Tempo de Poesia
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia.
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
António Gedeão
2 comentários:
Sim, todo o tempo é de poesia.
E o que é a poesia senão o silêncio que se diz?
Sem menosprezar o tempo de poesia que hoje se vive, ressalta-me aos olhos a última frase:
"Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia."
Todo o (meu) tempo é disto mesmo.
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