segunda-feira, setembro 10, 2007

Sobre quem já não me lembro de ter sido ...

A distância que se cria entre duas pessoas não se confina à métrica temporal nem espacial. Transcende ambas. Dizes que um dia seguido do outro e de mais outro e outro e assim por diante havia sido o motivo que levava a que há mais de 3 anos não nos mantivéssemos em contacto.
Invocas que esse é o melhor motivo e que não há nenhum outro válido senão a inevitável contagem dos dias.
Leio-te e penso e abano a cabeça. Vejo que não compreendeste nada, que o tempo passou mas que em ti nada mudou. Enganas-te. Apercebo-me pelas tuas palavras que estás prestes a distanciar-te fisicamente daqueles que mais amas, que vais mudar de país. Presumo que te vejas na necessidade de resgatar afectos, que te encontras fragilizada.
E, apesar de compreender que essa tua necessidade se limita pelas barreiras do teu ser, faço-te a vontade. Envio-te, com um clique, não as palavras de afecto que esperas receber, mas apenas aquelas que me são genuínas. Palavras de optimismo pelos dias que hão-de vir. Essas podes levar contigo. O resto – que quase nada é, que se resume a umas memórias de algo ou alguém que nem sei bem quem fui - fica comigo, guardado cá dentro, naquele recanto perdido. Os motivos nunca são suficientes bons para um distanciamento – dizes.
E eu digo que por vezes é tarde demais para nos resgatar-nos a nós próprios. As pegadas que deixamos para trás foram já apagadas pelas ondas do mar.
E que o afastamento daquilo que um dia fomos é irreversível ...

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