quarta-feira, abril 30, 2008

Parte I - Em terra de corsários






Em terra de pescadores, os dias pareceram longos e pensativos.

Deslizando pelas ruas da cidade, as histórias contadas nos rostos que me olhavam levavam-me para o tempo em que os corsários irrompiam nos fortes e os maiores tesouros eram trocados por sonhos por mercadores da alma.
Debrucei-me sobre a vida em cada miradouro, enquanto sugava o mar e o céu com o olhar. Os gritos das gaivotas lembravam-me que o pedaço de terra que pisava era feito de um vulcão que cuspira as entranhas da terra.


Ao se encrostarem nessa terra de lava sólida, os habitantes sabiam que os desígnios dos deuses eram tremendos e secretos. Assim, por toda a ilha pululam as imagens dos santos que me segredavam à passagem nas ruas estreitas e escuras de basalto.

E os deuses, lá onde estão, gravitando em torno do humanos como quem anseia tramas e enredos, envolviam-me lenta mas solidamente desde os cumes das árvores neste desejo de histórias.
Ponderei a minha âncora, a minha memória, e o sorriso cresceu dentro de mim. Era farol, era navio, era o mar.

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