quarta-feira, abril 26, 2006

O retiro dos "Frangos"

Oi Galera!!

E aí, tudo em cima!? Tamo aqui numa bôa!!

Após uma atribulada viagem de uma franga com o seu frango num big dum passarão, com uma baleia no banco da frente (é por isso que eu defendo as baleias... porcas deviam morrer todas), do lado esquerdo uma verdadeira ave rara, daquelas que só se encontram em museus, e do lado direito um belo dum casal que entrou mudo e saíu calado, com a mania que eram VIP (Very Inergúmio Person), sempre a serem servidos antes de toda a gente!!!
E dizem vocês: Ah e tal, sempre tinham as hospedeiras para regalar a bela da bistinha!!! Qual quê, carago??
Aquilo mais parecia um lar de terceira idade, porra das cotas...

Enfim isso é que foi uma biagê, mas cá chêgamo aqui na churrasqueria River of January...

Tá hotxi!!

Tamo aqui postando live from Copacabana Beach (e não bitch, que por acaso a senhora at[em que tem sido simpática, porque tem;nos dado muito solinho...). Já pagamos todas as promessas que fizemos aos santinhos todos e mais aquelas que iremos fazer, visto já termos palmilhado meio Rio de Janeiro...
Sovinas como somos, é tudo a pé e de havaiana!!!!

Tamos tipo frango no churrasco, com dois dias e meio de praia em cima ( e olhem que é fardo pesado!!!), o vermelho passou a ser a nossa cor favorita.... A nossa sorte é que temos um bronzeador com protecç]ao 4, senão ainda apanhavamos um bruto de um escaldão...Ui, Se era!!

Se boltamos??!! Bem, o futuro a Deus pertence (ou melhor, ao Cristo Rey pertence!!!, ele é que sabe...) mas se nos continuarem a aceitar o belo do Bisa, pode ser que fiquemos por aqui prá aí um ano e coisa e tal...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...

E a água?
Psss 30 Graus...



PS:1 N há bikinis de jeito nesta cena!! :(
PS: Pois não o melhó mesmo tá por debaixo.... :)

PS:2 E os rabos das gaijas !? É cada bujom!!! Sinto-me magra!! Serviu!!! :)
PS: É, é gosto bem !!!

BEIJOS GRANDES DOS BRASUCAS MAIS SEXYS E GIROS !!!!!!!!!!!!!!!!

Carminho & Bilha (Bilhão para as Babes) .... (em honey moon...)

sexta-feira, abril 21, 2006

Spaine ove bacalao – partrie

Problemas de Identidade do bacalhau cozido com todos ...
(Afinal, QUEM enviou o cumbite?)



Parecia que era de noite e de facto era de noite! Noite fria, com sussurros de fantasmas perdidos que, desvairados, cantavam...

«...is there anybody out there...??»

«...is there anybody out there...??»

«...is there anybody ..

Ok, Ok! Já percebemos que esta noite era assustadora....que chatice, sempre a repetir as mesmas coisas...Por acaso, engoliu um disco?! Hum, Hum?!
( ãh, isto foi... basicamente... a narradora a gritar consigo mesma... – 1º. problema de identidade)

Havia sido feito um convite, ou melhor, um cumbite, e logo apareceram postas, muitas postas algumas mais atormentadas do que outras. Estava gerada a confusão: quem sou eu? de onde venho? que raio de Alex é este? Bar do Alex?? Alex do Bar? ???!!!! –
2º. problema de identidade


Bilha estava furioso:

‘’- Suas malucas!! Fala-se em cumbite e já tão todas aos saltos! Ah e tal porque o Bar do Alex isto e aquilo, é bom com'ó milho e o camandro!!
Quer dizer e o bar do Bilha fica a a ver navios, não é!!!
Ai é , ai é pois fiquem a saber não são navios que vou ficar a ver, vou é ter um face to face (chique isto!!) com esse javardo desse Alex!’’
Vou-lhe mostrar com quantos paus se faz uma canoa...
Isso de desviar as "Babes" para outro lado é bués de lixado!!
Inté traidoras!!’

Outras haviam ficado felizes e contentes:

- ADOREI!!!! vi o sinal, parei, olhei e ri... ou antes gargalhei (novo termo à Maria?) o g+g vai ao bar do Alex!!!! – respondeu Maria, directamente de Aveiro! Junto às meias coloridas levara um aparelho celular móvel e por isso conseguiu enviar SMS.

(sim, gargalhar era um novo termo à Maria, efectivamente. Desde que descobrira as aguas das pedras com sabores, que passava a vida a gargalhar...ou seria gargarejar que eu queria dizer...afinal, aguas com gás....gargarejos....ou não?! hum......Baralhei!)

Outras houve que se mostraram conhecedoras e até apreciadoras do ‘bacano’, do dito cujo Alex ... A apanhar tanta onda no mar, às vezes entra água e a mente gargareja...ou será que gargalha!?? (estou realmente confusa...hum...): - 3º. problema de identidade (semântica e gramatical)

- Curto bués esse Alex. É um bacano.
Ou, como aprendi agora no cursinho: "É um rapaz às direitas! Tem uma postura agradável e a irradia simpatia.. Prontos, é bom com'ó milho, pá! – respondeu Ivana, confirmando a sua presença através de mensagem escrita em graffiti)

(há que reconhecer qualidade ao curso que Ivana tirou...sim senhora: ‘postura, simpatia, irradia...’ palavras caras, sim senhora!! e agora sabia grafitar...Aliás, a tese de curso girava em termo do lema: GRAFITAR não é estragar!!)

Má-Dá, sempre exigente, teceu comentários acerca do cumbite itself:

‘’- Ainda assim deveria ter um que de qualquer coisa em termos de grafismo, não acha? Não sei bem o que lhe falta, mas falta.
Mas a cor, está fantástica, reparei que se inspirou nas minhas unhas encarnadas (e não vermelhas!!!).
No entanto o lettering poderia ter sido mais elaborado, talvez mais estilizado, pois dessa forma dava-lhe um toque mais fashion.
Mas gosto do sinal!!!
Muito bem, lá estarei!’

Carminho, essa, estava com a pulga atrás da orelha.... Que coiceira... Mas não, não era mesmo uma pulga real. É certo que, sem Maria, a higiene intima e pessoal já não era a de outrora. Afinal de contas, Maria detinha em seu poder a receita de sais de banho utilizada por Carminho de forma a manter a sua tez tão imaculadamente branca como porcelana chinesa ....comprada nos loteamentos clandestinos de chineses ali prós lados de Vila do Conde.
Mas isso não impedia Carminho de se lavar condignamente!! Ok, como não sabia quais as gramas de sais de banho, resolveu começar a adicionar SKIP ao seu tradicional banho de leite de cabra...(leite este que, sem Maria agora pra mugir as cabras, era agora conseguido através de água com adições de Moliko em pó). Com as suas pérolas especiais, até a baixas temperaturas Carminho ficava fresquinha e branquinha!!!!! Eficácia comprovada mesmo após várias lavagens!!

Ok, voltando à pulga...Esta era uma pulga virtual. Sim estava intrigada.
Se então não fora Bilha quem lhe enviara o cumbite, quem fora afinal?!
Afinal de contas, Bilha recusara que o seu pseudónimo fosse ALEX...- 4º. problema de identidade, como aliás dissera a Carminho:

‘- Ei, Babe! Então o meu pseudónimo não era PIKOLIN, como o dos colchões que fazem bem às cruzes??? Esse gaijo não sou eu!! Aposto que nem sequer sabe fritar uns pastéis de bacalhau!! Ele nem deve saber o que é um bacalhau!! C’o camandro!!’’

Hum....Mas, porém, todavia, contudo, ... Carminho fumegava para com os seus fuzíveis neuronais:

- C’orrore!!! Não tenho nada pra vestire!!! – dizia a infeliz enquanto olhava a porta nº. 13 do seu guarda-fatos do primeiro piso. - 5º. problema de (falta) de identidade


Mas pronto, a mente amainou e todos combinaram ir. Em dois boogies (o de Ivana e o de Carminho), fizeram-se à estrada pela noite adentro, todos imensamente giros, não fosse esta a malta dos mais giros!!!
Com Bilha num volante e Ivana no outro, longa viagem permitiu conhecer alguns recantos deveras pitorescos de Portugal...

- Hum, estamos no meio de uma Feira, Ivana...Não sei, mas acho que o tal Bar do Alex ficava à beira-mar e não no meio de roupas e marroquinaria!! – dizia Má-Dá, a co- pilota. - 6º. problema de (falta) de identidade (e de orientação)

- Hum ganda nóia! Já viste bem aquelas túnicas, Má-Dá? São deveras elaboradas e feita com tecidos de elevada qualidade! - disse Ivana (aculturada)

- Sim, Ivana. Já vi, efectivamente. Mas essas cores já estão demodé!! Ouça o que lhe digo, se quiser andar fashion!! - comentou a sensata e fashion advisor Má-Dá.


No outro Boguinhas, Bilha suava... Aliás, transpirava!!! Com tanta franga no veículo motorizado com quatro rodas, o sedutor estava valentemente acalorado...

- Maria do Carmo, Babe, Carminho...please posso ligar o ar condicionado, babe?! – suplicava Bilha.

- É que nem pense nisso!!! C’orrôre...Com vento, o meu mega-penteado desfaz-se todo!!! Estive mais de 5hrs no biuti salóne pra agora o menino abrir o vidro e a minha banana se desfazer?????!!! Nem pense!! E além do mais, quero ouvir bem as histórias que Sãozinha está a contar, não é qridas?? Conduza e esteja quieto!! Que maçada!! E chegue-se pa lá, seu, seu....

(Carminho negava mas toda ela também suava ...Não se notava porque o suor não conseguia passar para fora dos poros, devido às kilos de base com que Carminho camuflava a cara... Ficava assim sempre que estava a escassos centímetros de Bilha...mas, claro está, nunca admitiria!! Aliás, ela Carminho, não suava nem transpirava...era considerado anti-chique!!, especialmente em seres de ranking superior...pfff)

Sãozinha animava as hostes. Dizia que nunca lhe viera há rede tanto peixxiiinhoooo fresquiiiinhooo e que realmente tinha sido bem sucedida ao redefinir a sua estratégia de negócio e se mudar para a Puxa e Urso !!! A partir desse dia, largou as saias rendadas pretas e parou de deambular pelas praias. Agarrou em baldes de tinta, pegou numa trincha com os dentes e amandou-se pró sotão e tela, após tela começou a pintar, a pintar, a pintar, a pintar, a pintar, pintar, a pintar, a pintar, a pintar:

‘‘Ora um splash de verde fluorescente práqui, outro splash de rosa fúcsia fluorescente ( ! ) prá acoli e remato com laranja fluorescente, pra delimitar!! ‘’ – dizia ela enquanto splashava nas telas incansavelmente!!

(claro que isto se devia às baterias Nocas, que ela carregava diariamente à corrente lá de casa...Só assim se explica esta hiperactividade)

Com um objectivo bem definido: ‘‘tenho que aumentar a minha mailing list’’, Sãozinha disfarçou-se de lojista e começou a fazer novos contactos: presenciais, telefónicos, internauticos...enfim, tudo em prol do aumento da sua mailing list!!
enquanto isso, aproveitava para ginasticar e, ao som dos Talking Heads (cabeças falantes), versão remixada pelos loucos DJ’s de Ibiza, logo compôs arrojadas e extenuantes coreografias....

‘- E um! Manga acima: e dois, estica gola!!!’ – dizia ela, enquanto as pessoas a olhavam estupefactas com tanta energia reunida em metro e meio!!! Sempre, sempre com um sorriso de orelha à orelha!!

No carro, Sãozinha sacou da sua máquina de calcular e disse:

‘’ - Ora bem, noves fora, acho que tenho perto de cem contactos na mailing list...Hum, tenho ido a entrevistas e portantos, penso atingir os 150 contactos rapidamente...’’

Dadas 50 voltas na mesma rotunda, um dos condutores lá resolveu ser um rebelde e lá guiou (qual estrela guia) o ‘’rebanho’’ até ao famigerado Bar do Alex...

Todos pra fora das kitandas com rodas, encaminharam-se para o meio de uma praia, na noite cerrada, ventosa, com palmeiras a abanar os ramos feito loucas.
Um letreiro dizia: ‘Warning, Danger’ e Maria disse:

- Olha, acho que nos enganamos. Este não é o Bar do Alex, diz aqui que é o Bar de um tal Warning Danger ...Que engraçado, deve ser estrangeiro...

Nitidamente este é o 7º. problema de identidade (e de conhecimentos de inglês)

No entanto, Ivana disse:

- Ó Mary, tou espantada cuntigo, gaija! Olha que está enganada querida e prezada amiga. Esse letreiro que acaba de ler está escrito em inglês, percebes, prezada amiga? Aprendi este idioma no meu curso. Isso quer dizer simplesmente: ‘Cuidado! O Ranger do Texas anda por perto’’, entendes? Aquele policia mau e barbudo da TV tás a bere, minha??

Com esta dupla faceta de Ivana sou forçada a admitir a existência do 8º. problema de (dupla) identidade , aqui patente: ora culta, ora ganda nóia lóle...


Lá entraram! Cabeças giraram e todos os presentes exclamaram:

- UAU!! È o Grupo Mais Giro!!!! Que máximo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Instalou-se a histeria e logo, logo, distribuíam autógrafos em lenços de papel, rolos de papel de cozinha, toalhetes de limpar as mãos, toalhitas Dodot e guardanapos de papel...
Enfim, a loucura, o delírio, a histeria!! Lágrimas de emoção dos fãs deste grupo inundaram a sala do bar... 9º. problema de identidade (e de gosto)...Pff

(ele há realmente gostos para tudo!!!)

passada esta levada de euforia, sentaram-se muito sentadinhos e quietos numa mesa ao centro (com um mega holofote apontado à cara de todos...)

- Ai, que ceguei!! – disse Má-Dá!!

- Não, qrida!! Não vê que isto é um jogo!? Só pode!! É o máximo ser uma Estrela Super Pop Limão!!! Adoro ser o centro das atenções !!!! – vibrava Carminho!!

- Iá, Babe, também curto bués!! Babes a toda a volta!! – dizia, maravilhado Bilha, que estava todo cheio de beijos de batón vermelho pelo corpo e com a camisa decotada toda rasgada pelas unhas postiças das fãs vestidas com roupas colantes modelo imitação pele de tigre....Algumas das fãs chegaram mesmo a retalhar-lhe uns nacos de carne no bum-bum, tal fora a voracidade...

10º. problema de identidade (e de higiene ) das fãs: unhacas grandes..Iac!!!


Sãozinha comentava:

- Gosto disto!! Se bem que este branco todo...era capaz de lhe dar uns splashes de fluorescente pra animar!!! Se calhar, esta brancura toda é porque os ANJOS vêm cá actuar!!
‘’ Ficarei!! Mais perto do céuuuu!! Ficarei!! Mais perto do mar!!! Lá, lá...’’

No meio da cantoria de Sãozinha, Maria estava, porém, intrigada:

- Ouçam lá, onde está o tal Alex?? Não consigo enxergar nada... Já sei!! Vamos todos colocar os nossos óculos de sol!!! Assim podemos tornar a ver!!!!
Carminho ficou atónita com tal afirmação:

- A menina está mudada, Maria. Nunca pensei que tivesse mais do que 2 neurónios!! Sim, vamos colocar os Guchi escuros!!

Assim foi: todos colocaram os óculos negros e franziram as testas...

(começou a tocar a música do Missão Impossível: ‘’Tantantantantantantaratantantaratantantarapiriri...piriri...piriri..piri’’

11º. problema de identidade (e de ouvido musical) da narradora

De repente, abre-se uma cortina, sai fumo, e aparece um bolo Gigante que avança, conduzido por um controlo remoto, em direcção à mesa do grupo mais giro.

Maria, com um aguçado faro de detectiva disse:

- Hum, aquele bolo está fora de prazo...Aquilo não é de hoje....Olha pra massa, não parece fofa....

(Maria estava revelar novas aptidões... Tal como Ivana, parece ter aprendido muita coisa nova no SPA de Aveiro....)

De repente, eis que uma personagem, um ser vivo, humano quiçá, salta de dentro do Bolo e grita:

‘ - SURPRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIISEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!’ – gritou


12º. problema de identidade – quem é que salta de dentro de bolos!!!???DAHHHH, isso já não é original...Ainda se saltasse de dentro de uma nata, ou de um éclair, ou de um croissant!!??? Agora, de dentro de um bolo...???
Quem, mas quem...??

A personagem estava com um véu que lhe tapava o rosto, dos olhos para baixo...

- (assobio) Sim senhor, cá o Alex nao pesca Bacalhaus mas oferece cá uns shows que são uma categoria!! Que babe!! Parece as da dança do umbiguinho, hihihihi (dizia enquanto esfregava as mãos e deixava escorrer um fio de baba)...

- Controóle-se!! Ouviu bem, controle-se ou ainda fica sem almofada!!!! – reprimiu Carminho.

A misteriosa personagem pegou no microfone e começou a discursar:

- Babes, ou deverei dizer, kridos (ai Deus meu, que indecisão!), estou deveras "maravilhated" com as cores que compõem o pitoresco cenário desta minha "arrival". Ai me Báque, é truee. Só vos digo uma coisa: bem vindos ao meu estaminé!!

E gritou para a plateia:

- Sai uma rodada de Frizes de Bacalhau pra todos!!!!!!

Carminho, numa levada de perspicácia (que lhe acontece em anos bissextos) levantou-se, dirigiu-se à personagem e arrancou-lhe o véu. Para espanto de todos, exclamou:

- Betty, ai nue táte ite uase iu!! Betty, sua trinca-espinhas... Mas o que é isto!!!

Que afronta!! Como ousa assim aparecer sem avisar e desafiar-me a mim??!!!
Sem autorização, sem sequer tocar à campaínha, ou enviar um fax, ou mesmo até um toque para o meu pager?!

E Betty quem é afinal Betty?? 13º. problema de identidade

Mas este é um problema com solução. Ó Betty mostre cá o B.I.:

Nome – Betty Porcini
Nacionalidade – inglo-portuguesa
De onde veio? – Da barriga da sua mãe.
Para onde vai? – Se Carminho se aborrecer vai directinha recambiada para Londres...

Ai, vai, vai!!

Bom, retomando...Betty tentou explicar-se:

- Mas, mas priminha Carminho... nem sei que te diga...Olha, ‘Se eu pudesse’ tinha feito isto e aquilo. E mais, ‘Se eu pudesse’, também tinha feito mais para além do que disse que faria ‘se ao menos eu pudesse’. Mas não pude, mas ‘se eu pudesse’, ah, ‘se eu pudesse...’
Sério, ‘se eu pudesse’ , mas realmente não pude, mas ‘se eu pudesse’ juro-te que tinha sido diferente do que foi ‘se eu não pudesse’, que foi no que aconteceu na realidade, entendes??

Ãh, acho que este é o 14º. problema de identidade ( e de vocabulário de Betty’?!)


Entretanto todos estavam a ser servidos de Frizes Bacalhau e estavam deliciados.
Maria com fome pediu:

- Traga-me um crepe de menta e chocolate, se faz favor. Estou cá com umas borboletas no estômago!! Deve ser fome!!

Ao que Má-Dá disse:

- Também quero!! Afinal, é sempre bem! Crepe suzette, como na França. Li na Vógue que está na moda comer crepes!!


Carminho continuava a confrontar Betty, a trinca-espinhas:

- Com que então foi você que enviou o Cumbite???!!!

Ao que Betty disse: Sim, fui eu!! Não perceberam!!??

- Ó minha tu ingrupiste-nos. Então, não no Cumbite vinha escrito que o Bar era do Alex! – disse Ivana.

-Não, isso era uma charada, uone chareide! Sim, havia uma mensagem escondida.
Se pegarem num espelho, BARALEX fica: RABXELA, raite?
Ora RAB é de rabbit, o meu apelido de criança por ter usado o aparelho tantos anos!

(Sim, efectivamente RAB era de rabbitt, não porque passasse a vida a roer cenouras, mas porque tinha dentes de coelha!!)

Betty prosseguiu: cárriede óne:

- X era o local ...you know, os locais nos mapas assinalam-se sempre com X. Este Bar. Pretendo lançar-me no negócio cá!! E finalmente ELA é eu, Betty... Portantos, cumbidava a estarem aqui no X à espera de vocês todos meus friendezinhos...

Afinal quem tinha enviado o cumbite tinha sido Betty...Betty ...sua malandra!!

E prontos, Betty chegou e instalou-se!!
E trouxe consigo a grande novidade: Frize de Bacalhau!!!!!

Emocionada, Ivana até (!!) declamou um poema:

Batem leve, levemente...
como quem chama por mize
será chuva, será gente?
gente não é certamente
fui buber: era FRIZE!!


E prontos, tá apresentada a nova membra deste clã!! Betty veio pra ficar. No entanto, inda vai ultimar umas coisas a Londres pra semana, na companhia de Ivana e Má-Dá.

Bilha, com uma nova concorrente na área dos negócios das lanchonetes com música, resolveu ir a Terras de Cristo Rei Redentor e ir até lá acima pedir ao Cristo que lhe dê uma ideia tão genial como a Frize de Bacalhau.
A acompanhá-lo irá Lady Porcini, que pretende actualizar o seu roupeiro com os novos bikinis da estação. Reduzidíssssimos, está-se mesmo a ver...

E prontos, com tantos mistérios e problemas de identidade, eu narradora me despeço.
Vou de férias que bem preciso...
E vou sem identidade....sou filha do vento...sou filha do Mar (como a da novela)

FUI!!!!

Aime góne!!

Até Já!

terça-feira, abril 18, 2006

(De)Formatos


A Galeria 59 tem o prazer de convidar V.Exa para a inauguração da exposição de pintura, desenho e escultura - "(De)Formatos" - de Manuela São Simão, Sofia de Carvalho e Pedro Marcolino.
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Inauguração: Quinta-feira, dia 20 de Abril de 2006, pelas 19:00h,
na Rua do Diário de Notícias, nº 59, Bairro Alto, Lisboa.
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A exposição estará patente de 20 de Abril a 19 de Maio
Horário: de 2ª a 6ª, das 13:00h ás 21:30h
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"(De)Formatos"

Uma mostra de fragmentos do real e do irreal, de paisagens do corpo e da mente.
O conceito (de)formatos pretende aproximar séries de trabalhos que se tocam e complementam, ora por semelhanças, ora por dissonâncias.
São apresentadas três narrativas individuais que se fundem criando um novo e único diálogo formal.

sexta-feira, abril 07, 2006

Espinha de Bacalhau – Parte 2_ Spaine ove bacalao - Partúe

(Elou, elou tére? Tis is nárraitore sepiquingue. Uélle, as iu noue, ai éme ine da midele ove a crieitive prócesse ...Ai luquede fóre élpe báte nôuáne uantéde tu raite da séconde parte ove da spaines ... Soue, ai singue: «lóneli, ai éme sou lóneli, ai éve noubódi tu raite uite mi ... uuuuuuuhhuuuu
Benhe, resta-me prosseguire...carri one (snif, snif)...)



Enquanto a misteriosa Lady vem a caminho com óculos de sol, também Carminho coloca os seus óculos em cima do empertigado nariz. No entanto, estes óculos tinham um outro propósito – ampliar as letras da carta que tinha em mãos! (óculos Guchi, naturalmente!!)

- Não, não posso crer!!! È que isto é absolutamente inadmissível!! Um ultraje!! Mas quem é que ela pensa que é? Desafiar-me desta maneira?!!! Mamã, buáááááááá´!!!!!!

(Mas a mamã, Mrs. Porcini, estava de férias na casa da Praia do Meco. Nada podia fazer por Carminho que, nos entretantos, se descabelara, se desunhara e se esborratara em frente ao espelho que tinha à sua frente... – coitados dos espelhos, têm que gramar cada cena!!)

Mas, afinal, que dizia a carta?? Que conteúdos poderiam ter deixado assim Carminho tão, tão, ...descomposta e esborratada?

Bom, cheguemos mais perto, junto à cama de Carminho. A carta está lá pousada... Ok, vou só ajustar o zoom para os 250% e ainda não se vê bem...hum...vou aumentar um pouco mais....300, 350% e voilá!!!!! Ora então, vamos cá ler:

(E eis que, vinda do nada começa a tocar a música da Gloria Gaynor: I Will survive: «First I was affraid, I was petrified.., cantada pelo Boy George.)...

Dizia a carta:

« Carminho:

Aos 27 de Fevereiro do presente ano tive um sonho...Sim, é verdade que sonho todos os dias, a todas as horas. Mas, desta vez, foi diferente!!! No sonho, havia um príncipe, um sapo e uma garrafa de...(pasme-se!!) água das pedras...O príncipe dirigiu-se a mim e falou:
- Ólá! Sou um príncipe!
Voltou costas e foi-se embora aos saltos, como um sapo.
Pouco depois, veio o sapo, aos saltos e disse-me, com a goela inchada:

- Ólá! Sou o Sapo! Sim, sou eu, o Sapo! Já tens Banda Larga!? Estou apressado, porque vivo a ASSAPAR!!!
Voltou costas e foi-se embora, em pé, a correr!! E eu ali estava, sozinha no sonho, intrigada...Estava só...eu e a garrafa de água das pedras!!
Eu e a água das pedras! E pensei: ‘Isto tem que ter um significado!! Todos os sonhos têm um significado!! E estes dois quiseram-me dizer algo!! Falaram foi pouco...’
E aproximei-me, lentamente, da garrafa de água das pedras...Primeiro, esfreguei-a (poderia ter um génio lá dentro que podia transformar os meus desejos em realidade!!, mas nada... Depois, tentei abri-la, mas como era de carica e eu não tinha o abre-caricas, acabei por partir os dois dentes da frente ao tentar abri-la à dentada mas em vão....Ela continuava fechada!!
Cansada, estava já prestes a desistir quando, de repente, o sol brilhou sobre a garrafa!! Olhei então para o rótulo e percebi!!! Tive a visão!!! Li : «Água das Pedras, sabor Framboesa com Batata frita de presunto Rofle!!»
Era isso! Era isso!! Naquele momento, caí em mim. Não me magoei muito, porque até sou levezinha e aguento-me bem com o meu peso... Mas vi que era um sinal de mudança. Dizia-me: Maria, tens de mudar, como as águas das pedras!! Como o Mudadeicetea!! Mudar de sabor, mudar de vida, percebes Carminho??? Pá, a tua vida é insossa....SIM!! Era isso...Era como os outros, da música: «muda de vida...»
Por isso, olha, Carmo, olha...isto é assim: tenho que mudar de vida e ir apanhar a camionete! Não posso continuar a ser tua serva. Pá, desculpa e tal, mas tens a mania q’ és fina!! E eu num tou pra t’aturar mais estas tuas nóias!!
Inda por cima és uma ganda unhaca de fóme!!
Tou numa de bazar e por isso, tou-me a demitir. Queres que te lime as unhas? Queres que te segure na pochete? Queres que te sopre o cházinho? Queres, queres, ãh? Olha, pois ficas a querer!! É que...é já a seguir!!! É que é já a seguir!! Olha-me esta!! Querias não querias, pois ficas a querer!!
E olha, sabes que mais, hum? Sabes que mais? Vou pra Aveiro, que ouvi dizer que lá é que a vidinha é santa!! E queres saber mais ainda? Queres, ãh, queres?? Pois bem, também vou-me tornar escritora de contos sensuais, quentes e picantes!! Ora toma!! Ingrupa!! Queres? É que é já a seguire!!

FUI!! E MAIS: VOU, E VOU COM COLLANTS COLORIDOS, OUVISTES BENHE SUA COTA CLÁSSICA!!! AH, PORQUE O CLÁSSICO NUNCA SÁI DE MODA E TAL, E TAL?! OLHA, ACTUALIZA-TE!! COMPRA UMA LA REDOUTTE E VÊ O QUE USA!!

E agora tenho de ir, que a camionete tá a apitar...Vou na carreira!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Maria »

( mas o que é isto? Águas com sabores?? Onde é que nós estamos? Isto está próximo – o Apocalipse, you know??)

Carminho continuava a chorar de raiva. Tinha ido à cozinha e pôs-se a descascar cebolas, para aumentar a quantidade de lágrimas .... Afinal, quando se chora, chora-se!!
Estava já a pensar ir buscar também um pouco de soro fisiológico para ajudar no jorro lacrimal quando, de repente, tocam à campaínha:

- Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmm!!!

Ia a rosnar, mas lá foi abrir a porta (visto que agora já não tinha Maria para o fazer por si...)
Eram Má-Dá, Bilha e Ivana:

- Então, Lady Porcini, tá-se? – perguntou Ivana.

- Novo look, ãh Porcini! Ei, que cena, babes!! É Carnaval hoje e eu assim, vestido à paisano!! Podiam ter lembrado aqui ao je!! Pá, Porcini, tás o máximo! Esse disfarce de bruxa fica-te a matar!! Então, esses olhos pretos, pá sempre gramei bués o estilo gótico!! – disse Bilha.

- Ah, Bilha...Não é por nada, mas devo dizer-te que hoje não é Carnavale, qrido! E a Carminho não está mascarada de bruxa...Ela está descabelada, e esborratou as pinturas...Não podes ser assim, Bilha...julgar sem pesar os dois pratos da balança.... – comentou a sensata Má-Dá.

Carminho olhava-os imóvel, sem reacção, com raiva a crescer dentro de si...Não aguentava mais, ia explodir:

BUÀÀÁÀÀÀÀ``A``A``AÀ``AÀ``AÀ``AÀ``AÀ``AÀÀ``AÀ!!! – (prontos, a bezerra vai berrar!!!!!)
E atirou-se para cima dos três!!

BUÀÀÁÀÀÀÀ``A``A``AÀ``AÀ``AÀ``AÀ``AÀ``AÀÀ``AÀ!!! QUERO COLINHO!!!!!!!!!!!

- Ei ó minha, táste a passáre!! – disse Ivana.

- Calma Maria do Carmo. Tem que ser sensata e ponderada. A Primavera ainda não chegou mas há-de vir. Ólhe que as chuvas hão-de passar... Não pode abater-se dessa maneira!! Viemos em festa, aliás!! – acrescentou Má-Dá que trazia as unhas impecavelmente pintadas de encarnado, a bater com o casaco!! FASHION!!!! – Aliás, onde está a Maria??

BUÀÀÁÀÀÀÀ``A``A``AÀ``AÀ``AÀ``AÀ``AÀ``AÀÀ``AÀ!!! QUERO COLINHO!!!!!!!!!!! – lamentava-se Carminho, enquanto enfiava o polegar direito na boca (QUE VERGONHA!!!):

- Que cena, ménas!!! ‘Tou a ficar com a camisa havaina toda ensopada e depois fica toda amarrotada!! Ó babe, num chores!! Olha aqui o meu style!! – disse Bilha.

Carminho apontou para a carta...

- Brigadão, miúda, mas não me apetece ler. Queria mesmo é que me largasses... quer dizer, sabes que gosto de ter babes a amorfanhar-me mas é que tou a ficar todo molhado, babe!! – lamentou Bilha.

Entretanto, Ivana, que estava mais aculturada do que nos episódios anteriores porque estivera a tirar um curso intensivo TWO_ONE_ONE (estilo champô + amaciador, entendem!!): um curso técnico profissionalizante de «nadadora –surfadora-salvadora–que-sabe-também-ler-poesia-escrever–a-tabuada-e-o-nome-completo-falar-um-pouco-de-inglês-e-conduzir-camiões- pesados-categoria-X-X-L.». Ivana ganhara este curso gratuito e ultra-intensivo dentro de uma embalagem de Crunch. Como na altura inda não sabia ler, pensou que o cupão dizia que ela tinha ganho mais outro Crunch e lá foi ao supermercado, mas qual não foi o seu espanto quando, de uma assentada, a puseram numa sala de formação intensiva que, por acaso, partilhava instalações com uma lavandaria a seco. De vez em quando, os vapores dos ferros de engomar lá impediam a concentração, mas ela achava que aquele ambiente cheio de vapores e cheiros lembravam algo de místico, misterioso e isso era bués!!! Era uma espécie de ioga onde ela transpirava bués de tótil, mas tá-se!!! Esta ganda tola sempre foi receptiva a novas experiências!! Logo, logo teve o seu diploma e diga-se que passou com distinção:!! Este diz o seguinte:

« A Academia para a Ciência do Tira Nódoas de Gordura e de mais coisas que não se podem admitir que sujam os lençóis das boas familias, declara, para os efeitos que quiserem porque a gente está-se a marimbar para isso porque já recebemos o pilim que nos dão da Europa pra gente dar cursos a torto e a direito, que IVANA CAMANDRA, esteve sempre em estado ZEN durante a formação e que atingiu o NIRVANA no ultimo dia depois de ter participado numa prova dinâmica de grupo, dentro da máquina de lavar industrial. Classificação Final: 0% de nódoas, branca mais branca não há!!!»

Ok, metam marcha-atrás e engatemos o seguinte: Ivana ia ler a carta da Maria. E quando a acabou de ler disse!!

- Ganda nóia, people!! A Mary deu o baza, foi surfar noutra praia, lá pros lados de Aveiro!! Pá, na Ria há bués de ondas!!! Por isso é que esta aqui está a alagar o soalho!! Ganda nóia, lóle!!! Iá, ó minha!! Reage, minha!! Há que reagir!! Olha eu, aqui rija!! Inda noutro dia, o meu caranguejo de estimação, o Tesouras como lhe chamo, apanhou uma onda e mandou-se pró Havai!! Diz que virou gay e que vai ter com o Jack Johnson! E eu, como fiquei?! Na prancha!! Pois foi!! E ok, chorei duas lágrimas, mas isso foi porque estava a olhar fixamente pro sol!! Mas passou!! Veio uma nuvem e tapou o sol!! Na boa, minha!! A Mary foi mas volta!! Pára lá com isso! Olha lá, nem ofereces nada pró people trincar. Não há francesinhas nem nada !! – disse Ivana.

- Babes, party hoje à noite, Kinta Feira (claro!!), no Bar dos Rebeldes, Baía dos revoltados está em festança!!! Pastéis de bacalhau por conta da casa!!! – anunciou Bilha – Carminho, babe: se quiseres, depois a gente dança um slow à maneira, coladinhos, topas? Agora, fecha lá a torneira!!!!

Enquanto isso, Má-Dá reparava na decoração da casa de Carminho e pensava como tudo era demasiadamente kitsch e nada Fashion!! Se fosse ela a decoradora, tudo ficaria ultra-fashion!! Mas controlou estes pensamentos...Afinal de contas, tinha que ser mais sensata e compreensiva...Carminho era chique mas tinha uma costela british bué de arcaica e clássica.
Não estava virada para as novidades minimalistas e ultra-modernas!! Passou o dedo (com a unha impecavelmente pintada de encarnado!!) pela cómoda da sala e viu que não havia pó..Vá lá, ao menos aquilo estava asseado!!! Pfff!!!

E, efectivamente, Carminho fechou a torneira. Passou as mãos pelos cabelos, recompôs-se, sentou-se na pontinha da poltrona (mesmo na pontiiiiinha, porque é ultra-bem!), cruzou a perna e disse:

- Festa? Mas, e o convite? Mas onde é que está o convite?

- Qual convite?

- O convite!!

- Mas... qual convite?

- O convite!

- Qual convite?

- O convite!

- Qual convite?

- O convite!

- Qual convite?

- O convite!

- Qual convite?

- O convite!

- Qual convite?

- O convite!

- Qual convite?

- O convite!


(AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! Párem com isso, seus fedorentos!!! Irra que narradora passa um mal bocado!!! Sabem que mais: PÁRA TUDO!!!
Leitores: Ide lá pra vossas casas. O episódio estava a ser um bom episódio...Não havia, zzz, necessidadezzz. Ide em Paz, bem hajam, azzz, zzz...)
Mas antes, perguntas que permanecem envoltas numa nuvem de vapores de ferros de engomar misturadas com nevoeiro:

- Será que é mesmo verdade que Maria se emancipou e deixou as saias Chanel de Carminho? ou será que comeu um ovo mole estragado e aquilo deu-lhe a volta à tripa cerebral? E será que virá à festa de Bilha? Como se chamará a antologia de contos erótico-sensuais-apimentados que Maria tem no prelo? Quem é a Editora? Editorial Caminho(s) Libidinosossss??? ou ASA(s) de Anjos possuídos pelo Demo??Seá que os Toranja se associam e escrevem uma música para a Maria...com o refrão: « Quero sentir-te......Quero sentir-te....Quero sentir.....»

- E Ivana? Que levada de aculturação é esta? Será que «ganda nóia lóle» será substituído por um poético: « Vou ali molhar os pés e já volto...»?

- E Bilha, que cena é essa de ser uns mãos largas e oferecer pastéis à borla, ãh?
Cá pra mim andas a fugir ao fisco, meu malandro!? Andas a martelar as contas da lanchonete e a esconder bacalhaus materialmente relevantes ...

- E Má-Dá? Que faceta ultra-fashion se apossou da nossa menina sensata? Unhas encarnadas? Decorações e Moda? Qualquer dia, vai-se lá a ver, lança-se nu négócio de representações têxteis, tá-se mesmo a ver!! Tá-se, tá-se!!

- E Carminho?! Que se passa com Carminho?! Como irá ela sobreviver sem as mordomias habituées?! Iniciará um processo de recrutamento para personnele assistantes?

- E a viajante misteriosa? Nunca mais chega?! Será que está perdida?! Que coceira de curiosidade!!

- E Sãozinha, quem trará Sãozinha à festa da Lanchonete? Com tanto pretendente a ajudá-la a montar e desmontar exposições ...Será que trará acompanhante? E se vier, virá de gravata?? É preciso levar fraque à festa da Lanchonete?!



(E pronto! O episódio termina com os membros do g+g na sala de Carminho, parados como se fossem postas de bacalhau a secar ao sol!
Entretanto, continua de noite...o tempo aqui congelou...Uns estão a caminho, outros partiram...Será que voltam? Afinal de contas, há uma festa prestes a bombar na Lanchonete do Bilha. Com pastéis de bacalhau à borlix!!!


Não percam a próxima posta deste bacalhau com natas...quando me passar a neura, talvez!!
Traduçã: Du nóte perqueite da nécste poste ove tiste bacalau uite nateites...uéne neura me passeite , meibi!



Agradecimentos:

A narradora endereça uma especial mensagem de gratidão ao inventor da aspirina efervescente. É que no meio de tanto choro, grito e drama deste episódio, só mesmo esta pastilha a impediu de perder a cabeça!! Inda por cima não engorda!!

quinta-feira, abril 06, 2006

Vou só molhar os pés...


O PIOR

O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.

Mario Quintana

De que cor são os beijos?

«Passavam das nove quando, como todas as noites, João se meteu na cama da sua mãe e se aconchegou a seu lado. Como gostava daquele calor tão familiar e ao mesmo tempo tão especial!
Olhou para ela de soslaio e perguntou-lhe:
- Mamã, de que cor são os beijos?
- Os beijos? Pois..., ora...os beijos podem ter muitas formas e cores. Realmente, mudam de cor consoante o que nos querem dizer. Alguns beijos, meu menino, são pequenos, barulhentos, divertidos e muito, muito brincalhões. São de um vermelho brilhante como...comos as cerejas! E dizem-nos: «Gosto de ti pela tua alegria, frescura e vitalidade».

- Ah, como as cerejas que pomos nas orelhas como se fossem brincos! – disse João.
- É isso mesmo! Também há momentos em que os beijos são suculentos, estão cheios de vitaminas cor-de-laranja. São os que nos abraçam com força e dizem: «Bom dia, toca a acordar!».
- Já os conheço! – interrompeu João. São os que me dás quando me dizes: «Vou-te comer com beijos!», não é mamã?
- Sim, são esses!
- E de cor amarela, mamã? Existem beijos de cor amarela?
- Pois claro! Nos dias em que os beijos são cálidos e intenso, a cor amarela deles brilha como o sol. É quando nos dizem como gostam do nosso carinho e companhia.
- Ah sim! E nos oferecem abraços e carícias... Gosto muito desses, mamã – disse João.
- Mamã, e os que fazem cócegas na orelha, nas bochechas e no pescoço? Esses são de que cor?
- Ora...esses... Esses são os que se mexem ao ritmo da música e são de cor verde luminoso como os campos e os bosques quando sopra o vento. Os beijinhos verdes adoram a vida e gostam de ver respirar e crescer os seres queridos.
A mãe, vendo que João estava a fechar os olhos, baixou a voz e continuou:
- Às vezes, por outro lado, os beijos são demorados e tranquilos, de um azul suave e fofinho como o céu. São os que nos explicam que o seu amor é profundo, sem limitem, um amor tão grande que, olhes por onde olhares, parece que nunca se acaba.
- E podem chegar até à Lua? - perguntou João.
- Claro que sim – respondeu a mãe.
- E sabes? Muitas vezes são de uma cor lilás escura e misteriosa. São os beijos que nos consolam quanto estamos tristes ou confundidos ou não sabemos que fazer ou onde ir e nos dizem: «Não te preocupes, que vou estar sempre ao pé de ti».
João, fazendo um esforço para não fechar os olhos, exclamou:
- Mamã, os beijos são das cores do Arco-Íris!
A mãe olhou para ele, sorriu e beijou-lhe a testa. Com uma voz fraquinha, João voltou a perguntar:
- E este, mamã? De que cor era este beijo?
A mãe sussurrou-lhe ao ouvido:
- Este, meu filhinho, era um beijo de «Boa Noite», branco como a neve e queria exprimir-te como eu gosto do silêncio da paz e da calma que sinto ao teu lado. E sabes como nasceu a cor branca, João? ... De um beijo que se deram todas as cores do Arco-Íris...»


Carla Pott & Elisenda Querlat



Não resisti a postar este delicioso texto...Na capa do livro diz que é para crianças dos 4 aos 8 anos...mas, é tão mentira!! Os beijos não perecem, não têm tempo de consumo, muito menos estão limitados a uma faixa etária ... Para todos aqueles que compõem as imensas cores da minha paleta de vida, envio beijos...de todas as cores do Arco-Íris ... Nunca deixemos de beijar e de ser beijados ...

Fernando......

- Então, diz-me lá porque é que nunca mais tive notícias tuas? Não voltaste a telefonar? Nem uma mensagem quando o Sporting ganhou o jogo? Até parece que me andas a evitar?....

As palavras de Fernando estavam a começar a desconcertar Ana, que sentia a fragilidade do seu aparente estado de calma. Decidira enfrentar este encontro muito contrariada, mas não queria –nem podia – deixar transparecer rancor. Muito menos poderia deixar Fernando associar esse estado de espírito e de sentimentos ao último encontro de ambos. Era uma questão de orgulho, acima de tudo, não podia dar a Fernando essa vitória.

- Evitar-te? Se calhar… Na verdade não me apetecia ver-te e muito menos ter de falar contigo.

E assim em segundos o plano da Ana de parecer calma, distante e indiferente ficou arruinado. Já estava habituada a estes deslizes e sabia que teria de lidar com o orgulho ferido.. mas isso ficava para mais tarde.
– Não me querias ver?? Porquê? Então Ana, francamente pensava que éramos amigos! Tudo bem que não estamos juntos todos os dias – longe disso até – mas a nossa amizade não era sólida!?
- A displicência com que dizes isso, Fernando, só vem confirmar, que afinal eu tinha, e tenho, razões para não me querer sujeitar a estas situações. Mas queres mesmo saber o que se passou, não conseguirás perceber por ti?
O silêncio de Fernando irritou Ana profundamente. Retirou os óculos de sol verdes e olhou-o de frente …
- Pois bem, aqui vai... Naquela noite jogaste muito sujo comigo! E eu não tive hipótese de me defender, de me salvaguardar das consequências do teu ardiloso jogo, porque estava com um amigo e não tinha as minhas defesas activadas. E tu desfraldaste a minha confiança em ti. Não foi justo teres agido comigo daquela forma, como se eu fosse mais uma das tuas conquistas de uma noite. Tu sabias que comigo não se joga assim: eu não começo jogos que não pretendo levar até ao fim!! Tinhas obrigação de o saber.. e se sabias porque começaste o jogo do rato e do gato comigo? Charme para cima de mim? Constantes investidas? Não era suposto eu reagir: sou mulher e tu és um homem muito atraente… Raios… E porque é que depois daquilo tudo disseste à frente de todos que queriam ouvir, que havia pessoas que não valiam a pena!? Como se eles não percebessem a indirecta!!? Porquê? Porque não resististe à tentação de me seduzir? E de me humilhar? Nos últimos 5 anos passei por inúmeras situações em que tive de resistir ao facto de não me seres indiferente. Mas a verdade é que a partir do momento em que estabelecemos que seríamos só amigos – como tão sabiamente sugeriste no inicio da nossa amizade – eu nunca mais pensei em agir de outra forma. Antes do nosso acordo tu podias ter conseguido a tua noite comig e já podias juntar ao teu álbum…. Mas nessa altura não quiseste e ficou claro para mim como nos devíamos comportar a apartir daí. E agora tanto tempo depois porque agiste daquela forma? E que achavas? Que tava tudo bem?....
Ana estava cansada de falar…..
Suspirou e respirou fundo..
Fernando não foi capaz de a olhar, pois o eco das palavras de Ana era forte. Sentia que algo se tinha irremediavelmente perdido. Ele já suspeitava que Ana talvez tivesse saído um pouco melindrada daquela noite clara e quente de Maio. Porém, achava que o tempo permitiria esquecer aquele episódio e que meio ano depois aquele obstáculo poderia ser facilmente ultrapassado sem necessidade de o mencionar.
A verdade era que a relação de Ana e Fernando sempre tinha estado entre aquele ténue limite que separa a amizade de algo mais íntimo. A atracção física estava sempre presente entre eles, mas após um percalço inicial resolvido por Fernando com muita integridade, os dois tinham assumido uma amizade sincera e sólida com conversas cúmplices e desabafos frequentes.
Fernando tinha noção do seu poder de atracção: alto, bem constituído, olhos negros que projectavam um olhar intenso e uma conversa daquelas que até as estátuas convence! Sabia que Ana lhe achava piada, mas para ele era muito mais importante tê-la como amiga permanente do que conquista momentânea, pois apesar de não o assumir da mesma forma que Ana também ele se sentia atraído por ela. Mas sentia que ela era especial: uma mulher sensual, inteligente, que assumia o que sentia e pensava, plenamente capaz de alinhar nas paródias dele e de o escutar, mesmo quando os desabafos eram sobre a última conquista. Por isso lhe agradava saber que Ana estava à distância de um telefonema, e que podiam conversar pela noite dentro sem necessidade de recorrer a máscaras.
No entanto, naquela noite de Maio, em que Ana não estava nem mais nem menos interessante que o costume, Fernando não se soube conter! Ana estava à luz daquela noite quente simplesmente apetecível: queria beijá-la, abraçar aquela cintura delineada e envolver aquela mulher há tanto tempo presente na sua vida e nunca sentida como mulher que era.
Meses mais tarde Fernando estava a perceber as consequências de ter montado uma teia que rebentou no lado mais fraco. Agora que se via forçado a pensar naquela noite começava a não compreender porque tinha agido daquela forma.
Nesse momento chegaram à mesa os cafés… e depois de beber o dele num gole só, Fernando disse a Ana:
- Lamento muito Ana… só agora me apercebi que te magoei…
- Eu também lamento… mas principalmente lamento que não me consigas dizer isso enquanto me olhas nos olhos… e que não tenhas uma motivo para o teu comportamento infantil e baixo nível daquela noite. Pelos vistos era só um capricho….
E pegando na sua carteira Ana levantou-se, colocou uma moeda na mesa para pagar o café e afastou-se num passo decidido.
Fernando sentia-se insuportavelmente baralhado….
Olhou o mar….
… Nas colunas da esplanada os Radiohead cantavam “Fake plastic trees” … sorriu forçadamente ao perceber que ele não passava de uma falsidade: não tinha tido coragem de se assumir… nem como amigo nem como amante. Quisera tudo e ficara com nada…
Compreendeu que não voltaria a ouvir o riso deliciosamente espontâneo de Ana que se perdia naqueles irresistíveis lábios vermelhos ….
Pensou: “Porque é que de repente sinto que tenho de a ter, de a abraçar, de a beijar!??”…. E percebeu que tinha sido isso mesmo que tinha sentido naquela noite de Maio… só que a fanfarronice e o exibicionismo junto dos colegas falara mais alto…. Tornou-se claro que ele e Ana nunca poderiam ter continuado amigos….
Enquanto existisse aquela fome por satisfazer, aquele querer que o consumia e o agitava…
E se alguma vez fossem até ao fim a amizade ficava abalada demais para recuperar…
Percebera agora… só lamentava não ter sido capaz de se afastar de Ana de uma forma mais digna: tinha feito sofrer a única mulher que nunca o faria sofrer deliberadamente!
Mas era tarde, muito tarde…
Agora não podia ter Ana a amante, nem Ana a amiga, nem Ana a namorada, nem Ana a confidente, ……
Restava, mais uma vez, só ele… só Fernando….
Suspirou… estava só….
Aliás, continuava sozinho……
Fernando… Fernando… Fernando….
Era a voz de Ana numa das confidências antigas feitas pela madrugada que ecoava …..

terça-feira, abril 04, 2006

Após deliciar-me com o testemunho deixado pela nossa querida Maria, não pude deixar de vos presentear com este texto de Margarida Rebelo Pinto (que, como é óbvio, não chega aos calcanhares das palavras tão profundas e cheias de sentimentos da nossa menina. No entanto, não deixa de ser um belo retrato de uma "ralação" a dois).



»Se eu pudesse

Se eu pudesse, agarrava-te todos os dias nos meus braços, cantava-te músicas de embalar até fechares os olhos, lia-te histórias e inventava-lhes o fim, deitava-te nos meus braços e esperava que adormecesses, entrava nos teus sonhos e pintava-os de cores e sons perfeitos, depois acordava-te ainda cedo, devagar, abria três dedos da persiana, punha o John Cale ao piano, pegava-te nas mãos até acordares, trazia-te o pequeno-almoço à cama, corn flakes e uma maçã verde, dançávamos como sempre fazemos, depois punha o banho a correr e ficava quieta, à espera que começasses o teu dia ao meu lado, sereno, seguro, tranquilo, pacificado contigo e com o Mundo.

Se eu pudesse, plantava ramos de alfazema mágicos que cresciam até ao fim do dia, apanhava-os e espalhava-os pela casa e desfazia folhas nas gavetas, pendurava os quadros que não sabes onde pôr, lia os teus livros e escrevia-te cartas de amor, depois sentava-me no sofá a olhar lá para fora e a pensar que não há nada melhor na vida do que amar...

Se eu pudesse os comboios andavam mais depressa, os aviões não faziam barulho, não havia portagens e as auto-estradas eram automáticas, punha um carro numa faixa e a estrada andava sozinha, chegava aí num instante, tinha tempo para estar e regressar, ou então metia-te num avião e levava-te para um lugar onde nunca fomos, tu ias de olhos vendados e tampões nos ouvidos, não sabias nada mas confiavas em tudo; então chegávamos a um canto sossegado, perdido dos homens e do mundo, deitava-te em cima de uma cama enorme e branca e amava-te durante horas e sem tempo, até adormeceres outra vez nos meus braços. E de olhos fechados, podias imaginar a vida que sonhas mas ainda não conheces, podias ver o futuro a passar-te à frente, fazias as pazes com o teu passado e percebias que podemos ter aquilo que sempre quisemos, que nada é impossível quando o que queremos é verdade e está certo.

Se eu pudesse, voltava ao princípio e ia mais devagar, falava mais e ouvia-te menos, oferecia-te um dicionário com todas as palavras que não conheces ou já esqueceste, tolerância, confiança, transigência, partilha, abnegação, construção. Depois embalava-te outra vez nos braços e esperava que o dia seguinte trouxesse atrás de si outro e mais outro e deixava a vida fluir, esquecia-me dos teus defeitos e tu dos meus e com o tempo aprenderíamos a viver um com o outro sem nos cansarmos, sem nos magoarmos, sem sombras nem equívocos...

Se eu pudesse, levava-te agora para casa, sentávamo-nos à lareira a conversar, explicava-te porque é que um dia reparei que existias e, sem querer, me esqueci do meu coração entre os teus dedos...

Se eu pudesse...mas não posso, porque ninguém caminha sozinho, uma ponte só se constrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais do que uma gota de água nesse rio parado, uma peça perdida de uma ponte desmantelada, um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos, uma folha em branco que perdeu a caneta, um estandarte sem bandeira, uma voz sem som, uma mão sem a outra. Falta-me a tua voz, o teu desejo, o teu querer, o teu poder. Falta-me uma parte de mim que te dei e que agora já não podes devolver. Um dia ainda havemos de nos entender. »

segunda-feira, abril 03, 2006

Espinha de Bacalhau – Parte 1 (Tradução: Spnaine offe Bacalau) – Parte uóne

Parecia que era de noite: aquela escuridão, aquele negrume, o soturno... Se estivesse de noite, ao menos poderia ter o conforto das estrelas. Mas ali, não. Era a ausência de luz a sua companheira. Pedras trapaceiras guinavam ligeiramente o carro. A luta com o volante era constante, violenta e o desejo de passar aquela etapa era enorme. Tão grande, tão grande que apetecia pisar o acelerador e fugir dali! Os pêlos dos braços estavam-se-lhe todos arrepiadinhos .... Ainda por cima, tinha tanta vontade, mas tanta vontade de ...mas não podia Era contra a sua educação!!! Se ao menos não tivesse emborcado aqueles litros de chá das cinco antes de ter iniciado a viagem!!!!! Mas agora, que o caldo podia entornar, tinha que se conter em nome de tudo, de todos os antepassados, das suas raízes...
A vontade era refreada pelo medo, pelo MUIIITTTOOOO MEEEEEEEDDDDDDDDDDDDDDOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sabia que se não fosse devagar, corria o risco de ter um furo no pneu e, aí sim, estava metida num grande sarilho. Um SARILHO, GRANNNNDDDDEEEEEEEEEE SSSSAAAAARRRRRRIIIIIILLLLHHHHOOOOOO!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Até porque vejai: se um pneu furasse ela não tinha mais pneus. Tinha sido já bastante duro ter que mitrar 4 pneus na candonga londrina...Mas lá conseguiu: um pneu era de um velho camião TIR, outro jazia anteriormente dentro de um carocha dos tempos nazis, o terceiro lá conseguiu retirar da velha moto Casal do carteiro da zona (com quem teve uma aventura fugaz...) e o quarto pneu era o que tinha restado da sua primeira bicicleta (seu presente de aniversário quando tinha conseguido passar da primeira para a sua classe, após 5 anos de chumbos consecutivos!).
Ia sem faróis no carro (perdão, na lata velha com rodas que tinha arranjado por 5 libras e meia, após ter dado como sinal da transacção a sua única coisa de valor: um velho mapa de Portugal). Mas confiava na sua memória para se orientar.... Donte uôrri, éveritingue ise goíne tu bi faine!! (dizia para si própria...)

Só com a sua lanterna a pilhas conseguia ver que estava com a primeira engatada e não com a marcha atrás. Se não fosse isso, não se sabe bem o que seria, mas provavelmente seria um rewind em vez de fast foward.... OU seja, em vez de regressar estava a partir, you know?

É perante as adversidades que testamos os nossos limites, dizem. (que profunda que eu, narradora, estou! Deve ser das inalações de pólen das flores dos cactos que me enviam os meus leitores-fans!!). Que pomos à prova capacidades. Que descobrimos forças e fraquezas desconhecidas. (Eu por exemplo, descobri que consigo aguentar a bexiga por 5 horas.... e isto descobri perto de uma cascata...Upa, upa!! Verdadinha, um record!!)
A cada km de estrada, mergulhava na constatação de um facto – tinha medo do que lhe ia acontecer quando os visse, a eles todos... No entanto, descobria dentro de si uma força enorme para controlar as suas emoções e para se focar no seu objectivo. Afinal, podia esperar até lá sem ter que fazer algo ao relento. Sim, seria capaz!!!!
Tentava distrair a mente do medo e da vontade de ... (shhhhhhh) e cantarolava canções de infância: ‘Olde Máque Dónalde háde a fárme, Ió, Iá, iou!! entremeado com o popular ‘Eu vi um sapo com um guardanapo...’...

Qual kitty kat perdida no mundo cão que temos, quem será esta viajante-caixeira e pobretanas que está a caminho de cá?? (É que com o nevoeiro cerrado não se vê nada!!!)
Afinal de contas: quem é, de onde vem, para onde vai este ser cheio de medo??
E será que come muita fruta? E se come muita fruta, porque é que come muita fruta? E, vou ainda mais longe: para quê que ela come muita fruta?????

Mistérios da meia-noite, com nevoeiro (fógue, em inglês) e Lua cheia....Au, Aú, Aú, Au, Aú, Aú....(tipo uivo de lobisomem, estão a ver??....)

Não percam.....ela está a caminho ... e traz óculos de sol (à noite!!! – Dahhhhh!!!)

Isto é que vai ser aqui uma bacalhoada com natas...ai vai, vai!!



Borboletas e crepes de menta e chocolate.....

Começamos a encontrar-nos no espaço virtual. Adicionaste o meu e-mail à tua lista de contactos durante um fim-de-semana que passei particularmente ocupada em frente ao computador. Estava a preparar um daqueles trabalhos que o meu patrão distribuía às quintas-feiras ao meio da manhã acompanhado do anúncio de “era para ontem, mas dou-vos até 2.ª feira de manhã às 9h30m!”. Ficávamos todos de mau -humor pois o fim-de-semana ficava logo comprometido: era impossível apresentar um bom trabalho em apenas dois dias úteis. Para piorar aquele era um dos nosso melhores clientes, o que significava trabalho a dobrar para justificar os 3.000€ por projecto!
O meu estado de espírito quando te vi on-line pela primeira vez era propício à conversa: no meio de tantas folhas de papel, balanços, DR’s e balancetes, ficheiros de Word e Excel e mais contratos e documentos referentes nem sei a quê, qualquer motivo era bom para desanuviar e fazer um intervalo. O facto de não ter de sair de frente do computador para falar contigo fez com que não me sentisse tão culpada por não estar a trabalhar com todo o afinco necessário. E depois tu estavas, como sempre, pronto a conversar com todos os que aparecessem por ali. É um dos teus pontos fortes: essa capacidade fabulosa de conversar com todos sobre qualquer coisa, conseguindo unir à volta de uma conversa pessoas diferentes com opiniões distintas e até contraditórias. O olhar intenso que projectas através desses olhos doces acastanhados é outra das tuas armas de sedução, que a para do tua jovialidade e da comunicabilidade me cativaram.
As conversas foram-se tornando diárias e cada vez mais interessantes. Eu sentia que me aproximava de ti ... que nos íamos conhecendo aos poucos em cada nova conversa.... Tudo estava a acontecer de uma forma tão rápida e intensa que dificilmente dava para acreditar que nos conhecíamos há pouco mais de três semanas.
Na segunda semana de conversas na Internet já estava em mim instituído o ritual de ao entrar em casa me dirigir de imediato ao computador, fazer o login e encontrar-te tão disponível para mim. Começávamos a conversar mal eu chegava a casa, fazíamos uma pausa para o banho, outra para o jantar e depois, muito a custo lá nos despedíamos para irmos ao café ter com o respectivo grupo de amigos. Ficava no ar, implicitamente marcado, o encontro virtual do dia seguinte. Finalmente convidaste-me para passar no café que frequentavas, a pretexto de nos reunirmos com a turminha de novo. Nem hesitei e aceitei logo o convite! Disse-te que tinha saudades do pessoal, mas omiti a falta que me fazias… na verdade ainda não o tinha percebido. Tomamos uns copos e como era sexta-feira deixamo-nos a filosofar pela noite dentro. A presença dos nossos colegas não nos impediu de nos dedicarmos uma especial e particular atenção que estava latente nos olhares que nos dedicávamos. Despedimo-nos com a tua promessa de reatar no dia seguinte a conversa entretanto interrompida. Mas não apareceste durante todo o fim-de-semana e quando me deitei no domingo sentia-me verdadeiramente incomodada com tua ausência que me parecia forçada, pois parecia que fugias à conversa mais intensa que se tinha iniciado entre copos na 6.ª feira à noite.
No dia seguinte perguntaste-me em tom de desafio porque não te falava há três dias. Disparatei tanto que sentiste necessidade de me compensar e limpar a tua imagem. Convidaste-me para um café a dois e fizeste questão de me fazer uma surpresa. Só quando estacionaste em frente à praia percebi que estávamos num dos meus locais preferidos em toda a cidade. Descemos até ao bar da praia que nos recebeu no aconchego do seu interior a meia-luz. Pediste um café para ti e de surpresa um crepe de menta e chocolate para mim. Quando vi o empregado a colocar os talheres na minha frente percebi que estavas realmente a esforçar-te. Foi uma noite agradável com uma conversa límpida e intensa. Falaste-me da tua infância e adolescência, da tua peculiar avó que ainda manda e desmanda a seu belo gosto e do teu avô adorado que já partiu. Só pela forma carinhosa com que te ouvi falar dele era capaz de te amar, se mais nenhum motivo existisse. Discutimos sonhos, objectivos, projectos de carreira e medos. Confessaste-me o teu medo da dor e do sofrimento, mas não os físicos, com esses achavas poder bem. Temias aquela dor que nos racha o coração e nos faz deambular pelas ruas e avenidas sem rumo e sem sentido. Já tinhas sofrido muito e não querias repetir, mas sabias que isso poderia ter um preço. O preço de deixarmos fugir pessoas fabulosas. Perguntaste-me pela minha maior loucura e chocou-te saber que ainda não tinha feito nenhuma – pensei para mim que estar ali contigo era de tudo o que já fiz o que mais se parecia com uma loucura. Confirmaste as tuas suspeitas: eu era uma menina de papá, certinha e atinada que sempre tinha agido de acordo com as expectativas dos outros sem me desviar um milímetro daquilo que era considerado adequado para mim. Arrepiamo-nos em conjunto quando percebemos que a primeira banda sonora da noite era da Maria Rita, a senhora que me emprestava o mote no ciberespaço. Quase que paralisamos no momento em que escolheste o meu dia de aniversário – por pura coincidência – para assinalar uma recordação. Mas foi uma paralisia e um arrepio bom que nos percorreram e nos arrefeceram de uma forma deliciosa.
Quando já me levavas para casa paraste o teu carro para nos despedirmos, mas como costume repetiam-se as deixas para a despedida. A certa altura inclinaste-te sobre mim para te despedires e começaste a beijar-me o rosto, percorrendo-o até encontrares os meus lábios…. Senti borboletas no estômago! E elas ficaram a esvoaçar desde esse momento até quando no outro dia de manhã acordamos lado a lado no meu apartamento. O sol de Inverno que, sem pedir licença, entrava pela janela do quarto brilhava de uma forma particularmente encantadora e reconfortante. Encheste-me de beijos no pescoço, pois tinhas descoberto durante a noite que os beijos no pescoço e os abraços fortes são o meu fraco. Acariciaste o meu corpo despido e lânguido que te ladeava, que te cobriu e que te recebeu. Voltei a sentir o alvoroço do esvoaçar das borboletas…. mesmo depois de teres tomado banho e saído para a reunião das 11 horas.
Prometeste que me ligavas…. Nunca mais o fizeste. Ainda te encontrei on-line uns dias depois mas escusaste-te com a desculpa de que não pretendias magoar-me. Chegaste ao ponto de me dizer que não conseguias enfrentar-me para falarmos porque isso te magoava.. porque não eras capaz de te envolver.. já te tinhas magoado... e nós íamos magoar-nos pela certa...
Perante tanto medo e tamanho receio infundado não insisti nem tão pouco contra-argumentei. Afinal de contas não devíamos nada um ao outro….
Não voltei a ver-te, nem mesmo voltaste a estar on-line, pelo que dá para perceber que me excluíste da tua vida mesmo antes de eu ter oportunidade de entrar. Dizias que tinhas medo de sofrer e à luz disso o teu comportamento tornou-se previsível. Mais do que isso, um verdadeiro cliché.Ainda andei algum tempo a tentar desculpar o teu comportamento e pensava para mim que de facto algumas pessoas deixam tamanhas marcas em nós que depois temos receio de nos abrir para novas relações... Acrescentava para mim mesma que isso já me tinha acontecido.. Até que um dia acordei, fui trabalhar, saí para o café e fui dormi.... E no dia seguinte percebi: não tinha pensado em ti nem em nós!!! Depois de almoço não resisti: fui ao café onde me tinhas levado e pedi um crepe de menta e chocolate! Saboreei-o sozinha enquanto olhava o sol através dos meus grandes óculos de sol e deliciei-me ao perceber que apesar de tudo conseguia lidar com aquelas borboletinhas pequeninas que insistiam em esvoaçar.....



PS - Aqui vos deixei um dos meus texto à Margarida Rebelo Pinto - nem sempre sou capaz de escrever com qualidade!!! Beijos