segunda-feira, agosto 20, 2007

Os Diários do Volvão - 1


A meio da primeira semana de férias começou esta nossa aventura.
Apenas munidos de um mapa lá nos fizemos à estrada, rumo ao Sul, a bordo do Volvão.
Sem data ainda definida de regresso despedimo-nos dos mais próximos com promessas de ir dando noticias diárias.
Sul de Espanha: Aqui vamos nós!
A cantilena é sempre a mesma...
- Onde vais? VOU DE FÉRIAS!! (gritamos com euforia).
- De onde é que vens? Venho de férias...(dizemos com vontade de mais...)

Mas, por ora, ainda nos fazíamos à estrada. O primeiro destino estava já definido: Sevilha. Sabíamos que queríamos evitar as portagens e escolhemos a melhor rota.

Com o Porto a afastar-se e os sons da música chill-out a invadirem-nos a alma lá fizemos a primeira centena de kilómetros. Chegamos ao destino ainda era de tarde.
Estava bastante quente em Sevilha, como esperávamos. O objectivo era agora, antes de tudo o resto, assegurar dormida para essa noite.
Estacionamos e fomos directos ao Posto de Turismo onde nos forneceram um mapa com uma zona de dormitório delineada. À beira rio, respirávamos os primeiros ares desta cidade já em pleno pôr do sol. Ali voltaríamos mas para já o hotel, hostal, enfim, uma cama para a noite.
Atravessamos as primeiras calles sevilhanas. É um centro urbano, sem dúvida. Lá ao longe algo me arranca o primeiro sorriso: um Starbucks! Senti saudades de um latte matinal em Barcelona ...
Avistados os primeiros hotéis, entramos e logo começa a palavra que durante alguns dias ouvimos muitas vezes: COMPLETO!
Já sabíamos que assim o seria. Não estivéssemos nós em Agosto...Mas como a falta de tempo é coisa que não existe em tempo de férias lá continuamos com a busca. Numa ruazinha de paralelos a lembrar a nossa baixa, lá avistamos uma placa de HOSTAL.
Ao cimo das extensas e estreitas escadas, um homem dormitava numa cadeira em verga.
- Perdon – lá dissemos.
O senhor lá saltou da cadeira e sorridente lá nos cumprimentou. Tinha quartos livres e lá fomos espreitar um. Mais um lance de escadas e eu já pensava que ia ser duro carregar a mala (ainda que pequenina ) até ao ‘cume’. Chegados ao quarto, abrem-se duas portadas e revela-se algo modesto mas que para uma noite pareceu suficiente. Lá nos mostrou o quarto de banho e como o preço era bastante barato, rapidamente fechamos com o homem.
Dinheiro à vista e efectuadas as fichas, lá fomos embora, ansiosos por explorar Sevilha.
Tempo, primeiro, para um refresco. Pedi a água com gás mais cara de sempre: uma Perrier que me custou os olhos da cara!! Mas pronto, percebi que em Espanha, para além da água com gás cara, não tens um pingo nem um carioca de limão de jeito (aliás. o que é um carioca de lémon??!), em que o açúcar te é dado em cubos e onde se queres torradas com manteiga tens que as barrar tu porque o máximo que te fazem é tostar o pão ate ficar preto.

Em Espanha, comecei a adorar todos os cafés e tascos de Portugal – ao menos sabem o que é um galão e uma torrada! Viva o café do Sôr Manel!


Baixa Sevilhana ( se é que assim se lhe pode chamar) – fomos andado e as lojas de sempre foram aparecendo: Zara, Mango, Calzedonia, ... e, ao fundo, o El Corte Inglés (presente, aliás, em todas as cidades que visitamos). Nada que nunca tenhamos visto. Ao nível da restauração têm o que cá temos, tirando alguns restaurantes mais típicos de tapas e alguns de kebab.
Aproveitamos o ar cosmopolita e tiramos algumas fotografias.
Já a noite caía e fomos jantar.
Pizza Hut foi a escolha. Tão somente porque os restaurantes que visitamos estavam ainda fechados e a fome já apertava.
Convictos de que a Pizza Hut é igual em todos os locais e imaginando uma Pizza Cheese Ham com os novos Cheesy Bites, lá entramos naquele que seria o pior erro de casting gastronómico destas férias. As pizzas são diferentes, a carta é pobre, pobrezinha, paupérrima... Lá arriscamos numa Amantes da Carne ou algo do género e tivemos a oportunidade de degustar a pior pizza de sempre! Para a posteridade ficaram as fotos da mesa cheia de pizza ratada (já que tivemos que lhe tirar grande parte da cobertura para se tornar comestível). Não tinham pratos, nem talheres, por isso, foi comer à selvagem!!
Ter os caninos e os incisivos foi importante para esta refeição – pensei eu.

Incrédulos com a cena, fomos caminhar à beira rio. No horizonte uma ponte. Um cenário calmo. Muitas charretes passeavam os turistas e ainda que nos sentíssemos tentados a fazer o passeio, já era tarde e decidimos ir explorar um pouco de Sevilha by night de coche (outro nome dado ao Volvão :)). Paramos ao ver a Plaza di Spana que enchia uma rua inteira, de tão imponente. Ao centro uma enorme fonte. Um majestoso edificio, muito trabalhado, com duas torres postas em cada lado e uma enorme escadaria cheia de ladrilhados, lá nos apercebemos que aquele era um local muito significativo para a realeza, a julgar pelas marcas no chão. Cada pedacinho tinha o simbolo de cada rei que já governara Espanha. Muito bonito, mesmo. Não fossem as armadilhas mal cheirosas dos cavalos das charretes, qual minas!, teríamos estado mais um tempo por ali a explorar. Mas valeu a pena.
De regresso, tempo houve para nos destraumatizar da maléfica pizza e saboreamos um delicioso crepe na Haggen Daas.
Chegados finalmente à hospedaria, lá subimos as escadas e entramos no quarto.
Subitamente, começamos a abrir os olhos e detectamos que os móveis estão um pouco danificados (coisa pouca...faltam-lhe pedaços de madeira, coitados..), a casa de banho é, como direi, sujita e a água quente escasseia...
Ups! – pensamos. Primeiro erro de casting de dormida...

- Mas, em férias, tudo parece um castelo, até uma espelunqueria!

Espelunqueria (subs. masc. sing.) - neologismo criado por Carminho Porcini especialmente para designar o hostal onde pernoitou com o seu amado Bilha em Agosto de 2007.

Até amanhã!
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2 comentários:

Ivana disse...

Que foto bonita!
Faz-nos esquecer a espelunqueria... também, vocês são exigentes... água quente para quê? a mania dos luxos é o que é...

Unknown disse...

Também eu pensava que Pizza Hut era igual em todo lado!! Engano puro.. Também aqui a carta é pobre... Até nestas coisas dá para ter saudades de Portugal!!
Mas depois destas experiências acabas por experimentar coisas novas de outros países até(mal por mal.. ) e até descobres que gostas e olha, ganhas com o mal da Pizza Hut não ser igual em todo o lado!!!