"Cada um de nós possui qualquer coisa de especial, que se revela numa determinada altura da nossa vida, e só uma vez, como uma pequenina chama. As pessoas precavidas, abençoados pela fortuna, conservam religiosamente essa chama, fazem-na crescer, usam-ma como uma tocha que ilumina as suas vidas. Mas uma vez apagada, ela não voltará nunca mais a acender-se."
(Sputnik meu Amor, de Haruki Murakami)Que fazes tu com a tua chama?Que fazes tu no momento em ela se acende?Como a luz intermitente de um farol que rompe a névoa...
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
terça-feira, março 07, 2006
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2 comentários:
Eu penso que essa chama não se acende no decurso da vida...
Para mim, a chama é a vida!
O alimentar não diria do fogo, mas antes da luz, da sua intensidade, isso, sim, depende do nosso esforço, da nossa dedicação neste pedaço de ser e de vida que vamos sendo a cada instante.
Muito bonita esta passagem do Sptunik - aguçou a curiosidade de o ler...
Beijos
Como diria alguém conhecido:
"a única razão de ser de um ser... é ser"
E o que é ser senão viver!
A minha chama também é a vida, o que acontece é que por vezes o vento sopra e torna-a um pouco mais vulnerável.
Algumas dessas vezes o vento persiste e a chama vai tornando-se ainda mais fraca, ate´que repara que se mudar de posição, lugar ou estratégia volta a sua chama original.
Para além disto tudo, existe ainda o sol, que por mais dias que possa se esconder, lá aparece para que não esqueçamos a sua existência, para aquecer o vento e para ajudar a chama!
Mas sim, ela um dia apagar-se-a, mas não sei se não voltará nunca mais a acender-se!
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