sexta-feira, maio 21, 2010

What’s up NYC?

O primeiro contacto que se tem com o povo americano é logo de uma grande intimidade. Um tu-cá-tu-lá que permite aquele à vontade que nos leva a ficar descalços e despirmos alguma roupa. Como recordação deste nosso primeiro contacto até deixamos de boa vontade uma fotografia nossa de rosto e, como bónus, a nossa impressão digital. Falo, claro está, do ponto de controlo do aeroporto.
O tratamento informal é, desde logo, um convite a este à vontade: ‘’Where are you guys from?’’ – questiona o super cool funcionário, enquanto observa com espanto um dos passaportes que tem selos de sítios tão remotos como o Nepal, Moçambique, Angola, Brasil, entre outros.
‘’From Portugal’’ – respondemos, num misto de cansaço e euforia.
Porém o cansaço fica barrado na alfândega, ele não tem visto de entrada em Nova Iorque, pelo que a primeira lufada de ar fresco que se apanha à saída do aeroporto serve perfeitamente como fonte de energia! Há uma fila de pessoas para apanhar um táxi e temos que nos juntar a elas. A organizar a fila e a coordenar os táxis com as pessoas encontramos um indivíduo alto, negro com um tom de voz que eu juraria, se não lhe tivesse visto o rosto, pertencer ao James Earl Jones!
Decidido a despachar o máximo de pessoas no mínimo tempo possível, percebemos de imediato que com o our pal Mr. ‘’Jones’’ não ficaríamos na fila por muito tempo.
E assim foi … Num abrir e fechar de olhos, estávamos a caminho do hotel. As indicações de morada têm que ser precisas, nomeadamente o cruzamento exacto do número da Rua com o da Avenida. É que, por um lado, a cidade é gigantesca demais para apenas se poder dizer o nome da Rua ou do Hotel e esperar que o taxista conheça ( a menos que se fique no Plaza ou no Waldorf Astoria, claro).
E, por outro, quase todos os taxistas – como constatamos mais tarde – necessitavam eles mesmo de orientações, porque pareciam conhecer a cidade tanto quanto nós. A grande maioria é emigrantes a quem puseram um volante numa mão e um ‘’desenrasca-te’’ na outra. E eles safam-se como podem… E às vezes são mal-educados e noutras tentam levar dinheiro a mais, argumentando que a ‘’Tip’’ é extra.
Por isso mesmo, a primeira frase a trocar quando nos cruzamos com um taxista no nosso caminho é: ‘’Put the metter on please’’.
Chegar à noite tem uma mística muito maior do que se fosse ainda de dia, porque as luzes dão uma vida inigualável à cidade. Após um rápido e simpático check-in no fabuloso hotel, não hesitamos em meter pés ao caminho e simplesmente just follow the lights: on our way to Times Square!

Á saída do Hotel pára uma limusina preta, enorme. O elevador apita e dele saem quatro jovens vestidas com roupas elegantíssimas e frescas. A noite era fria e o vento cortante, mas elas não pareciam importar-se. Sorridentes, entraram no limo e seguiram caminho. Espectadora de bancada, assisti deliciada à cena. Afinal, don’t the girls just have to have fun? Yes, they do!
Lá metemos pé ao caminho. O engraçado é que a sensação que se tem, a cada passo dado, é que aquilo tudo nos é familiar. Os filmes e as séries para isso contribuíram, claro está. Até podia pensar que, noutra vida, fui uma nova-iorquina, mas não. Manhattan foi-me apresentada por Woody Allen e por uma série de realizadores e produtores. Não pelo Além, decididamente!
Dizia eu que não existe uma estranheza por ser um local novo. Pelo contrário, é como que um reconhecimento do terreno: sim, os yellow cabs iguais aos dos filmes e dançam ao sabor das lombas nas ruas de alcatrão em obras; sim, os postes de sustentação dos semáforos são longos e parecem frágeis se agitados pelas fortes correntes de vento; sim, os edifícios são tão altos e imponentes que para olharmos para o seu topo, todo o nosso pescoço se contorce; e, sim, a Lua é linda no céu de Nova Iorque.
A poucos quarteirões, passado o Bryant Park e o espanto com o facto de as avenidas serem tão amplas eis que Times Square se revela.
A familiaridade é completamente engolida pelo assombro. Uma coisa é vermos Times Square num ecrã de algumas polegadas, numa foto, num postal. Outra, completamente diferente, é estar em plena Times Square e sentir o coração a bater de emoção como se tivéssemos aterrado no país das Maravilhas! Os nosso olhos simplesmente não param quietos, saltam de ecrã em ecrã, estupefactos com as dimensões gigantescas dos LCD’s e com a vivacidade das cores. Há cor, luz imensa, informação em toda a parte: uma lagartixa que nos dá conta das ultimas novidades do desporto; noutro placar, índices bolsitas; noutro – gigantesco – a yahoo e outras marcas infindáveis fazem publicidade como que a gritar ‘’Pick me, pick me!!’’ de tanto espalhafato que fazem os neóns!!
É absolutamente espectacular e obviamente que percebemos que era sítio a explorar com maior atenção durante os dias seguintes. O impacto desse momento foi brutal e avassalador.
Foi a melhor forma de NYC nos receber e nos dizer ‘’What’s up, you guys?’’.
Nós sorrimos-lhe, tal qual crianças na Euro Disney, abandonamos o corpo e deixamo-nos caminhar e rodopiar naquele bailado de pessoas, cor e luz!
Antes da noite acabar e porque era mesmo preciso amanhecer cedo para aproveitar ao máximo, eis a primeira experiência: o Bubba Gump, ali mesmo em Times Square – a derradeira experiência de atendimento country, com música country à mistura e muitos smoothies deliciosos (e calóricos, diga-se!). Mas, depois de uma refeição sofrível no ar, nós merecíamos saborear aquela visão de Times Square com uma bebida refrescante a acompanhar!
No regresso ao Hotel, os planos borbulhavam nas nossas mentes. Esperava-nos um roteiro ambicioso em termos de tempo disponível e exigente em termos físicos.
No entanto, isso não iria ser problema: o cansaço ficara retido lá atrás e NYC não dorme mesmo!






2 comentários:

Filipa disse...

A minha primeira imagem de NY também é Times Square. Fomos a correr para lá... e é, de facto, arrebatador :)

Madalena disse...

e mais?