terça-feira, março 21, 2006

Tempo de Poesia

Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia.

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
António Gedeão

2 comentários:

Carminho disse...

Sim, todo o tempo é de poesia.

E o que é a poesia senão o silêncio que se diz?

Madalena disse...

Sem menosprezar o tempo de poesia que hoje se vive, ressalta-me aos olhos a última frase:

"Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia."

Todo o (meu) tempo é disto mesmo.