vida aos seus dias."



Harry Benjamin

segunda-feira, novembro 13, 2006

Que destino?


A Marta Raquel foi para Barcelona.

A Maria, a Ju, a Little Princess e a Sãozinha foram até Londres.

E nós permanecemos cá, na mesma rotina e azáfama do dia-a-dia.

Afinal se pudessemos viajar, NESTE MOMENTO, que destino escolheríamos? com quem partiriamos? por quanto tempo?

Pois bem dei asas a minha imaginação, fechei os olhos e tentei concentrar-me no que queria. Pensei, pensei e voltei a pensar e na minha cabeça passavam imagens (só vistas em fotos de revistas ou imagens de televisão) de vários locais.

Ou seja uma verdadeira indecisão.

Voltei a pensar e repensar e comecei a iliminar alguns locais porque nesta altura apetecia-me ir para um lugar frio, viver esta época natalícia, numa outra cultura. É óbvio que pensei em Londres, mas... queria algo novo ( não ia ter piada, se depois deste discurso todo disse-se que queria ir até Londres).

Pensei nos casaquinhos quentes, que ainda não vesti, nos cachecois enrolados no pescoço e até que consegui pensra apenas num País: ITÀLIA. A cidade? talvez Florença!! Roma!! Veneza!!

Lembrei-me das imagens que tenho guardadas, no baú que é a nossa memória, dos relatos detalhados da minha mãe sempre que lá vinha, com imensos presentes, porque regressava quase sempre em vésperas do meu aniversário.

Como me consegui ver a caminhar nas ruas que não conheço, decisão tomada.

Comunico-vos então que parti para Itália, rumo inicialmente a Florença. Como decidi ficar lá até a passagem de ano, vou visitar não só Florença, mas Roma, Veneza, Milão e o que mais a minha imaginação deixar. Vou sozinha. Vou finalmente provar as verdadeiras pastas, percorrer aquelas ruas de bicicleta, tentando não cair, andar de gondola, ver o Papa...

Regresso brevemente, com imensas novidades, fotos e histórias para contar.
E vocês? Vão continuar aí?

sábado, novembro 11, 2006

To me from you......



My sweet princess lily,

Straight from London City after a lonely morning walk trough Brick Lane i sent to you 100000000 kisses.
You gave me the second smile of this morning. First one was a present of this marvellous city!
I really love you.

sexta-feira, novembro 10, 2006

A Desertora / Desert Uoman

- Olá!
(nada)
- Hello!!!
(nada, --------------)
- Cucu?? Truz-truz. Trim, trim...
(nada vezes nada, elevado ao infinito)

Hoje não apareceste no messenger. Ainda esperei até às 10h00, podia ser que estivesses atrasada ou que finalmente tivesses tido a coragem para mandar o trabalho às urtigas e decidido que esta sexta estarias em greve, solidária com a função pública.
Lá pelas 10h30 lá apareceste tu a enviar-me uma mensagem escrita:

Olá, vim a Londres passear um pouco, ver as montras e espairecer.
Desculpa não ter dito antes nada, mas só hoje de manhã é que decidi que em vez de ir no sentido da Maia, o desvio seria para Francisco Sá Carneiro com paragem final em Stanstead, UK. Bjs Mts


Hum, pensei eu, foi para Londres, a jeitosa. Aposto que ia tão esbaforida que nem sequer fez o Euromilhões. E pronto, encarei a situação de frente e resolvi sobreviver da melhor maneira.
Ainda de manhã, entrevistei um candidato a comercial. E, por incrível, que pareça até consegui encontrar uma pessoa pela frente com quem deu algum alento conversar. Geralmente encontro indivíduos que não sabem sequer muito bem como se chamam quanto mais o porquê de estarem sentados a responder às minhas perguntas. Desconfio que se pelo meio da entrevista eu perguntasse algo como: prefere boxers ou slips?, eles responderiam com a mesma lentidão e sofreguidão de uma lesma: Ah, boa pergunta. Depende...Cá estamos, tenho mesmo que vir trabalhar 8 horas dia?

Sexta feira é dia de caldo verde ao almoço. Menina, com ou sem chouriça?
Claro que é com chouriça, eu sou mulher de bom sustento! È uma barulheira infernal de pratos, copos, e zumbidos de vozes que se sobrepõem a fazer pedidos disto e daquilo!!! Cumprida a missão de me alimentar, pago e saio o mais rapidamente possível e decido ir apanhar o Sol de Outono que para minha alegria impera sobre as poucas nuvens.
Enquanto caminho penso novamente na foragida. Onde estará? A esta hora está já a ouvir pessoas em redor a falarem inglês... Hello, how do you do??
Deve estar bem melhor do que eu, penso, a passear. Olho para o relógio e penso que melhor é apressar passo e ir tomar o meu carioca de limão.
Entro num outro café já na rua onde trabalho. A rua mais inacreditável e surreal que conheço. Não entro em pormenores, mas é uma rua onde os transeuntes estão, não raras as vezes, vestidos de pijama e robe enquanto passeiam os seus pulguentos caniches de estimação que se entretêm a presentear os passeios com pequenas mas perigosas armadilhas mal-cheirosas. E mais não digo que não é preciso.
Duas da tarde e continuo molenga. Este dia é de uma dualidade incrível: ora tenho energia, ora lentifico.
Os pensamentos baralham-se: Deixa lá estás quase a ir de fim de semana! ou então, Ainda falta fazeres isto e aquilo e aturares este e aquele (e mais aquele ainda!!) para entrares de fim de semana, faltam ainda 4 horas e meia...
Acho no fundo, que é a história do diabinho e do anjinho cada um a buzinar-me ao ouvido.
Quero que ambos se calem e por isso, coloco musiquinha ambiente aqui no meu estaminé.

Ok, já vi que hoje não vais mesmo aparecer.
Até amanhã.

Bjs Mtos

quinta-feira, novembro 09, 2006



"Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços,
coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva
incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!"


Pablo Neruda



P.S. Encontrei este texto num blog perdido no tempo.
Gostei, copiei e resolvi partilhar convosco.
É nostalgico, concordo, mas digam lá que não tem muitas verdades escritas.
"They can because they think they can"


Virginia Woolf



Uma vez que estamos em marés de pensamentos, questões, desejos, mudanças, decisões, deixo-vos mais um....
Só por isso!!!!

When a man is tired of London, he is tired of life



Deixo-vos esta citação do Senhor Samuel Johnson....

Entretanto vou até essa terra de que ele fala. Vou lá num pulo... a ver se o que ele diz é verdade!

Deixo-vos uma foto que tirei o ano passado na minha primeira visita a London city. Foi tirada com a minha velhinha máquina fotográfica. Daquelas de rolo e em que só se vê a foto depois de a ir revelar à loja. Foi uma agradável surpresa quando uns meses depois de já cá estar revelei o rolo e vi este postal!

Fiquem bem meus queridos e até....

Beijos da Maria, da Ju, Little Princess e das outras.. vamos todos!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Descontrução...


As mulheres jogam invariavelmente à defesa para forçarem o prolongamento.
No prolongamento há morte súbita.

Encontrei esta «pérola» num blog... obviamente escrito por um apreciador de futebol...

Será que é assim?

Hum...

Hey JU, performed by Beetle


Hey Ju, this one goes for You, do grande grupo Beetle!!


Hey JU, don't leves a mal
Pega láaaa esta canção.
Remember de trazer lembrancinhas,
Para nós, as amiguinhas.

Hey Ju não tenhas medo
Tu tás bem entregue à Ryan Air
The minute que levantares voo,
Then you begin a respirares ‘bettair’

And anytime you feel saudades nossas, hey Jude, refrain,
Don't carry the world upon your shoulders.
For well you know that it's a fool who plays it cool
By making his world a little colder.

Hey JU, when you estiveres in Londres
You have found her, now go and get her!
Remember to let her into your heart,
E aí podes ser uma ganda tola!!

So let it out and let it in, hey JU, begin,
Tens uma data de compras de gifts pra fazer!
E já sabes que a nossa listinha modesta, hey Jude,
É pra cumprir all by the book!!!

Hey Jude, não sejas forreta!
Pega nas libras and investe em compras.
Remember aqui das amiguinhas,
Then you'll begin to feel it
Better better better better better better, oh. ..

Na na na, na na na na, na na na, hey JU...

terça-feira, novembro 07, 2006

Bacalhau com Natas

Renuncio a Ser Adulto

Por este meio renuncio a ser adulto. Decidi aceitar a responsabilidade de ter 6 anos outra vez.

Quero ir a um MacDonalds e pensar que é um restaurante de 5 estelas;
Quero fazer navegar barquinhos de papel num tanque;
Quero fazer ondas atirando pedras à água para poder valorizar o simples outra vez;
Quero pensar que os doces e os amigos são melhores do que o dinheiro;
Quero tomar banhos muito demorados e dormir 10 horas todas as noites;
Quero abraçar os meus pais e enxaguar as minhas lágrimas nos ombros deles;
Quero regressar aos tempos em que a vida era simples, quando tudo o que sabia eram cores, tabuadas e contos de fadas, e isso não me chateava, porque não sabia o que não sabia e não me preocupava por não saber. Quando pensava que o pior que me podia acontecer era que alguém me tirasse a bola ou me escolhesse em último lugar para ser companheiro de equipa.

Quero voltar aos meus 6 anos para pensar que o mundo é justo. Que tudo e todas as pessoas são honestas e boas, que não há invejas, quero pensar que tudo é possível.

Mas em algum momento da minha juventude amadureci e aprendi demasiado. Aprendi como as pessoas não sabem querer nem amar, como nos destruímos entre nós, como a inveja nos rodeia e nos faz desejar o mal. Amadureci, contaminei-me, e aprendi sobre mentiras, sofrimentos, doenças, guerras, dor e morte. Aprendi como o dinheiro domina as nossas vidas, como já não importa o sentir, mas sim o conseguir...e cada vez mais.

Mas eu renuncio! Quero viver de forma simples novamente. Não quero que os meus dias sejam de jornadas intermináveis de trabalho, de materialismo, de notícias deprimentes, de invejas, de intrigas, de doenças e de perda de seres queridos.

Quero acreditar no poder do sorriso, do abraço, do apertar de mãos, no poder da palavra doce, da verdade, da paz, do super herói de banda desenhada e da imaginação.

Admiro a doce loucura das crianças e detesto a mentira da prudência dos adultos.

Quero voltar aos meus 6 anos. Quero deixar viver mais essa criança que todos levamos dentro, para valorizar o bom e o simples que nos rodeia e que os adultos deixaram de apreciar.


(Estas palavras vão dedicadas a todos vocês que não se esqueceram de saltar numa poça de água sem se importarem de molhar os sapatos e para todos os que não se esqueceram que com uma pastilha ou um rebuçado éramos felizes.)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Tenham um bom (novo) dia........

Hoje foi um dia estranho – pensou a Little Princess.

Hoje as árvores eram as mesmas, tão despidas das folhas castanhas como ontem e tão belas como sempre. Os ruídos eram os sons que invadem o nosso mundo todos os dias às mesmas horas. Os rostos também eram os mesmos. As palavras repetiam-se, iguais a ontem eram as mesmas de amanhã.
Porém, hoje as árvores estavam grotescamente belas. Os ruídos agudos feriam-lhe os ouvidos. Os rostos deprimiam-na. As palavras pareciam desprovidas do tom habitual.

No silêncio do seu baloiço, a Little Princess abriu a sua maravilhosa caixa de música e deixou sair em liberdade os sons da dedicação e da paixão. Embalada pela doce melodia percebeu: hoje o percurso feito pela manhã tinha sido um pouco diferente, e isso tinha baralhado os mil sorrisos que a acompanham dia após dia.

Foi isso, perderam-se naquele mar de gente, no corre-corre matinal.

E nesse instante um sorriso especial encontrou a princesa…..

Talvez tenha vindo guiado pela melodia da caixa de música…

De repente a linda princesa percebeu que amanhã é um dia novo.
Diferente do de hoje.
E os sorrisos são fortes.
Irão encontrá-la…..

domingo, novembro 05, 2006

Um texto levemente (ou bastante até) aparvalhado…, olhem, Sei Lá!

Desfolho a revista do jornal de domingo e lá encontro notícia de um novo livro da dita senhora que, dizem uns, veio reanimar as vendas de livros em Portugal e, dizem outros, ressuscitar hábitos de leitura de uns tantos portugueses. Alguns atreveram-se a repescar termos associados a produtos alimentares para caracterizar o bizarro fenómeno que designaram por literatura light. Ora advogam estes que o elevado consumo súbito de livros escritos por esta senhora se deve ao facto de a sua escrita ser intrinsecamente leve, light, portanto. Assim o seria porque em primeiro lugar , tal como os produtos alimentares, estas histórias se encontram à venda em grandes superfícies. As suas histórias seriam pois - acrescento eu de forma humilde - mais apetecíveis uma vez que deixariam o leitor com menos peso de consciência de cada vez que devorassem um livro, dado que este seria menos calórico do que um ensaio de Saramago, uns versos de Pessoa, ou até um romance de Sousa Tavares.
Numa altura em que as taxas de obesidade começam a ser alarmantes no nosso país e em que proliferam campanhas que visam promover a adopção de hábitos de vida mais saudáveis é pois mais do que natural consequência que uma literatura que possa ser consumida de forma menos pecaminosa por parte do leitor, constitua uma desenfreada corrida às prateleiras do supermercado antes que tal miraculoso lenitivo esgote!!
Observando estes livros, encontramos de facto diversos atractivos que inegavelmente os tornam quase que objectos de pura gula para os potenciais transeuntes do supermercado e grandes superfícies. Ouçamos um relato:

- Ora eu no outro dia, ia descansadinha da vida com o meu carrinho cheio de coisas saudáveis como iogurtes 0% de gordura, carnes brancas, leite de soja, e etc e tal, quando entro, inadvertidamente no corredor da ficção que fica mesmo ao lado dos farináceos. De repente, sou violentamente atraída por aquela prateleira cheia de cor. Um amarelo forte, a evocar a luz solar, reluzia por toda aquela extensão! Aproximei-me fascinada e, no meio de pessoas estarrecidas como eu, lá consegui alcançar um dos exemplares. Agarrei-o como se fosse o Santo Graal. As letras eram lindas, com um azul vivo a evocar os oceanos cheios de corais… O título esse, era exótico, ao mesmo tempo, metafísico: «Sei Lá, Pá!». Tacteei o livro; as letras grandes em relevo, eram agradáveis ao toque. Todo ele era um livro bonito, daqueles que dá gosto ter por perto numa mesa de café ao lado do telemóvel Nokia última geração. Fechei, por uns momentos os olhos e pensei, enquanto apertava o livro contra o peito que aquele seria o livro ideal para o meu Verão devido à perfeita sintonia cromática! O mar azul a bater com as letras grossas e chamativas, e o imenso amarelo a condizer com toda a envolvente: o sol, o meu pareo, o bikini e, imagine-se, até a minha toalha!! Se não fosse uma praia de origem vulcânica, até com a areia batia!!
Despertei. Abri os olhos e não pensei mais: ‘É meu, gritei!’, extasiada.
Corri desenfreada para a caixa, deixando para trás meia lista de compras por fazer. Mas não interessava. Aquilo era tudo naquele momento. O preço…nem sei. Até isso é light, nem se nota no total do talão que vem misturado com as restantes compras. Mas que importa? É impagável a sensação de ter um livro destes.

Passado uma semana, reencontramos a mesma personagem. Ouçamos o relato, quando lhe perguntamos se gostou do que leu:

- Ah sim, adorei este livro. Logo quando li a primeira página na esplanada da praia, fui abordada por um rapaz giríssimo que, curiosamente, tinha o nome da personagem deste livro, Diogo Francisco Dinis Gonçalo Bernandes de Souza! Foi giríssimo,porque ele disse-me:
- Olá, a menina está a ler um livro fabuloso, deixe que lhe diga…Como se chama?
Ao que eu respondi completamente fora de mim com tanta beleza num metro e noventa:
- Sei Lá, Pá!


Mas depois, não sei que se passou que ele deixou de ser simpático e ficou furioso e foi embora…Talvez a sanduíche americana estivesse com a maionese estragada, não sei. Mas foi o máximo! E por isso desde esse dia que não largo este livro. Leio uma página por semana e o melhor é que perdi até peso! Ando muito bem, mesmo! O livro é giríssimo, fica-me a matar onde quer que eu esteja porque as cores da capa estão supé na moda e mais! Não sinto nenhuma dor de ombros ou de braço, porque é ultra-leve!! Nunca gostei tanto de ler como agora!!

Este é o relato que melhor espelha, julgamos nós, este fenómeno, esta massificação das vendas de livros desta senhora. Cores de capa baseadas nas tendências da estação, gramagem de papel inferior á dos livros da dita literatura ‘pesada’ e, acima de tudo, não engorda os neurónios evitando sinapses desnecessárias. E ainda por cima, como é light, é uma óptima luz de presença pois brilha no escuro!

Penso que este novo livro será um sucesso de vendas tal como os seus precedentes. Passado uns momentos, dou por mim a escrever este texto verdadeiramente estúpido, ligeiramente despropositado e inútil e penso na remota possibilidade de que talvez se lhe vestisse uma capa colorida garrida com a última fonte de design exclusivo, comigo na contracapa a exibir um penteado irrepreensível, pendurado numa prateleira de supermercado, ao lado das chicletes Adams de mentol com um título tão desconcertante como ‘Tá visto!’ ou ‘Alma de Avestruz’ ou até mesmo um ‘Artista de Paredes’ , eu pudesse ser tão fenomenal como a dita senhora.
Páro e só digo enquanto ponho término a este acesso de insanidade: será que vendia mesmo? Olhem, Sei Lá!!

sábado, novembro 04, 2006

Regressando ao barco…

A minha amiga São fez-me uma sugestão curiosa esta semana:
Maria, na 6.ª feira vou à Batô com um amigo. Não queres vir connosco?
Já esperando que eu desse a resposta do costume
Ó São, mas tu ‘tás louca? Á Bato? Poupa-me lá disso…… – insistiu e continuou ela num fôlego: É baratinho… só 6€! E é tão animado. Lembras-te como era fixe?
Lá tive que a interromper e disse muito convicta: São, eu alinho!
6.ª feira chegada lá fomos até Leça, essa terra tão… olhem nem sei o que dizer. Lá fomos…
Depois de mais uma vez ter confirmado que a São é péssima co-piloto, aterramos num tal de Bus para o café da praxe! Tantas horas se tem de fazer até entrar numa discoteca que a fome apertou e houve comes para todos os gostos, desde tostas mista (que boa que estava!!) até crepes de banana e canela (desta vez não foi de menta e chocolate … é que isso são outras histórias)…
Finalmente, lá rumamos na viatura que nem minha é mas que a São já intitula como sendo nossa (mas que raios de confianças são estas??) para a dita Batô!
A caminho interroguei-me: Mas onde vou estacionar?
È que no tempo em que eu era habitué daquele estamine, não tinha carta ainda, nem tão pouco carro. Tinha motorista……mas a isso já lá vamos…
Seguiram-se as peripécias para estacionar…. E olhem que houve algumas, com arrumador personalizado à mistura e tudo!!
Mas lá entramos.
O pagamento é feito à entrada e em troca recebe-se dois papelinhos que se podem trocar por… Suspense? Cola, sumo ou cerveja!! Um must!!
Mal entramos no barco a nostalgia invadiu-nos.
Num instante o ano de 1998 voltou à minha memória e passou um filme inocente e delicioso: as festas de aniversário e nós a chegarmos à Batô de bolo na mão; os parabéns cantados entre o refrão da última novidade grunge; o colar de missangas da São que rebentou na pista às 3h30 da manhã e o consequente espectáculo de pin-up girls de rabo no ar à procura de missangas (sim, missangas!) numa discoteca; as saídas à noite com os primeiros namorados; e mais muito muito mais!!!!
É nesta altura que saliento que esta não é uma discoteca qualquer! Foi a primeira: o nosso grito de emancipação colectivo! Uauuuuuu Vamos sair à noite. Onde? Batô, claro!
Todas as desculpas serviam.. nem que fosse uma prima da colega da São que faz anos e vamos todos!! Hihihihi O pai da São lá arranjava forma de meter 5, 6, 7 e até 8 pessoas no carro dele .. e lá íamos! Chegou a levar o pessoal por turnos!! Giro era ao final da noite (naquela altura isso acontecia às 4h da matina!) o Sr. Porteiro nos dizer… Ah já ia chamar as meninas, porque o paizinho chegou! Era o pai da São. Aqui deixo a minha homenagem a esse Sr. que nos ajudou a dar o grito de emancipação!
Voltando à experiência de 6.ªfeira, e mais de 8 anos passados sobre a primeira ida à Batô, mal entramos ouvimos logo as músicas e as bandas da nossa adolescência. Tal fez-nos ir quase a correr para o centro da pista, de onde saímos apenas quando o cansaço já não permitia continuar porque nem a cabeça conseguíamos abanar!
ADOREI regressar aos tempos de teenager! Nem que tenha sido por umas horas! Valeu a pena…. Ver a São aos pulos e eu toda pipi, pipi demais para aquele contexto! (com a indumentária errada, como muitas vezes acontece!! Hihihi).
Mas sorrimos tanto naquela noite e dançamos de novo Smashing Pumpkins, Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Zen, Marilyn Manson, Lemonheads, ……

Balanço da noite: foi boa a viagem de barco. Foi mesmo muito boa!


Notas pós-crónica de 6.º feira à noite:

Primeira Nota - No Sábado não resisti a procurar dois dos meus cd’s mais ouvidos na década de 90 e lá voltei a pô-los a tocar: Unplugged in New York dos Nirvana e Mellon Collie and the Infinite Sadness dos Smasshing Pumpkins (álbuns originais do tempo pré download e em que para ter cd’s novos esperávamos pelo Natal ou pelo aniversário!!! FABULOSO!!!)

Segunda Nota - Espreitam lá: http://www.discoteca-obato.com/

sexta-feira, novembro 03, 2006

Setembro

O texto que segue deve ser consumido com alguma moderação. É sombrio e muito existencialista! Não pretende desanimar nem tão pouco abater estados de espírito... mas sim ser uma luz de esperança!!!

Hoje é dia 13 de Setembro de 2006.
Estou em frente ao espelho do quarto de banho.
Fico surpreendida com o meu reflexo: uma mulher de 30 anos, com as primeiras rugas a se anunciarem; olheiras profundas provocadas pelas insónias que sempre me acompanharam mas que são em cada noite mais constantes; cabelos ruivos compridos e desalinhados (afinal estou a sair da cama) e olhos castanhos ligeiramente esverdeados (mais cansados que nunca)!

Sinto-me presa a este momento e a este espaço!

Sei como vai correr o resto do dia: vou lavar a cara; tomar banho; escolher um tailleur; engolir um copo de leite; sair de casa a correr; apanhar o metro; chegar ao escritório e tomar o primeiro de muitos cafés; embrenhar-me nos mil dossiês que tenho na secretária; depois uma salada ou uma sopa ao almoço em frente ao computador; mais um café; segue-se uma tarde aborrecida de trabalho; finalmente sair às 20h; apanhar o metro para casa; passar no supermercado; tomar outro banho; jantar algo rápido; ver um pouco de televisão; ler e aguardar a noite de insónias!
Tenho vontade de acabar com tudo isto! Não tenho coragem.... Sempre fui cobarde. Tirei o curso que os meus pais queriam, e não o que poderia eventualmente fazer-me feliz! Queria ser artista, perder-me entre cores, formas, nuvens de fumo e balões de ideias! Mas nem as orelhas os meus pais me deixaram furar quanto mais ter um piercing, usar uma carteira de fazenda laranja a tiracolo e ser artista!
Sou técnica superior. Do quê? Nem eu sei... Faço o mesmo todos os dias: colocam-me os dossiês na secretária e são todos iguais uns aos outros. Eu ligo o computador, abro o ficheiro de Excel, introduzo os dados, obtenho taxas e rácios e escrevo um relatório chapa 5 que depois envio para o departamento comercial! Todos os dias o mesmo! Já não me lembro da última vez que obtive um resultado minimamente surpreendente!

O meu primeiro chefe dizia. “Menina Marta, as surpresas só nos complicam a vida! Não há nada como começar um trabalhinho e não surgirem percalços que nos perturbem o plano!” Curiosas palavras deste Senhor, respeitável trabalhador do banco com 25 anos de casa e que numa segunda-feira de Março deixou de aparecer no trabalho! No dia seguinte o escândalo: tinha abandonado o lar, deixando para trás um casamento de 20 anos e 3 filhos adolescentes, para ir morar em Bilbau com um homem 15 anos mais novo! Se isto não é surpresa, não sei o que será um percalço!

De repente apercebo-me que deixei de viver há alguns anos! Ou melhor, eu acho mesmo que nunca vivi: frequentei sempre as escolas que os meus pais queriam; os amigos foram-me sempre impostos por alguém; e dentro desses grupos de convívio social nunca impus qualquer vontade discordante! Aceitei o fim de relações sem grande luta, da mesma forma que aceito derrotas antes de começar a jogar!

Sou fraca e acho melhor medir as pulsações: talvez esteja morta!
Uma vez vi um filme em que a personagem principal, que estava morta se recusava a acreditar nesse seu estado e insistia em continuar com as rotinas dela, importunando a vida de todos que tentavam esquecê-la para seguir as suas vidas!
De repente penso: “Poderei ter morrido durante a minha infância, sem me ter apercebido!?”.

Estou neste estado de hipnose quando toca o meu telefone: só pode ser a minha mãe!.... Não me consigo mexer para atender. Sei que a consequência será daqui a 5 minutos estar a ligar-me para o telemóvel a deixar mensagens histéricas: "Marta Raquel, estás bem? Porque não atendes à tua mãe?!”
Ocorre-me uma ideia infantil: e se a minha nova mensagem de telemóvel fosse: “Ligou para a Marta. De momento não posso atender! Ou fui fazer um novo piercing, uma outra tatuagem ou então fui abortar pela n-ésima vez do meu namorado desempregado e dependente de filmes pornográficos, cerveja e erva! Tentarei responder brevemente, o que é conforme a hipótese da minha impossibilidade de atender agora”.
Adorava ver a cara da minha mãe ao ouvir isto! Já estou a ver: "Luís Francisco acho que a sua filha anda metida nas drogas! Mande o António mudar as fechaduras!!! “ E o Luís Francisco, senhor meu pai, claro que chamaria logo o António e transmitiria a ordem da Senhora Dona Luísa para mudar todas as fechaduras da moradia!

O meu pai é um fraco, um pau mandado da Dona Luísa Gomes Sá. A minha mãe é filha única, muito desejada e tardiamente recebida no seio do lar dos meus avós Ana e Afonso. Eram o casal mais amoroso do mundo: tinham-se casado por amor e sofriam um desgosto diário por a minha avó Ana não conseguir engravidar. Uma manhã de Janeiro mudou a vida deles: a minha avó de 43 anos estava de esperanças. Mimaram aquela bebé rosada de cabelos claros e olhos escuros! Talvez esse excesso de mimo tenha tido um efeito perverso nela: sim, nunca me faltou conforto físico e material mas nunca tive mimos da minha mãe. Nem vontades satisfeitas. Lembro-me vagamente de o meu pai tentar dar-me algodão doce na feira de Verão da aldeia dos meus avós ou de querer oferecer um peluche do meu tamanho... mas a Luísa Gomes Sá cortou logo a ideia pela raiz!

Não me enganara há pouco: era ela ao telefone. O meu telemóvel tocava agora e aquele toque era inconfundível!

Olhei para o relógio do quarto de banho, o último vestígio do Henrique, o meu mais recente ex-namorado, neurótico que achava que o tempo um dia o poderia apanhar! Sentia por isso uma necessidade absurda de controlar o tempo! Disse-me ele no dia em que acabou o namoro comigo: "Acho-te um pouco estranha Marta e não penso que sejas mulher para mim!!" Nem reagi: não valia a pena! Mas agora pensava e se valesse a pena será que eu seria capaz de reagir! Não, claro que não!

No dia em que eu e o Miguel (aquele que achei seria o amor da minha vida!) acabamos a minha reacção mais violenta foi ir à farmácia aviar a receita de Valium! Estive 4 horas a contemplar a caixa de comprimidos e a garrafa de vinho tinto que comprei no supermercado ao voltar para casa da farmácia. Obviamente que não tive coragem! Não consegui responder ao Miguel quando num sussurro ele me disse “Marta e se viesses comigo para Tóquio? Eu acho que podíamos tentar..." O meu silêncio fê-lo sair porta fora sem dizer mais nada. Soube há uns meses que tem dois filhos gémeos de uma japonesa que conheceu na empresa para onde se mudou quando foi para Tóquio! Mas eu não podia ter ido com ele... Estava no Banco há apenas 3 meses. Tinha sido recomendada pelo melhor amigo do meu pai! Eu não podia dizer “Obrigado pela oportunidade, mas agora vou para o Japão com o meu namorado. Ah Do qual obviamente a minha mãe não gosta!”

Ás vezes pensava que só tinha conseguido “autorização” para viver sozinha porque tive de me mudar para a filial do Porto. Caso contrário continuaria a viver em Braga na casa dos Gomes Sá Veloso até ao fim dos meus dias!!!
Os meus pais compraram-me o apartamento, o que queria dizer que eu nunca fui escutada sobre se gostava ou não. “A menina tem de ver que nós somos mais velhos que você. Temos experiência de vida. Sabemos tomar melhores decisões.” Eu limitava – me a acenar positivamente. Claro que a minha mãe se certificou que eu ficava num prédio cheio de velhas coscuvilheiras que lhe ligavam a contar as horas a que eu chegava e as horas a que eu saía. Noite em que dormisse cá algum homem era um dia seguinte de telefonemas histéricos da mãe a ameaçar que me recambiava para Braga! Nunca o fez... mas não foi por oposição minha! Acha que era aí o finca pé do meu pai.

O telefone toca de novo. É desta que tomo uma atitude... saio do quarto de banho e vou directa a ele: arranco o fio sem hesitar! Este assunto já está resolvido!

E agora?
O que se segue?

Volto ao espelho…. Dispo o pijama… Observo-me. À excepção dos sinais de cansaço conservo uma beleza peculiar. Os cabelos ruivos dão-me vida e são a única rebeldia contra a instituição de padrões de beleza que a minha mãe me incutiu! Tenho uns olhos grandes e expressivos, e os tons esverdeados dão-me uma certa graça. Mas o meu ponto forte é o meu corpo. As curvas são muito equilibradas e tenho tudo no sítio certo. Nunca me apercebi antes, mas acho que os homens ficam desconcertados com o meu corpo.

Ligo a água do chuveiro e mete-mo debaixo daquela torrente de água muito quente! Em breves segundos tenho a pele cheia de manchas vermelhas. Começo a sentir o sangue a ferver em mim!!!

Fecho os olhos… e percebo que não consigo pensar…
Mas uma coisa é certa: eu hoje não vou ter um dia comum.

Desligo a água e enrolo a toalha….
Os cabelos escorrem imensa água que ensopa os tapetes da Luísa Gomes Sá. Não me interessa!

Chego ao meu quarto e fico a contemplar o roupeiro! Pego nos jeans – par único no meio de inúmeros fatos clássicos. Comprei-os no último ano da faculdade…. Experimento e vejo que ainda me servem!
Depois de um breve sorriso reflectivo, procuro um top… Escolho um preto, muito decotado com as alças traçadas nas costas! Foi a Vera que mo ofereceu há 3 anos. Nunca o usei… Parecia-me demasiado vulgar!!! Mas hoje não é um dia normal…
Agarro uma carteira, os óculos de sol e o telemóvel…. Desligo-o e volto a pousá-lo! Ficará no apartamento…. Não tenho paciência para ninguém. Hoje não… Porque hoje não será um dia normal….
Coloco os óculos e bato a porta…
Já fora do prédio faço parar um táxi!
"Para o aeroporto, por favor…"

A viagem é demorada. O Porto é caótico na hora de ponta… E as pessoas conduzem de forma senil: ninguém respeita prioridades nem tão pouco linhas contínuas! Parece que entram naquele emaranhado de carros e assumem uma personalidade de robots esquizofrénicos! O taxista que me conduz não é excepção. Pergunta-me se vou viajar ou buscar alguém!
Como a menina não traz mala consigo…”
“Caro amigo, respondo-lhe, hoje não, por favor!”
"Desculpe lá, menina…"


Milagrosamente o homem cala-se até chegarmos à Maia…
Dou-lhe 5 euros de gorjeta e saio sem lhe dar tempo de reagir.

Percorro rapidamente o hall do aeroporto e dirijo-me ao balcão da TAP:
Para onde sai o próximo avião para o qual ainda tem bilhetes?
“Barcelona. Sai daqui a 2h45m.”“Óptimo. Quero um bilhete.”
“Ida e volta?”
“Só ida, por favor.”

quarta-feira, novembro 01, 2006

Porque têm vertigens as joaninhas?

Ando a matutar esta ideia há já alguns dias. Finalmente, juntei coragem e alguma inspiração, respirei fundo e partindo de um exercício de reflexão escrevi, retalhei, baralhei, misturei e voltei a escrever.


Entrando no site da Wikipédia encontramos uma definição nada romântica do termo joaninha. Segundo os especialistas que construíram essa base de dados, joaninha é o nome popular de um insecto da família Coccinellidae.

E então, perguntarão vocês? O que é um coccinellidae?
Leio o resto da página e concluo que é necessária uma outra fonte.
Volto ao Google, e faço nova pesquisa.

Lá encontro a seguinte referência: As joaninhas fazem parte da ordem dos coleópteros (escaravelhos), a maior de todas as ordens de insectos, com mais de 300 mil espécies conhecidas. Nos climas mais temperados, há menos espécies, mas reproduzem-se em maior quantidade. Nos trópicos, passa-se o contrário: há mais espécies, mas menos indivíduos

Muito bom! Isto já está melhor!
E voar? É a dúvida que me assalta: será que elas voam?
Responde-me Carminho (consultora online de todos os temas de opinião e discussão): Maria, ela voa mas pouquinho porque o corpinho pesa!!! Faz apenas uma espécie de voo doméstico.

Fico a matutar!
Volto ao link anterior e descubro nova referência: Asas inferiores (para voar) ocultas por asas superiores, vermelhas com pintas.

Ora bem, se as miúdas têm asas porque não voam?
Bem, estarei a fazer confusão? Se calhar estou e a joaninha que eu conheço sofre de vertigens.
Segue-se um momento de diálogo interior e reflexão...

Concluo que a Joaninha em questão tem vertigens. Apesar de não perder uma oportunidade de desafiar essa condição em pequenos voos de teste (já andou no teleférico do Parque das Nações em Lisboa, no London Eye em Londres; viagens de avião também já experimentou; e até se meteu numa chamada Torre de muito metros de altura no Parque de diversões em Madrid).
Mas aquele voo... o tal, aquele que muda uma vida, ainda não o fez.

Alto: Mudança!!!! É isso…

Entro de novo na Wikipedia
Uma mudança ou transformação pressupõe uma alteração de um estado, modelo ou situação anterior, para um estado, modelo ou situação futuros, por razões inesperadas e incontroláveis, ou por razões planejadas e premeditadas.
Então, mudar é romper com o estabelecido, com a confortável e ilusória certeza de um amanhã previsível! É deixar para trás – sem receios, sem medos e sem hesitações – o que se tem por garantido!!

O que mudamos ao longo da vida?
Novo momento de reflexão…

Mudamos de turma e de escola – É inevitável. Se não fosse assim, a Maria ainda usava bata branca e frequentava a Escola Primária de Santegãos. A Dona Amélia, castiça e brava professora primária, é que era capaz de já lá não estar!
Mudamos de amigos – Esta é traiçoeira. A Maria nunca mudou de amigos! Perdeu no percurso algumas pessoas que podiam vir a ser amigos! Os amigos têm sido conservados e cultivados ano após ano, e aos de sempre juntado novos! Será Maria a excepção que confirma regra? Há sempre uma excepção que confirma a regra.
Mudamos de namorado! – Nem vou entrar por aqui!!!
Mudamos de penteado! - Grande trauma das mulheres: ficar com um penteado que não gostam ou que não as favoreça ou que não lhes seja confortável!!! Desde que perdi o medo de mudar de visual nas idas ao cabeleireiro que me tenho dado muito bem com as experiências! Mudei de penteado: já não uso repas, nem tão pouco aquela pala que se aguentava apenas às custas de quilos de laca; também já não sou o Joãozinho da Momi Aurora! (o que ela sofreu e o universo masculino ao meu redor!!)
Mudamos de cor preferida – Pensava que era impossível! Blue was my colour!! Eternal love! Descobri que a vida tem uma palete imensa de cores e tons!! Uso e abuso delas!
Mudamos de casa – E fazemo-lo quando vamos para a faculdade longe de casa, ou vamos trabalhar longe da casa dos pais ou o namorado nos propõe começar algo em comum ou casamos (a minha preferida!). A questão fundamental é que lá mudamos!

Mudar envolve, necessariamente, capacidade de compreensão e adopção de práticas que concretizem o desejo de transformação.

Esta nova definição agora chama a atenção para algo: desejo!
Sim, acho que cheguei ao cerne da questão.

O desejo pode ser uma tensão em direcção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação.

Então o voo da mudança ocorre na sequência de desejo e esse sentimento surge porque vemos um dado fim como sendo fonte de satisfação.

Então, se quem não está bem se muda… e se para melhor se muda sempre, qual é o medo da Joaninha!?

Trauma de infância? Ou de adolescência? Terá o período de hibernação – em que estes espécimes se amontoam para se protegerem do frio – projectado tal sensação de conforto que o medo do desconhecido paralisa as asinhas frágeis que teimam em querer bater?

Talvez… mas numa coisa eu acredito. Eu, Maria um dia estarei cá para vos contar como foi a experiência do voo da Joaninha.


Mitos e Lendas pós-reflexão:
I: A joaninha também é conhecida por boas-novas ou em brasileiro por vaquinha. Em inglês, chamam-se ladybirds, ladybugs, ladycows, e beetles of Our Lady devido à crença de que foram dedicadas à Virgem Maria.
II: As joaninhas dão sorte. (esta lenda é mesmo a minha preferida!!)
III: Quando se encontra uma joaninha existe o hábito popular de a segurar nos dedos e dizer “Joaninha Voa Voa vai ter com o teu pai que está em Lisboa...”, com o significado de levar boas novas. A versão inglesa diz: Joaninha vai-te embora / Tens a casa a arder/ E os teus filhos a morrer e refere-se à antiga prática de queimar as hastes do lúpulo após as colheitas, hastes essas que serviam de casa a milhões de joaninhas.


Citação pós – reflexão:
Só é possível transformar-se na medida em que já se é – Friedrich Novalis
(a essência está lá sempre, acrescento eu, Maria)

terça-feira, outubro 31, 2006

Face Lift

«Muda-te que Deus ajuda-te!», quem o diz é a sabedoria popular e eu concordo.

Esta é uma proposta de mudança de visual do Bacalhau.
As vozes opinativas devem portanto erguer-se e votar se esta mudança é para melhor ou para pior.
Sejam interventivos...


P.S. Para que isto não fiquem em 'aguas de bacalhau' decidimos (me, myself and I, portantos, 3 pessoas) que para a votação ser significativa e imperiosa, terão que existir pelo menos 4 comentários votantes. Eu votarei desta vez, usando só o I, para contar como uma).

Hallo & Ween

Era uma vez duas aboborinhas: a Hallo e a Ween.
A aboborinha Hallo era pequenina, redondinha, laranjinha. Por seu turno, a Ween era uma abóbora crescida e com um tom laranja mais carregado. Viviam num canteiro de um quintal e estavam a amadurecer.
A Hallo e a Ween eram as melhores amigas. Tão ligadas eram que parecia que uma adivinhava o que ia na cabeça da outra.
Até que um dia veio uma mulher malvada, pegou nas duas aboborinhas e zás! Cortou o talo que as ligava entre si.
- Hallo!!! – gritou Ween.
- Ween!!! – gritou por sua vez Hallo.
Cada uma ia debaixo dos braços da malvada mulher, de nariz com verrugas e de cabelos compridos grisalhos.
Já dentro de casa da mulher, as aboborinhas assustadas já não mais conseguiam adivinhar o que ia na cabecinha da outra. Estavam com medo.
Apareceu então uma criança. A velha da verruga deu-lhe uma tarefa.
Com um canivete a criança pegou em Ween e começou a fazer-lhe cortes. Retirou todas as sementes de Ween e quando terminou de lhe dar golpes, olhou para Ween e disse, com ar satisfeito: Já está!!
Completamente petrificada, Hallo não conseguia mais pensar. E num zás-trás a pobre teve o mesmo tratamento dado a Ween.
Depois disso, ainda não satisfeitos, veio a mulher malvada da verruga e do cabelo cinzento e pegou em Ween e Hallo.
Pegou em cada uma delas e colocou-as em cima do parapeito da janela da sala. Depois, acendeu duas velas, que colocou no interior de Ween e de Hallo. Quem passasse podia ver duas abóboras que tentavam criar a ilusão de cabeças sorridentes...
Pronto, já está! Agora vou aproveitar as sementes e fazer um doce de abóbora.- murmurou a malvada.

Quis dar um novo sentido à expressão "cabeça de abóbora". A vida tem destas coisas...

segunda-feira, outubro 30, 2006

Força da Natureza

(um texto para escutar com a musiquinha...)

Pensava eu que tudo estaria no fim e eis-me de volta ao início. A vida dá muitas voltas – assim mo dizem, mas eu não quero voltas nenhumas. Não preciso delas. Quero seguir em frente, romper com ontem, com anteontem, e até com todos os dias que evoquem laivos deste passado que me corroeu até não mais poder.
E agora estou neste impasse e odeio isto. Sinto raiva pela situação mais ainda por mim, pela minha incapacidade de avançar. Sou uma ave com medo das alturas, um pássaro com vertigens!
Levanto daqui a dias voo para lá, para a Terra prometida, para onde os meus sonhos mais secretos espreitam a cada esquina, onde me sinto mais em casa no meio da mais povoada praça do que no velho sofá da minha própria casa, o meu suposto lar.
Sinto orgulho de mim, das minhas conquistas aos olhos de muitos tão pequenas, ao meus olhos enormes. Só aos meus olhos interessa a análise. Na rua, no trabalho, ninguém escuta o barulho que vai na minha mente. As vozes que gritam ideias. Ideias que querem saltar para a vida, para a prática. O que me impede?
Toda eu sou barulho ultimamente. O silêncio que fui, esse já era. Foi. Alguns pensam, ingenuamente, que ainda sou noite escura, quando agora sou noite, dia, avassaladoramente luminosa e cheia de vozes, ecos, sons que se misturam, que gritam, que riem, que choram, que murmuram e que, por vezes, gemem...
Vou algumas vezes abaixo, é certo, mas logo me levanto. Ergo-me nas dificuldades com o peito cheio de vontade de conquistar mais e mais deste mundo, da vida!
Engulo o tempo antes que ele me engula a mim. Eu quero dominar o tempo, quero controlar o rumo. Quero e vou conseguir, é uma questão de tempo! E se esse tempo teimar em demorar, eu mesma vou tratar de me antecipar! Eu sou assim: determinada, arrojada!
Por vezes, carente, por vezes vou abaixo, mas nesses golpes torno-me mais forte ainda! Sinto-me invencível.
Poucos sabem no que me tornei. Aqueles que me conhecem nunca gostaram tanto de mim como agora - Eu nunca gostei tanto de mim como agora.
Apenas ainda não consigo voar para mais longe. Mas o apenas vai ceder, eu sei.
Sou como uma ave que aprendeu há pouco tempo a aguentar-se pelas próprias pernas. Já sou forte no passo, já caminho para onde quero, como quero e quando quero.
Sou egoísta e narcisista? Talvez, pensem de mim o que quiserem; apenas alguns conseguem decifrar o que sou. Sou um coração grande que pulsa por aqueles que o merecem ouvir pulsar. Sou o que sou e nada é por acaso. Eu estou aqui para uma grande batalha, para uma grande conquista.
Quando levantar asas e voar para lá longe, para Casa, lá adiante, a vida nunca mais dará voltas, a menos que eu queira e não me parece...

Partilho convosco o meu estado de espírito.......

Pózinhos de pirilimpimpim...


Conta-nos uma história; Uma história, essa é das difíceis acho que não iam gostar de nenhuma das que tenho para contar. Então, e porque dizes isso? Não têm príncipes nem princesas, nem fadas nem castelos,..., melhor não.
Oh vá lá; Não insistam ia ser pior para vocês e tirem essas carinhas de tristeza que me deixam triste também.
Não resisti ao pedido, à profundeza dos olhos de amêndoa e dos olhos com pingos esverdeados de azeitona.
Afinal tinha uma história com princesinhas e com fadas. Era uma vez...
Contei-lhes a história do nascimento de cada uma delas e de como esse acontecimento devolveu a magia à minha vida.

quarta-feira, outubro 25, 2006

O sexo dos anjos

E no meio do vento que teimava em levantar cabelos, casacos e virar guarda-chuvas, lá cheguei ao local da apresentação do estudo. O edifício, fantástico pela sua localização – mesmo em frente ao rio, era beijado pelas luzes da marginal do Douro, e rodeado de história, de vidas, vozes que vinham das janelas. Bela escolha de local, pensei.

Lá dentro, em contraste com o reboliço do vento que se vivia lá fora, tudo estava preparado para que o trabalho complexo de mais de um ano fosse apresentado de forma eficiente. Afinal, uma iniciativa destas deveria ser bem tratada, acarinhada. Tratava-se de um estudo, uma caracterização sócio-demográfica dos utentes de 3 centros sociais da zona histórica dessa cidade maravilha, o Porto, para além da caracterização dos agentes económicos que nela operavam. Assim, tudo estava a postos. Na mesa de oradores, o representante de duas das freguesias em destaque, os presidentes de junta destas, o coordenador no projecto e a responsável pelo estudo, a socióloga.
Na plateia era possível ver habitantes das freguesias, alguns (poucos, pouquíssimos) empresários, funcionários dos centros sociais, amigos, conhecidos. Os vidros batiam nos caixilhos, como se o vento gritasse lá fora “também quero entrar!”. Estava-se bem ali dentro.

Chegada a hora, foi iniciada a apresentação, com direito a discurso formal, carregado de intervenção social. E, a seu tempo, a socióloga lá começou a falar. Expôs os resultados do estudo de forma serena, profissional, com a sua voz ritmada e agradável. Percebemos que a zona história tem actores fascinantes, que as vidas não se cingem aos números, que as pessoas sabem o que querem e têm voz, se as deixarem falar.

Durante a apresentação, os que assistiam teciam pequenos comentários aos resultados que eram referidos, umas vezes com sorrisos, outras vezes com alguma angústia. Acontece que lá pelo meio, uma voz, algures atrás de mim, começava a fazer-se ouvir cada vez mais. Algo se passava. Alguém estava descontente… Mas a socióloga continuava a sua apresentação, referia as diferenças entre as freguesias em termos de distribuição etária, distribuição de géneros, escolaridade, necessidades referidas, apontava os pontos mais interessantes. E a voz atrás de mim elevava-se cada vez mais…
Culminou esta exaltação anónima exactamente quando os resultados foram todos apresentados e se pretendia iniciar a discussão dos mesmos com a plateia. Um senhor tratou então de interromper o coordenador nos seus comentários reclamando de forma exuberante: “Estou como braço no ar há muito tempo, senhor! Quero falar! Vocês dizem aí essas coisas e depois não nos deixam falar!”. Os olhares, inicialmente tímidos depois evidentes, começaram a vaguear pela sala… e depois lá o vimos. Estava nervoso. Agitado. Parecia zangado. E não adiantou de muito na mesa de oradores tentarem explicar que iria ter espaço para expor as suas dúvidas já a seguir. O agitador de consciências estava mesmo aborrecido traduzindo a sua exaltação com gestos amplos, também devido ao efeito do álcool, a voz cada vez mais alta – “Vamos ter chatices! Isto vai dar que faltar, vai…! A menina pensa que pode vir para aqui, dizer o que disse, e depois ficar tudo bem?! Isto vai dar chatices, vai…”.

Nesta altura, a socióloga lançava olhares interrogativos para as pessoas na mesa e para as suas “âncoras” na plateia. Que raio se estaria a passar? E lá tentou demonstrar que estava disposta a esclarecer a dúvida que causava tanta agitação deste senhor. Por mim, pensei que, de certeza, o senhor estava zangado com o facto de se ter referido que as pessoas interpeladas no estudo tinham maioritariamente escolaridade baixa e pouca qualificação profissional. Era natural esta indignação, não se deveria tomar o todo pelas partes. E tratei de acenar em sinal de compreensão para com a socióloga, como que a dizer “tem calma, o homem está zangado com a vida”.

E eis senão quando o homem decide levantar-se (cambaleando….), e no meio da agitação e do burburinho que se fazia ouvir na sala atira para a mesa: “A menina vem para aqui dizer que há mais sexo na Vitória do que em S. Nicolau?! Mais sexo na vitória?!”.
O burburinho parou e a estupefacção deu progressivamente lugar a risos abafados e olhos arregalados. “Mais sexo na Vitória…”. Na mesa, uns apoiavam a cabeça nas mãos, escondendo o riso teimoso. Outros olhavam o senhor com alguma pena, e outros tentavam acalmá-lo. “Tenha calma homem, não se zangue.”. E não adiantou de nada explicar-lhe que o que havia a mais na Vitória era o sexo feminino, em relação ao sexo masculino. Ele estava amuado. Alguém o segurava e tentava amaciar oferecendo um dos CDs para levar com o estudo, outro alguém propunha-lhe que fosse embora porque estava bêbado, e nós olhávamo-nos e sorriamos com tamanha surpresa.

Dirigindo-se para a saída, parou por momentos em silêncio. Olhou para o chão um segundo, como que ponderando. E aí deve ter percebido a situação. Levantou o olhar para a mesa e explicou: “Eu vou embora, que eu já estou alterado! Falou muito bem menina!”. Saiu.

Falou muito bem sim senhor, a menina socióloga. Fiquei orgulhosa. E acho, cada vez mais quando relembro esta situação, que a vida pode ser fantástica. Este momento, que na hora pareceu ridículo e escusado, serviu para compreender que é preciso ter maturidade para se lidar com uma situação destas quando se está lá em cima na mesa. E que, quando menos se espera, somos confrontados com situações fabulosas de tão hilariantes como esta. Como dizia alguém a quem contava esta situação, parece mesmo que os Gato Fedorento fizeram das suas dentro desta sala.

A caminho de casa dei por mim a pensar o porquê de tanta exaltação. O efeito do álcool não desculpava tudo… De facto, classificar a quantidade e qualidade da actividade sexual entre freguesias não seria correcto. E depois ocorreu-me que fiquei sem saber de que freguesia era o senhor. Seria da freguesia campeã?
(Parabéns Missy. Foi um trabalho fantástico.)