sábado, maio 29, 2010

Naquele final de tarde, em que estavamos completamente cansados e com os pés e pernas doridas de tanto caminhar, sentamos-nos todos nas escadas da St. Patrick's Cathedral.
Entramos na Igreja e assistimos à missa. Ali escutamos, ali rezamos. Ali, em silêncio partilhado conversamos com Deus.
Aquando da comunhão, lembro-me de ele ter hesitado. Disse-me que não ia comungar, que não se confessava há muito. Sorri e disse-lhe: Anda Tiago, que só a Deus te deves confessar e acredita que a ti Ele perdoa tudo.
Ele sorriu e foi comungar.
O mesmo Deus que esta madrugada, sabe-se lá porquê, decidiu que a vida do nosso companheiro de viagem e de vida, o Tiago, terminava de forma incompreensível e prematura.
Da mesma forma que ele naquele dia confiou na infinita bondade de Deus, eu preciso e quero acreditar que esta vida não é tão injusta ... Neste momento, está-me a custar tanto!!!
Preciso e quero acreditar que tu, nosso AMIGO querido, não sofreste na tua hora de partida ...
Preciso e quero acreditar que a dor que hoje vi no rosto da tua família há-de encontrar algures algo que a atenue e apazigue, porque a morte de um filho não é normal, é uma brutalidade, uma monstruosidade!!

A única certeza que temos é que carregaremos hoje e sempre nas nossas vidas as memórias de todos os momentos que partilhamos e guardaremos com muito carinho o teu exemplo de vida.
Muito Obrigada pela tua Amizade. Foi um prazer e um orgulho termos sido teus amigos.

Estejas onde estiveres, recebe o nosso Abraço infinito e eterno.

(Nunca me esquecerei de foste tu quem me explicou a história do Phantom of the Opera ...)

sexta-feira, maio 28, 2010

Day One

Abrir os olhos após um sono profundo e constatar que se está em NY City é como se alguém se tivesse virado para nós e nos desse a notícia: «Acabaram de ganhar o Euromilhões!» de tanta felicidade que se sente!
A novidade e a ansiedade de partir à descoberta são os melhores estimulantes que existem, porque não foi preciso qualquer despertador e, ainda que tivéssemos dormido escassas horas , estávamos frescos que nem alfaces!
Apesar do ponto de encontro no pequeno-almoço estar combinado para as oito e meia da manhã, fizemos questão de acordar mais de uma hora antes para desfrutar tudo aquilo que aqueles escassos metros quadrados de quarto poderiam oferecer. A este momento, um sorrisinho maroto desenha-se provavelmente nas vossas caras. Pois bem, nas nossas caras esse sorriso era rasgado e super feliz!
Abrir as grossas cortinas e deixar entrar a luz pelo quarto adentro, olhar em frente e espreitar para cada janelinha dos prédios em frente e deixar-me ali estar como voyeur por uns instantes a imaginar o dia-a-dia daqueles anónimos, era fabuloso.
Enquanto tomávamos um duche, escutávamos as notícias na televisão: relatavam o estado caótico dos aeroportos europeus e falavam no caso português, com todos os voos cancelados.
Tinha sido mesmo por um triz! No dia anterior, percebêramos que as coisas estavam a complicar-se e que a nuvem de cinzas estava a ameaçar deixar muita gente em terra.
A sorte estivera connosco, havia que admitir e, por isso, era bem que aproveitássemos ao máximo!
Ao descer para o pequeno-almoço, o elevador foi parando em vários andares e é curioso que, se cá não existe um comportamento uniforme de cumprimentar as pessoas quando se entra ou sai de um elevador, lá verifiquei que não só se saúdam as pessoas como se começam animadas conversas matinais:
«Hi! Going downstairs?» - uma simpática velhinha pergunta, enquanto entra no elevador acompanhada de mais quatro amigas.
«Yes, we are» - respondemos e calamo-nos, caladinhos como se faz cá na nossa terrinha.
«Oh, your shirt is lovely!» - diz-me ela na maior das naturalidades.
«Oh … actually is a dress …» - respondo eu, contorcendo-me logo a seguir pela resposta estúpida que acabara de dar face a um comentário tão simpático.
É outro hábito da nossa terrinha: não estamos habituados nem a conversas de elevador com desconhecidos, nem a elogios rasgados e espontâneos.
Ela pareceu não se importar muito e continuou a falar comigo: «Well, it’s very nice. It looks very comfortable »
«Thank you, I like it too». – respondi.
Entretanto, não houve tempo para maior confraternização, porque chegáramos à sala de pequenos-almoços.
E que sala! Frutas frescas laminadas e variadas entravam em grandes travessas, havia copos de plástico com a tampinha ‘’à Starbucks’’ para podermos servir-nos de café e leite. A variedade de pães e muffins era enorme e havia ainda os típicos croissants e cereais de pequeno-almoço.
Mas, o que fazia as nossas delícias matinais eram mesmo os iogurtes com cereais e fruta à mistura. Chegavam em copinhos de plástico transparente, fechados e, assim que a funcionária os colocava na mesa comprida era ver toda a gente das mesas em redor a levantar-se e a, de forma elegante mas apressada, tentar agarrar dois ou três daqueles iogurtes deliciosos!

De pequeno-almoço tomado e já cá fora, tempo de marchar até ao Museu de História Natural. Nas ruas via-se pouca gente. Era cedo, era domingo e de certeza que muita gente se estaria ainda a deitar depois da farra nocturna. O frio era cortante, pelo que o casaco andava sempre com as golas levantadas. Rapidamente, o batom de cieiro tornou-se no nosso melhor amigo. As ruas são, ao contrário do que imaginava, muito largas pelo que os arranha-céus não parecem tão ameaçadores, nem impedem que a luz do sol apareça.
Para chegarmos até ao Museu, tínhamos que apanhar o Metro. Se a Nova Iorque à superfície é bonita e moderna, no sub-solo a coisa perde completamente o glamour. A estação era velha, com as entranhas à mostra: tubagens velhas e apodrecidas, ferrugem e pinturas a estalar em todo o lado. As bilheteiras parecem autênticas casas fortes. Do outro lado de um vidro espesso está uma pessoa que nos fala por um intercomunicador. Dois pensamentos imediatos: isto deve ser perigoso e daí a fortaleza e, logo depois, um dia ou noite inteiros enfiado naquele cubículo subterrâneo, benza Deus!
Entender o mapa do metro e todo o emaranhado de ligações não é fácil. Não é tão intuitivo e imediato como, por exemplo, o Tube londrino.
A caminho do museu não pudemos deixar de nos rir com o apelativo cartaz colado no interior.
A acompanhar a imagem de uma família sorridente – pai, mãe e filha abraçados – com um táxi amarelo por detrás, aparecia o slogan: «Come to Manhattan and have a great life parking cars! e, mesmo ao lado, a respectiva tradução hispânica. E, por baixo enunciava as regalias associadas. Não só um salário, como gorjetas, prémios mensais e seguros.
-Olha, o Rui Rio ainda não sabe disto de certeza que ele ia ter logo o problema dos arrumadores resolvido! Recambiava-os logo para cá! – não pudemos deixar de comentar e sorrir com aquilo.

Chegados ao Museu de História Natural, compramos facilmente os bilhetes e acedemos, em conjunto com várias famílias e muitos pequeninos, a um Mundo fantástico em que a origem das espécies e da vida nos vai sendo relatada de forma imponente. Desde a formação das galáxias, até às espécies animais e vegetais e povos de todo o Mundo, tudo está lá para ver em e, muitas vezes, à escala real. É impossível relatar tudo o que se vê num Museu, porque há muita coisa que a retina não consegue apanhar, ora porque o tempo não permite, ou porque o interesse nos foge para outra direcção. Mas posso dizer que imperdível é a sala onde está representado o homem primitivo, desde a sua origem e evolução através dos primeiros tempos e que outro grande momento é passado na famosa Sala que alberga as ossadas dos grandes dinossauros. Para quem viu o filme ‘’Uma noite no Museu’’ esta Sala é a mais familiar. Para além da grandiosidade dos dinossauros, é impossível deixar de ficar fascinado com as citações inscritas nas paredes, todas elas proferidas pelo Presidente Roosevelt. Fotografei quase todas mas estas foram as minhas favoritas:
«Youth: I want to see you game, boys, I want to see you brave and manly, and I also want to see you gentle and tender. Be practical as well as generous in your ideals. Keep your eyes on the stars and keep your feet on the ground. Courage, hard work, self-mastery, and intelligent effort are all essential to successful life. Character, in the long run, is the decisive factor in the life of an individual and of nations alike.». É incrível como as palavras são tão actuais! Até ao final do dia, aquela frase bailava na minha mente: Keep your eyes on the stars and keep your feet on the ground.
À saida, ficamos com a sensação de que o Museu é fantástico e que, para qualquer criança, é uma excelente e gigantesca sala de aula! No entanto, há salas em que já não valorizamos tanto porque já tivemos oportunidade de ver as coisas em carne e osso, como é a da selva. É nesses momentos que nos lembramos e somos relembrados, maliciosamente pelos nossos companheiros de viagem, das nossas aventuras e desventuras passadas há quase dois anos no dorso de um elefante!
Tempo de seguir para o Metropolitam Museum of Art ou, simplesmente, Met. A entrada é logo majestosa, com uma enorme escadaria. Muita gente a subir e a descer fizeram-nos desconfiar que comprar bilhetes seria uma tarefa difícil mas não! Visitar o Met é um desafio longo, porque tudo tem interesse! Para além disso, é também uma grande caminhada! No entanto, o que ficou retido como algo imprescindível são as salas egípcias que tem um recorte de uma pirâmide em que vale a pena entrar para ver as fabulosas pinturas. Fantásticos são também os sarcófagos e toda a arte egípcia que nos deixa boquiabertos perante a sua minúcia e beleza. A área dedicada à Grécia é também avassaladora, mais uma vez com representações fantásticas e in loco da arquitectura e estatuária gregas.
Em cada sala e corredor vai nos sendo contada um pouco da História da Arte de todos os povos (grego, egípcio, islâmico, africano, americano, asiático, medieval, …) até aos nossos dias, embora a Arte Contemporânea em todo o seu esplendor estive reservada para ver no MoMa (Museum of Modern Art). Há salas maravilhosas e os quadros dos grandes nomes estavam lá. Curiosamente, Picasso estava em destaque quer no Met quer no MoMa. Entre os dois Museus, é difícil de escolher um preferido. O MoMa foi uma experiência mais familiar, porque a colecçção é muito semelhante à que se vê na Tate Modern e o espanto da novidade já tinha sido experienciado lá. Porém, a modernidade de um acaba por ser tão fascinante como a antiguidade do que o outro expõe, por assim dizer. E perder uma visita a estes dois Museus é deixar riqueza fugir entre os dedos. É cansativo? É, sobretudo para as pernas e pés. Mas vale cada bolhinha do pé!
E depois de alimentada a mente, tempo para alimentar o corpinho! A escolha do local foi ao acaso. Foi, no entanto, muito feliz, porque acabamos por escolher uma simpática pizzaria perto da Madison Avenue (uma zona residencial abastada e muito recatada de Manhattan). Muito ao estilo de um Al Forno de cá, as pizzas e calzones são feitas à frente do Cliente e a carta é, para quem é amante como nós da cozinha italiana, uma verdadeira tentação!
Entre conversas, risos, pizza, amor e alguma fantasia lá recuperamos energias e partimos em direcção ao Central Park!
Entrar no Central Park é entrar noutra dimensão. É chegar e assistir a uma explosão de verde! Os jardins são gigantescos e muito bem tratados. Havia imensa gente a jogar softball, a namorar, a fazer jogging (como eu imaginava!), a passear (como nós) ou nas esplanadas. É engraçado ver os esquilos a correrem frenéticos de um lado para o outro em busca da sua bolota. Como fazia frio, alguns tinham-se lembrado (e bem!) de levar a bela da mantinha de casa e estavam enroscadinhos e quentes a escutar a grande banda que espalhava música naquele ambiente de pura tranquilidade. No bom tempo, fazer um pic nic no Central Park deve ser uma experiência imperdível mas contentamo-nos em apenas passear. As famosíssimas pontes pedonais logo surgem e lembram-nos logo cenas de filmes como o Home Alone ou outros. Mais uma vez, a imagem era familiar. Passamos por um enorme lago onde boiavam pequenos veleiros controlados à distância por pessoas que estavam na esplanada. Continuávamos a caminhar quando nos apercebemos de um grupo de pessoas vestidos com um estilo rap a chamar as pessoas para se juntarem a eles. No chão, estava um rádio leitor de cassetes daqueles antigos que passava Michael Jackson. Chamavam-nos porque o espectáculo ia começar e pediam-nos que nos sentássemos a assistir. Curiosos, fizemos a vontade e valeu a pena tê-lo feito. À nossa frente, um grupo de seis adultos e um miúdo dançaram até se fartar e foram fenomenais. Iam interagindo com o público e dizendo piadas. Tudo com uma qualidade que nos deixou incrédulos. No final, pagamos o que quisemos. Foi mais que justo! Aplaudimos com vontade!
Já a caminhar de regresso ao Hotel, para descansar um pouco e preparar-nos para Jantar, fizemos o balanço de um dia cheio de imagens e sensações. Um dia já tinha passado e depressa e isso dava ainda mais vontade de aproveitar cada bocadinho, antes que o sonho terminasse!

quarta-feira, maio 26, 2010

Untitled

"May today there be peace within. May you trust that you are exactly where you are meant to be. May you not forget the infinite possibilities that are born of faith in yourself and others. May you use the gifts that you have received, and pass on the love that has been given to you. May you be content with yourself just the way you
are. Let this knowledge settle into your bones, and allow your soul the freedom to sing, dance, praise and love. It is there for each and every one of us.", by unknown.

sexta-feira, maio 21, 2010

What’s up NYC?

O primeiro contacto que se tem com o povo americano é logo de uma grande intimidade. Um tu-cá-tu-lá que permite aquele à vontade que nos leva a ficar descalços e despirmos alguma roupa. Como recordação deste nosso primeiro contacto até deixamos de boa vontade uma fotografia nossa de rosto e, como bónus, a nossa impressão digital. Falo, claro está, do ponto de controlo do aeroporto.
O tratamento informal é, desde logo, um convite a este à vontade: ‘’Where are you guys from?’’ – questiona o super cool funcionário, enquanto observa com espanto um dos passaportes que tem selos de sítios tão remotos como o Nepal, Moçambique, Angola, Brasil, entre outros.
‘’From Portugal’’ – respondemos, num misto de cansaço e euforia.
Porém o cansaço fica barrado na alfândega, ele não tem visto de entrada em Nova Iorque, pelo que a primeira lufada de ar fresco que se apanha à saída do aeroporto serve perfeitamente como fonte de energia! Há uma fila de pessoas para apanhar um táxi e temos que nos juntar a elas. A organizar a fila e a coordenar os táxis com as pessoas encontramos um indivíduo alto, negro com um tom de voz que eu juraria, se não lhe tivesse visto o rosto, pertencer ao James Earl Jones!
Decidido a despachar o máximo de pessoas no mínimo tempo possível, percebemos de imediato que com o our pal Mr. ‘’Jones’’ não ficaríamos na fila por muito tempo.
E assim foi … Num abrir e fechar de olhos, estávamos a caminho do hotel. As indicações de morada têm que ser precisas, nomeadamente o cruzamento exacto do número da Rua com o da Avenida. É que, por um lado, a cidade é gigantesca demais para apenas se poder dizer o nome da Rua ou do Hotel e esperar que o taxista conheça ( a menos que se fique no Plaza ou no Waldorf Astoria, claro).
E, por outro, quase todos os taxistas – como constatamos mais tarde – necessitavam eles mesmo de orientações, porque pareciam conhecer a cidade tanto quanto nós. A grande maioria é emigrantes a quem puseram um volante numa mão e um ‘’desenrasca-te’’ na outra. E eles safam-se como podem… E às vezes são mal-educados e noutras tentam levar dinheiro a mais, argumentando que a ‘’Tip’’ é extra.
Por isso mesmo, a primeira frase a trocar quando nos cruzamos com um taxista no nosso caminho é: ‘’Put the metter on please’’.
Chegar à noite tem uma mística muito maior do que se fosse ainda de dia, porque as luzes dão uma vida inigualável à cidade. Após um rápido e simpático check-in no fabuloso hotel, não hesitamos em meter pés ao caminho e simplesmente just follow the lights: on our way to Times Square!

Á saída do Hotel pára uma limusina preta, enorme. O elevador apita e dele saem quatro jovens vestidas com roupas elegantíssimas e frescas. A noite era fria e o vento cortante, mas elas não pareciam importar-se. Sorridentes, entraram no limo e seguiram caminho. Espectadora de bancada, assisti deliciada à cena. Afinal, don’t the girls just have to have fun? Yes, they do!
Lá metemos pé ao caminho. O engraçado é que a sensação que se tem, a cada passo dado, é que aquilo tudo nos é familiar. Os filmes e as séries para isso contribuíram, claro está. Até podia pensar que, noutra vida, fui uma nova-iorquina, mas não. Manhattan foi-me apresentada por Woody Allen e por uma série de realizadores e produtores. Não pelo Além, decididamente!
Dizia eu que não existe uma estranheza por ser um local novo. Pelo contrário, é como que um reconhecimento do terreno: sim, os yellow cabs iguais aos dos filmes e dançam ao sabor das lombas nas ruas de alcatrão em obras; sim, os postes de sustentação dos semáforos são longos e parecem frágeis se agitados pelas fortes correntes de vento; sim, os edifícios são tão altos e imponentes que para olharmos para o seu topo, todo o nosso pescoço se contorce; e, sim, a Lua é linda no céu de Nova Iorque.
A poucos quarteirões, passado o Bryant Park e o espanto com o facto de as avenidas serem tão amplas eis que Times Square se revela.
A familiaridade é completamente engolida pelo assombro. Uma coisa é vermos Times Square num ecrã de algumas polegadas, numa foto, num postal. Outra, completamente diferente, é estar em plena Times Square e sentir o coração a bater de emoção como se tivéssemos aterrado no país das Maravilhas! Os nosso olhos simplesmente não param quietos, saltam de ecrã em ecrã, estupefactos com as dimensões gigantescas dos LCD’s e com a vivacidade das cores. Há cor, luz imensa, informação em toda a parte: uma lagartixa que nos dá conta das ultimas novidades do desporto; noutro placar, índices bolsitas; noutro – gigantesco – a yahoo e outras marcas infindáveis fazem publicidade como que a gritar ‘’Pick me, pick me!!’’ de tanto espalhafato que fazem os neóns!!
É absolutamente espectacular e obviamente que percebemos que era sítio a explorar com maior atenção durante os dias seguintes. O impacto desse momento foi brutal e avassalador.
Foi a melhor forma de NYC nos receber e nos dizer ‘’What’s up, you guys?’’.
Nós sorrimos-lhe, tal qual crianças na Euro Disney, abandonamos o corpo e deixamo-nos caminhar e rodopiar naquele bailado de pessoas, cor e luz!
Antes da noite acabar e porque era mesmo preciso amanhecer cedo para aproveitar ao máximo, eis a primeira experiência: o Bubba Gump, ali mesmo em Times Square – a derradeira experiência de atendimento country, com música country à mistura e muitos smoothies deliciosos (e calóricos, diga-se!). Mas, depois de uma refeição sofrível no ar, nós merecíamos saborear aquela visão de Times Square com uma bebida refrescante a acompanhar!
No regresso ao Hotel, os planos borbulhavam nas nossas mentes. Esperava-nos um roteiro ambicioso em termos de tempo disponível e exigente em termos físicos.
No entanto, isso não iria ser problema: o cansaço ficara retido lá atrás e NYC não dorme mesmo!

















"Take the first step in faith. You don't have to see the whole staircase. Just take the first step."- Martin Luther King Jr.


Esqueçam tudo o que vem nos guias, revistas de viagens e afins acerca desta Cidade. Eles servem apenas para orientar em termos de percurso exploratório mas são inúteis na descrição dos lugares, das pessoas, das sensações e emoções fortes que se vivem na Big Apple!
Esta é uma história de um Amor que foi crescendo devagar, devagarinho. Remonta a um tempo distante, em que uma menina sonhava, em frente ao televisor, com uma Manhattan que lhe era revelada aos poucos tendo como pretexto as aventuras e desventuras de quatro amigas cosmopolitas, glamorosas e, ao mesmo tempo, frágeis e em busca do seu grande Amor. E, tal como um amor platónico, a ligação entre si e a cidade cosmopolita e das oportunidades foi crescendo, a par do sonho. Com o passar do tempo, a menina foi-se tornando mulher e o sonho foi-se convertendo em fé inabalável e da fé passou a objectivo e, num salto, em realidade.
Na mala de viagem, como não poderia deixar de ser coloquei o pin da amizade. através dele viajaram comigo as amigas que, há cerca de uma década atrás, me inspiraram as crónicas ‘’A falta de sexo (oposto) na Cidade’’ com que, a cada aniversário, brindei cada uma delas. Era uma homenagem mais do que justa.
Há um tempo certo para tudo e é no regresso de Nova Iorque que consigo ver o quadro completo. Não teria feito (tanto) sentido ter ido lá antes. Não sem esta visão do presente, do passado e do futuro. Não sem esta certeza que hoje carrego dentro de mim de que as viagens só fazem sentido se partilhadas com a pessoa que nos completa. Porque, se há uns anos atrás teria feito esta viagem como forma de auto-descoberta pessoal, desta vez viajei inteira para descobrir não a mim mas sim à Cidade que habitava na minha fantasia. Um movimento de dentro para fora aconteceu em mim e simplesmente deixei a felicidade fluir, transbordar …
E foi assim que, carregado de uma enorme vontade de viver a Cidade, o Amor aterrou no Aeroporto JFK, em Nova Iorque, a 08 de Maio de 2010.
Tempo de recuar cinco horas no relógio, buscar as malas e … let love happen!

domingo, maio 16, 2010

Estamos sempre a aprender

Qualquer hora é boa para aprender ou recordar algo que já se aprendeu, mas ficou esquecido. Sábado à noite não é excepção.
Assim, ontem tivemos uma aula muito interessante, baseada no conceito "aprender brincando" e, efectivamente, aprendemos algo sem o peso da seriedade. Confesso que no início é um pouco difícil decorar todas as combinações e constantemente se pede ao professor que relembre os conceitos recentemente conhecidos, mas ainda não adquiridos. Depois apanhamos o gosto à matéria e quando acertamos uma resposta, parecemos miúdos a quem deram um doce.

É certo e sabido que quem se esforça gasta energias e as mesmas devem ser repostas. E com a cozinha mesmo ao lado, a vontade de comer crescia (e algumas pessoas já conhecem bem a minha transformação quando estou com fome). "Que tal um queijo de ovelha?" - perguntou a nossa anfitriã. "Com doce é que ia bem" - sugeriu o nosso professor.


Mas tornou-se necessário "molhar a palavra". E que bem molhada ela ficou...


E depois de bem regalados, nada como terminar a noite numa das discotecas da moda. Dançar, saltar e cantar porque é preciso esquecer, porque é preciso não lembrar, porque gostamos, porque somos assim, porque nos divertimos, porque sim...

Balanço da noite: os amigos são mesmo o melhor da vida. São o antídoto para ajudar nos momentos mais difíceis. E com serões assim, não há tristeza que dure para sempre. (Venham mais como este).

segunda-feira, maio 10, 2010

Best post ever live at NYC

Directamente de um iPad aqui na Apple store em plena quinta avenida. . . Sem palavras,,, ny rules!! Valeu a pena ir ate a gronelandia parà fugir da nuvem de cinzas!

sábado, maio 08, 2010

OK GO - This Too Shall Pass

Os vídeos dos OK GO são muito bons!! Ora vejam lá este.

sexta-feira, maio 07, 2010

É sensual, ousada e extremamente apetecível. Private Blend é a nova linha de batons lançada por Tom Ford, com doze tons e, como sempre, uma campanha publicitária provocatória.

Diz ele (ou os senhores do marketing) que sempre houve um fascínio pela boca de uma mulher e - acrescentam - que não existe acessório mais dramático do que o batom.
Concordo em absoluto e, por mim, andava já com todas as cores dentro da mala a espalhar charme e glamour.

O único pormenor que me aborrece: é que, ao que parece, o batom não sabe assim tão bem para quem nos beija. Pelo menos, para o meu mais-que-tudo, a boquinha ao natural é que é a mais apetitosa!
Pela minha parte, faço-lhe a vontade. Eu quero é beijar! Muito!! :)

quinta-feira, maio 06, 2010

"If"

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:
If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breathe a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings--nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And--which is more--you'll be a Man, my son!

By Rudyard Kipling (1865-1936).

terça-feira, maio 04, 2010

A bailarina da coxa grossa – um tributo a todas as «popozudas» deste Mundo

Todos os dias se media. Com a fita métrica, como Miss Marie lhe tinha dito.
Apontava as medidas no moleskine azul que a sua irmã lhe tinha oferecido para os seus desenhos a carvão.
Desenhava bailados, sobretudo. Bailarinos da sua imaginação em poses majestosas, sublimes!
O seu sonho era tornar-se bailarina. Por isso, dançava, dançava, nas horas livres e nas que supostamente deveriam ser ocupadas com o estudo.
«Não podes relaxar-te nos estudos, senão já sabes que te tiro do ballet» - a mãe Fátima ameaçava.
Mas ela sabia exactamente qual o caminho que queria seguir. Sabia que o seu sonho – aquele que a comandava – iria concretizar-se lá longe, num tempo que ainda desconhecia mas que sentia e sabia existir.
Apenas uma pedra tentava bloquear-lhe o caminho. Não tinha as «medidas standard».
«Uma bailarina tem que ser perfeita, esguia! Tens que perder volume nessas pernas. Nessas coxas!»
Miss Marie, a professora de dança, conseguia ser um pouco cruel mas tinha-lhe grande respeito e admiração. Se ela dizia que tinha que ser, tinha que ser!
Mas, na verdade, perder volume nas pernas, não era fácil! Era mais fácil fazer um exercício de pontas do que ver as coxas a perder volume.
«Esse é o teu formato de pernas, filha e, de mais a mais, isso não é gordura, é tudo músculo! Sais à minha família.» Dizia-lhe o pai, atento e carinhoso e orgulhoso na sua filha por inteiro.
O desalento começava, por vezes, a tomar conta de si. Nas páginas do moleskine os desenhos não contavam as habituais histórias de bailado. Ao invés disso, retratavam formas humanas com medidas reais e «ideiais» rabiscadas ao lado. Por vezes, chorava e molhava as folhas delicadas do seu bloco azul.
Um dia o pai, atento e carinhoso e orgulhoso na sua filha por inteiro, foi falar com Miss Marie. Comunicou-lhe, após muita reflexão, que os conselhos de Miss Marie talvez não fossem os mais sensatos no que dizia respeito à sua filha. E acrescentou que as bailarinas não são todas iguais. Que a beleza de um bailado não se reduz ao perímetro de uma coxa. Sobretudo, que ela não tinha o direito de condicionar o sonho da sua filha a uma obsessão pela fita métrica.
Quanto a si, despediu-se de Miss Marie lavada em lágrimas. Ela estendeu-lhe a mão, apertou-a, e apenas lhe disse:
«A postura é tudo nesta vida. Seca as tuas lágrimas e lembra-te que a postura é tudo nesta vida».
A nova escola de bailado foi surpreendentemente libertadora! Com novos professores, novos ritmos, novos colegas! Uma excelente surpresa! Um novo interesse surgiu e, pelo meio, as cantigas tornaram-se numa paixão. E o melhor de tudo foi deitar fora a fita métrica. Lá era aceite tal qual era. Não que fossem menos exigentes. Seriam menos focados na grossura da coxa, talvez …

O resultado do esforço foi compensado e hoje em dia as suas coxas eram reconhecidamente ‘’boas bailarinas ‘’ !
A prova? Aqui está …

«Pôxa, que coxa!!»

Espectacular!!

segunda-feira, maio 03, 2010

Cortar o mal pela raíz

Acordo de repente. Não ouvi o despertador. Será que me esqueci de o ligar ontem à noite antes de me deitar? Não me recordo de o ter feito. Não me recordo de não o ter feito. Olho para o lado direito e na mesinha de cabeceira o despertador marca 09h38m. A luzinha do despertador está acesa e marca as 7h. Não consigo perceber. Tento orientar-me na escuridão. Apesar de a manhã já estar esplendorosa as grossas cortinas protegem-me da luz. Odeio acordar com a luz nos olhos. Dá-me uma má disposição para o dia todo. Levanto-me e decido de imediato que não estou ainda dotada de todas as minhas capacidades. Preciso de um duche rápido e de um café forte. Meia hora depois estou a sair do apartamento. A brisa que se faz sentir bate-me nos cabelos molhados e faz-me arrepiar. Um dia destes corto o mal pela raiz. Usei o cabelo longo durante os primeiros anos da minha infância. Depois, sem motivo aparente nenhum, a minha mãe decidiu que um corte à tigela estava na moda. Voltei a deixá-lo crescer. Com variações de mais ou menos comprido, fui tendo cabelos longos até entrar na Faculdade. No segundo ano decidi cortá-lo curtinho. Um corte à Maria rapaz. Nos anos seguintes foi crescendo e sendo cortado. Tive vários cortes e penteados, mas o tamanho nunca desceu abaixo dos ombros. Depois conheci o M. Um dia enrolados um no outro, sussurrou-me: “O teu cabelo está mais comprido. Devias deixar crescer ainda mais. Fica-te bem. ” Desde então que nunca tenho cortado mais que uns meros centímetros de cada vez. Quase que a justificar a ida ao cabeleireiro. Cheguei ao meu carro estacionado no fundo da rua. Ouço risos e gritinhos vindos do outro lado da rua. O pátio da escola primária, cheio de crianças que brincam descontraídas. Está um sol tímido, mas quentinho. Sol de Abril. A brisa volta a fazer-me arrepiar. Tenho mesmo de tratar de deste cabelo. Sem paciência para o secar, não posso andar sempre com ele molhado. Abro a porta do carro e mal entro sinto logo o calor do seu interior. Ligo o carro, espreito pelos espelhos e arranco em direcção ao cabeleireiro.

Se quiserem escutar a música de fundo está aqui.

sábado, maio 01, 2010

Sábado de tarde....

Chove lá fora. Uma chuva forte. Granizo e chuva forte. Faz-me lembrar os dias de Inverno do Porto. Aqueles dias escuros em que o Sol se faz de tímido e não nos visita. Aqueles dias que são tão cinzentos que parecem noites disfarçadas. Dias e dias de chuva que marcam as longas semanas de Inverno. Entre memórias que me invadem, levanto-me e preparo um chá. Chá de ervas que a minha mãe plantou, colheu, secou e misturou. Um chá quente que transporta um aroma tão familiar. Ponho uma música a tocar. Chove lá fora e o chá aquece-me o corpo enquanto escuto o que me aquece a alma.