terça-feira, março 21, 2006

Palavras

Por que a poesia não se faz só de versos...

"Senta-se a Manhã aos pés do Mestre, agita as fraldas do vestido de claridade, começa a contar. No meio da história o Tempo adormece mas a Manhã não se interrompe pois ao debulhar a narrativa parece-lhe escutar a voz carinhosa do Vento, vê a expressão de súplica nos olhos malandros. Vento vagabundo e sem pouso, onde andará? Em que recanto do mundo, bisbilhotando, desnudando árvores, varando nuvens, perseguindo a Chuva em correrias pelo céu para derrubá-la por fim no pasto verde? Íntimos, demasiadamente íntimos o Vento e a Chuva, companheiros de vadiagem. Somente companheiros? A Manhã franze a testa, de repente preocupada."

Jorge Amado - O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, uma história de amor.

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