sexta-feira, março 21, 2008

quinta-feira, março 20, 2008

Equinócio da Primavera - Dia da Poesia


Poeta: uma criança em frente do papel.
Poema: os jogos inocentes,
Invenções do menino aborrecido e só.
A pena joga com palavras ocas,
Atira-as ao ar a ver se ganha ao jogo.
Os dados caem: são o poema. Ganhou.

Adolfo Casais Monteiro
Poesias Completas

E em cima, um devaneio, uma viagem imaginária à maravilhosa Holanda e aos seus mantos de flores ...


terça-feira, março 18, 2008

Em busca do momento

Uma espécie de céu,
Um pedaço de mar,
Uma mão que doeu,
Um dia devagar.

Um Domingo perfeito,
Uma toalha no chão,
Um caminho cansado,
Um traço de avião.

Uma sombra sozinha,
Uma luz inquieta,
Um desvio na rua,
Uma voz de poeta.

Uma garrafa vazia,
Um cinzeiro apagado,
Um Hotel numa esquina,
Um sono acordado.

Um secreto adeus,
Um café a fechar,
Um aviso na porta,
Um bilhete no ar.

Uma praça aberta,
Uma rua perdida,
Uma noite encantada
Para o resto da vida.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Uma estrada infinita,
Um anúncio discreto,
Uma curva fechada,
Um poema deserto.

Uma cidade distante,
Um vestido molhado,
Uma chuva divina,
Um desejo apertado.

Uma noite esquecida,
Uma praia qualquer,
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher.

Um encontro em segredo,
Uma duna ancorada,
Dois corpos despidos,
Abraçados no nada.

Uma estrela cadente,
Um olhar que se afasta,
Um choro escondido
Quando um beijo não basta.

Um semáforo aberto,
Um adeus para sempre,
Uma ferida que dói,
Não por fora, por dentro.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento..................

Pedro Abrunhosa num momento de genialidade poética e musical

quinta-feira, março 13, 2008

Paz
Na ponta dos pés
como bailarina pisando
em folhas e assombros,
costurar os dois lados da lua,
na Terra e no céu,
e no céu e na Terra
desenhar com o corpo inteiro
a palavra paz.

Alma
Será azul a voz de quem se ama?
Serão azuis os últimos pensamentos
antes do corpo
devagarinho
mergulhar no sono?
Serão azuis as mãos quando se tocam
cheias de sonhos?
Será que a alma é azul?