sábado, outubro 21, 2006

E de repente...

Durante um directo, a repórter aborda Aznar questionando-o sobre o problema do país Basco. Ele escrevinha algo importante num papel, termina a tarefa e, começando a esboçar um sorriso, trata de lhe enfiar a caneta pelo decote abaixo. Continua o seu caminho, não dizendo palavra, e não sem antes lhe lançar um sorriso assumido e cúmplice.
Ela reage voltando – se para a câmara, demonstrando a sua consternação. Não sabe que fazer, que dizer…

Também fiquei assim e não tive uma caneta pelo decote abaixo de forma inesperada… mas depois dei por mim a pensar: o que levou este homem a fazer isto? O que lhe passou pela cabeça?
E depois percebi. Dei por mim a sorrir como ele. Genial senhor Aznar! Admirável essa sua capacidade de clarificar prioridades. Como quando estamos tão cansados de alguma coisa, quando um problema nos parece maior que o mundo, e estamos fartos das perguntas que constantemente nos fazem. Nessa altura, ser capaz de fazer algo assim, capaz de desviar a atenção do interlocutor para algo que, naquele momento, lhe parece muito mais importante e interessante.
Não sei se ele lhe deveria, politicamente, responder à pergunta enquanto representante de um Governo, se ela o provocou despropositadamente, enfim, não sei o grau de razão em ambas as partes. O que sei é que este gesto me vai ficar na memória pela sua espontaneidade, pela sua traquinice. Aznar pareceu gritar nesse segundo de loucura: “Não quero! Não faço. Eu posso!”.
Compreendo o despeito (ups… piada fácil…) da repórter no momento. Os movimentos feministas estão ao rubro. Gritam a plenos pulmões: “Se fosse um jornalista ele não reagiria assim!”. Dá vontade de lhes enfiar a todas uma caneta pelos decotes abaixo…

Agora, à distância do tempo, só me ocorre que, se fosse comigo, gostaria de ser também capaz de lhe responder à altura. Voltar-me-ia para a câmara e diria: “Aznar responde assim simbolicamente: a caneta é mais forte que a espada.” Daqui é tudo.

1 comentário:

Carminho disse...

Gostei sobretudo do sentido prático do Aznar.
Precisava de um local para colocar a sua caneta ora pois bem, foi criativo. Un decote es por supuesto muy polivaliente!

Será que irá pedir a caneta de volta à jovem? Hummmm....