terça-feira, julho 01, 2008

Om Mani Padme Hum - Stupa de Swayambunath

O dia nasceu em Kathmandu enquanto Portugal ainda dormia. Após o pequeno-almoço, esperamos no lobby pelo nosso guia. Era nepalês, mas ao contrário da maioria, falava connosco em espanho em vez de inglês. Pessoalmente, preferia o inglês e mais tarde o faria falar comigo nessa língua, mas por ora, a confiança ainda por ganhar, limitava-me a escutá-lo sem - confesso - perceber algumas das coisas que dizia ...
Seguimos, então, para a primeira visita. Iríamos à Stupa de Swayambunath, o mais importante templo budista. Esta Stupa está para os budistas como Meca para os muçulmanos – informa-nos o guia, que logo a seguir nos pergunta qual a nossa crença religiosa.
Para lá chegar, fomos de carro e chegados a uma encosta, subimos uma interminável escadaria de mais de 300 degraus. À medida que aumenta a altitude respiração começa a ser custosa e náusea começou a sugir, mas tentamos ignorar os sinais do corpo.
Lá no alto, ao centro, erguemos a cabeça e no alto deparamo-nos com os Olhos de Budha, em cada um dos quatro cantos da Stupa, como que representando o olhar constante a este, oeste, sul e norte. Segundo a crença, os olhos tudo vêem, nunca dormem. No lugar do nariz, aparece antes um ponto de interrogação que é actualmente o representante do número um e que simboliza união e a única forma de alcançar a iluminação através dos ensinamentos de Buda.
Esta Stupa com cerca de 2 mil anos recebem peregrinos de todo o Mundo que rezam ao seu redor, percorrendo-a da esquerda para a direita, enquanto tocam e fazem girar os moinhos de oração – uns cilindros de aço com rezas budistas inscritas colocados nas paredes a toda a volta da Stupa. Esta foi a primeira grande surpresa: constatar o total despojamento. Reza-se ali, ao redor de uma construção em pedra, sem ornamentos, sem ouros, sem estátuas. Queima-se uns incensos no ar, oferecem-se flores e reza-se. Repete-se no ar um famoso mantra budista ‘’ Om Mani Padme Hum’’ que significa, viríamos mais tarde a descobrir, "A jóia da compaixão no lótus do coração" e que representa a pessoa do Dalai Lama. Este será um dos mantras mais poderosos usados no mundo. Os budistas acreditam que terão acesso a uma melhor vida na sua próxima reencarnação quantos mais mantras disserem e acreditam que cada reza presente em cada moinho que é girado pela sua mão, conduz essas rezas até ao céu.
Em redor da Stupa sobressaem estátuas coloridas de Buda, na sua pose habitual de meditação e de perna cruzada. Swayambunath é também conhecida como The Monkey Temple e de facto, na descida, encontramos vários macacos com as suas crias. Não me pareceram de temperamento muito fácil, por isso mantivemo-nos à distância.
A vista panorâmica que se tem da Stupa é de cortar a respiração. As colinas enchem-se de cor com as centenas de bandeiras de oração budistas que caem desde o alto da Stupa até cá abaixo. Cada cor representa um dos 5 elementos naturais. As bandeiras agitam-se com o vento e deixam-no levar as orações para longe …
Ao nosso lado, uns vinte monge tibetanos, grandes e pequenos. Em cada família é esperado que um dos filhos se torne monge budista pelo período mínimo de 6 meses, sendo que depois pode optar pela continuidade ou não. São crianças risonhas, como as outras. Com os olhos rasgados, a cabeça rapada e os pés descalços, apetece, inesperadamente, abraçá-las.
Aqui começamos a entender porque motivo muitos dizem que a sigla para N.E.P.A.L. poderia bem ser Never Ending Peace and Love: lá no alto no vale de Kathmandu, a par com o ar puro, parece respirar-se os ares de paz das orações e da fraternidade.
Em baixo algumas fotos da Stupa e no link pode ouvir-se o mantra e ver as bandeiras de oração a bailar com o vento...


















1 comentário:

Ivana disse...

E mais? E mais???