quarta-feira, janeiro 31, 2007

O voo da Joaninha


A história que aqui vou contar hoje é a de uma Joaninha, vermelhinha com pintinhas pretas, que conheci num passado recente.
A Joaninha quando a conheci, já era uma Joaninha crescida, que tinha como todas as Joaninhas, umas asinhas. Mas as suas asinhas tinham uma particularidade: abriam-se poucas vezes, tinham pouca força e confiança. De vez em quando e com muito esforço as asinhas abriam e levavam a Joaninha. Voam baixinho e faziam pequenos caminhos. A Joaninha pensava muitas vezes “mas se tenho asas e se elas servem para voar, porque é que as minhas não abrem e voam alto, para eu ver o mundo. Porque é que elas não me levam. Logo eu que queria viajar, percorrer o vale e as montanhas, conhecer todas as flores e encontrar outras Joaninhas”. Isto tornava a Joaninha uma menina triste e com um sorriso esmorecido. Até que um dia a Joaninha viu-se forçada a voar para perto do Rio. As asinhas resistiram inicialmente, começaram a bater devagarinho, fizeram a Joaninha chorar, mas não existiam muitas outras alternativas e assim contra todos os medos, as asinhas abriram e levantaram voo. Inicialmente voaram baixinho e devagarinho, mas aos poucos começaram a subir e a Joaninha começou a ver as flores mais altas, as árvores de fruto, o mar, e todas as outras coisas que a Joaninha sempre quis ver e conhecer. A partir desse momento nada na vida da Joaninha foi igual. As suas asinhas deixaram de ser preguiçosas, cumpriam a sua função e levavam-na para todos os locais que ela queria. O vermelho da sua roupa ficou mais brilhante do que nunca, as bolinhas pretas que a enfeitavam tornaram-se maiores e mais vistosas, o seu sorriso tornou-se resplandecente, existia nela uma alegria contagiante. A Joaninha não mais parou. As suas asas cada vez mais confiantes e corajosas, vão levá-la, hoje, a fazer, talvez, o maior dos voos e a cumprir um dos seus sonhos.

Que as tuas asinhas te levem sempre onde queres. Que elas nunca percam a coragem, a confiança e a força.

terça-feira, janeiro 30, 2007

O presente

Estávamos no primeiro dia do fim-de-semana. Esperava-me um dia agitado e atribulado com os imensos "afazeres" planeados. Ainda assim permiti-me dormir um pouco mais, para restabelecer as energias dos últimos dias da semana. Resultado: passou da hora. O primeiro "afazer" estava marcado para as 11 horas, valia uma experiência com chocolate, e eu estava atrasada e não podia, nem queria, faltar. Um pouco apressada cheguei ao local, com um vale na mão.
Chegada, fui encaminhada para o local onde a experiência, chamemos-lhe assim, ia ter lugar. A sala apresentava-se bastante acolhedora, dado o frio que fazia lá fora, escura, apenas iluminada por velas aromáticas e um foco de luz suave e existia uma música muito tranquila, que entrava pelos meus ouvidos sem pedir licença e a qual eu deixei entrar. Rapidamente esqueci o que se passava lá fora. No decorrer da experiência com chocolate, para além de me sentir mimada, aliás extremamente mimada e confortável, tive um momento, longo, sozinha.
Sozinha, aconchegada, iluminada apenas pelo pavio das velas, com uma música de fundo a transmitir paz de espírito e um cheiro suave a chocolate, que estava tão perto e eu não podia tocar. Nesse momento em que ficamos entregues a nós próprios e que parecem uma eternidade, aí em que não tens nada para fazer ou com que te entreter, aí… vês a vida, a tua vida, a passar-te diante dos olhos, ainda que eles estivessem fechados. Lembras o bom, o mau, aqueles que gostas, e alguns deles apadrinharam aqueles momentos, aqueles que não gostas, o que queres fazer e o que queres deixar de fazer, recordas…. Desenha-se um sorriso nos lábios e nas feições do rosto, caiem algumas lágrimas, mas não serve de nada, porque continuamos ali, sozinhos entregues a nós e a todo aquele ambiente. A experiência terminou com mais um momento delicioso, onde sentes todos os teus músculos a agradecer. Apeteceu ficar ali mais uns minutos só a sentir o calor da sala, a música e o aroma a chocolate.
À saída parecia uma hippie a pensar apenas “Peace and Love”. Durante o dia esforcei-me imenso para ninguém estragar o estado de boa disposição em que estava.

Todos deveriam passar por uma experiência destas, com ou sem chocolate. Sentir que só estamos ali por nós e com nós. Só.

Ofereci-te um Caracol

"Ofereci-te um caracol no teu dia de anos.
Quando içaste a bandeira obsequiei-te outro cor de pérola.
Uma tarde quando me dei conta de que estavas triste, mandei-te pela minha irmã um caracol das ilhas.
Há uns dias, deixe-te um par de caracóis de rio, dentro da tua carteira.
Ontem estive em tua casa e levei-te um caracol transparente, tão belo e estranho que parecia feito de ar endurecido.
Mesmo assim, a tua mãe enfureceu-se comigo e gritou que jamais queria voltar a ver-nos - nem a mim nem aos meus caracóis que te ofereço constantemente.
Ela não compreende que eu simplesmente estava a fazer uma escada de caracol para chegar a ti."

Jairo Aníbal Niño - "A Alegria de Gostar"
(in Evasões e/ou www.boca.pt)

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Tinha que ser

Faz-me o favor....

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espenho se vê.

Mário Cesariny

sexta-feira, janeiro 26, 2007

A menina dança?






Adoro adoro adoro!!

Para escutar, calçar os sapatos vermelhos e aceitar o convite. Vá lá!



Dance.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Wear Sunscreen (Use Filtro-solar)

Este é o texto traduzido de um vídeo intitulado 'Wear Sun Screen'. Adoraria colocá-lo no blog mas é muito pesado... Há certas coisas que de vez em quando nos batem lá no fundo e nos fazem chorar, nos fazem sorrir e pensar que, afinal somos ricos em coisas que vão muito além dos bens materiais ... e que tornar a nossa estadia por cá mais agradável depende muito da nossa atitude perante este milagre que é a vida. Partilho convosco uma Coisa boa que vi... Espero que de certa forma, também vos toque e vos aconchegue.

Se eu pudesse dar um conselho em relação ao futuro, eu diria:"usem filtro solar".
O uso em longo prazo do filtro solar, foi cientificamente provado. Os demais conselhos que dou baseiam-se unicamente em minha própria experiência. Eu lhes darei esse conselho:

Desfrute do poder e da beleza da sua juventude. Ou, esqueça...

Você só vai compreender o poder e a beleza quando já tiverem desaparecido. Mas acredite em mim. Dentro de vinte anos você olhará suas fotos e compreenderá de um jeito que você não pode compreender agora quantas possibilidades se abriram para você e o quão fabuloso você era... Você não é tão gordo(a) quanto você imagina.

Não se preocupe com o futuro. Ou se preocupe, mas saiba que se preocupar é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra mascando chiclete. É quase certo que os problemas que realmente têm importância em sua vida, são aqueles que nunca passaram pela sua mente, tipo aqueles que tomam conta da sua mente às 4 horas da tarde de uma terça-feira ociosa.

Todos os dias faça alguma coisa que te assuste. Cante. Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável. Não tolere aqueles que agem de forma irresponsável em relação aos seus sentimentos.

Relaxe. Não perca tempo com inveja. Às vezes você ganha, às vezes você perde. A corrida é longa, e no final, tem que contar só com você.

Lembre-se dos elogios que você recebe. Esqueça dos insultos. (Se você conseguir fazer isso, me diga como...)

Guarde suas cartas de amor. Jogue fora seus velhos extratos bancários.

Estique-se.

Não tenha sentimento de culpa por não saber o que você quer fazer da sua vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não tinham, aos 22 anos, nenhuma idéia do que fariam na vida. Algumas das pessoas interessantes de 40 anos que eu conheço ainda não sabem.

Tome bastante cálcio. Seja gentil com seus joelhos. Você sentirá falta deles quando não funcionarem mais.

Talvez você se case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez você se divorcie aos 40.
Talvez você dance uma valsinha quando fizer 75 anos de casamento.

O que você fizer, não se orgulhe, nem se critique demais. Todas as suas escolhas tem 50% de chance de dar certo. Como as escolhas de todos os demais.

Curta seu corpo da maneira que puder.
Use-o de todas as formas que puder.
Não tenha medo dele ou do que as outras pessoas pensam dele.
Ele é o maior instrumento que você possuirá.

Dance. Mesmo que o único lugar que você tenha para dançar seja sua sala de estar.

Leia todas as indicações, mesmo que você não as siga. Não leia revistas de beleza. Elas só vão fazer você se sentir feio.

Saiba entender seus pais. Você não sabe a falta que você vai sentir deles quando eles forem embora pra valer. Seja agradável com seus irmãos. Eles são seu melhor vínculo com o passado e aqueles que, no futuro, provavelmente nunca deixarão você na mão. Entenda que os amigos vão e vem, mas que há um punhado deles, preciosos, que você tem que guardar com muito carinho.

Trabalhe duro para transpor os obstáculos geográficos e os obstáculos da vida, porque quanto mais você envelhece, tanto mais precisa das pessoas que te conheceram quando você era jovem.

More em New York City uma vez.
Mas mude-se antes que ela te transforme em uma pessoa dura.

More no Norte da Califórnia uma vez.
Mas mude-se antes de tornar-se uma pessoa muito mole.

Viaje.

Aceite algumas verdades eternas: Os preços vão subir, os políticos são mulherengos e você também vai envelhecer. E quando você envelhecer, você fantasiará que quando você era jovem: os preços eram razoáveis, os políticos eram nobres e as crianças respeitavam os mais velhos. Respeite as pessoas mais velhas.

Não espere apoio de ninguém. Talvez você tenha um fundo de garantia. Talvez você tenha um cônjuge rico. Mas você nunca sabe quando um ou outro pode desaparecer.

Não mexa muito em seu cabelo. Senão, quando tiver quarenta anos, vai ficar com a aparência de oitenta e cinco.

Tenha cuidado com as pessoas que lhe dão conselhos. Mas seja paciente com elas. Conselho é uma forma de nostalgia. Dar conselho é uma forma de resgatar o passado da lata do lixo, limpá-lo, esconder as partes feias e reciclá-lo por um preço muito maior do que realmente vale.

Mas acredite em mim, quando eu falo do filtro solar.

Música aos Quadradinhos :)

Em tua homenagem, dedico-te estas músicas que evocam os teus nomes:
Madalena, Má-dá, Missy e Márcia.

Eis o que acho que a vida deve ser:
cheia de muitos e variados ritmos e de chocolate
(nas boas e más horas!!) .










Um Beijo achocolatado para ti, linda!
Porque existem, porque fazem parte da minha vida, porque são muito importantes e espero que assim continuem, porque passamos momentos que para mim foram fabulosos e espero nunca os esquecer, por todos os outros porque que me estão na cabeça e no coração,
a todos



MUITO OBRIGADA

domingo, janeiro 21, 2007

A princesa dos longos cabelos escuros

Era uma vez uma princesa de longos cabelos escuros. Nos seus cabelos reflectiam os raios brilhantes do sol. Essa luz e esse brilho contrastavam com o seu olhar curioso e desconfiado. A princesa dedicava muito do seu tempo em pensamentos e longas reflexões. “As coisas” que encontrava na viagem da vida faziam-na pensar muito. Não aceitava facilmente as justificações e os motivos que lhe eram apresentados. Para ela era importante que tudo fizesse sentido. A princesa morena de longos cabelos escuros conhecia bem os seus deveres e obrigações. Apesar de ser jovem reconhecia a importância de certas grandezas e estava disposta a dedicar-se a elas. Mesmo que tal implicasse não fazer exactamente aquilo que sentia ser o que mais gostava. Na verdade, se sentisse que o mais correcto era seguir um caminho, era isso que fazia, mesmo que não gostasse da estrada a seguir. Porque só assim se sentia tranquila com as suas escolhas. A princesa morena de longos cabelos escuros sentia-se contente na maior parte dos dias. No entanto sabia que podia ser mais feliz. Só não conhecia o caminho da felicidade. Um dia a princesa fez anos e ofereceram-lhe um livro que falava da eterna busca da felicidade. Essa viagem que todos os seres humanos procuram fazer. A princesa começou a gostar muito daquilo que lia. Tanto que não descansou enquanto não leu a palavra “Fim”. Aí fechou o livro, pousou-o sobre a beira da cama. Cruzou as pernas e fixou o seu olhar no espelho que tinha na parede do quarto. Ideias sem fim invadiram-na. Reviu tantas questões que sabia estarem por resolver na sua vida. Pensou nos caminhos percorridos e naqueles que ainda estavam por percorrer. Quando a chamaram encontrava-se num estado de completa absorção nos seus pensamentos. Andou assim nos dias seguintes. Mal dormiu e pouco comeu. No início do 4.ª dia sentiu-se mais aliviada. Tinha percebido qual o caminho que queria seguir e desta vez coincidia com aquele que seria o mais correcto. Sorriu com a perspectiva de um futuro no qual sabia iria ser feliz. Encostou a cabeça na almofada e com um sorriso recém descoberto, fechou os olhos e partiu para a terra dos sonhos.

Parabéns Missy. Neste dia especial dou-te a conhecer mais uma das minhas princesas. Esta princesa surgiu de um momento de inspiração em que pensava em algo para te oferecer. Não espero que seja entendida como a imagem de ninguém. É apenas uma princesa de longos cabelos escuros onde se reflecte a luz quente do sol. Como tu!

Bacalhau com natas

(receita para quantas pessoas lhe cabem no coração)
Tempo de duração médio: para já, 365 dias.

Para a confecção desta iguaria é necessário assegurar-se de que obtém os melhores ingredientes disponíveis no mercado. Assim, e depois de se assegurar também que os utensílios que usa são os mais adequados, inicie a preparação do repasto com muito amor, paciência e perseverança!

Numa caçarola feita preferencialmente de expectativas e projectos bem enredados, passível de ser exposta a altas temperaturas, comece por colocar experiências de vida às rodelas e corte em cubinhos desgostos dilacerantes. Poderá até esmagar estes desgostos já que, como o nome indica, darão um gosto melhor ao prato. Atente à limpeza dos ingredientes! Passe bem por água as experiências de vida que vai utilizar, sugerimos boas lágrimas provenientes de alegria ou de tristeza, e poderá até enxugá-las com a ajuda da memória, recipiente altamente permeável.

Leve este preparado ao lume, regado com um bom azeite virgem. Este ingrediente, difícil de se encontrar, está ainda assim disponível nas melhores lojas da especialidade. Deixe levantar fervura e, assim que os aromas das recordações lhe começarem a invadir o ambiente, adicione um bom vinho. Sugerimos aqui um vinho suave, com leve aroma a frutos silvestres. Poderá temperar com uma pitada de sal, algum atrevimento ou ousadia, conforme o gosto mais ou menos picante na vida, e coentros. Tenham lá paciência mas coentros são do melhor há… Mexa calmamente com uma varinha de condão e tape o preparado, deixando-o em lume brando enquanto o vinho se vai evaporando e enquanto todos os ingredientes se vão imiscuindo, lenta e requintadamente. Assim que a mistura apresentar uma consistência semelhante a uma história bem contada, acrescente as natas, envolvendo cuidadosamente todo o preparado. Retire do lume e reserve.

Entretanto, prepare cuidadosamente as postas do bacalhau. Atente à sua limpeza, à sua consistência, à sua cor. O tempo sugerido para que as postas fiquem de molho antes de serem utilizadas varia de cozinheiro para cozinheiro… O mais importante aqui é assegurar para cada posta um sabor apurado, porém, não demasiado agressivo. Porque o bacalhau quer-se emotivo, tempestuoso, apaixonado, zangado até. Mas distinto. Cada posta deverá ter o seu sabor distinto. Sugere-se aqui que sigam as instruções disponíveis nos compêndios formados pelos extensos Moleskines escritos pelos vossos anjos da guarda. Como poderão imaginar, a tarefa é complexa e, por isso, alguns executantes desta receita preferem definir o tempo de molho das postas por intuição. Arriscada, é certo, poderá ainda assim resultar desta decisão um prato altamente apetitoso!

Portanto, preparar as postas significa aqui cortá-las em pedaços de forma a que cada um transmita exactamente o vosso propósito. Depois de cortadas em pedaços deverão envolver cada posta com pó de estrelas, sacudindo bem para evitar que fiquem demasiado panadas. Leve ao lume com um pouco de emoções. Mais uma vez aqui poderá cozinhar as postas com o ingrediente que escolher. Sugerimos algumas emoções essenciais tais como alegria, surpresa, medo e tristeza, podendo claramente usar maiores quantidades de umas em relação às outras ou, até, optar por apenas uma delas. Quando as postas estiverem a ficar douradinhas incorpore o preparado anterior, com as natas, e envolva cuidadosamente tudo em lume brando. Retire do lume assim que comecem a borbulhar palavras, parágrafos, vírgulas e outros sinais de pontuação desta mistura.

Coloque na travessa onde vai servir a refeição, podendo agora optar por decorá-la com música, imagens, cores. Sirva na hora.

Novo embarque para grandes aventuras...

Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen

Escuta a voz das coisas que sabes amar e caminha, caminha sempre para o teu mar.

As pegadas na areia que vão surgindo ao teu lado também são minhas.

Feliz aniversário.


sexta-feira, janeiro 19, 2007

Carminho e o Sr. Piiiiiii

Maria do Carmo Porcini, mais conhecida como Carminho, encontra-se em estado de choque.
Fontes próximas asseguram que Miss Porcini que (como foi já altamente divulgado pela Imprensa Cor de Rosa, mudará de Miss para Mrs. ao desposar o jovem Bilha em 2008) ainda está com os cabelos em pé e com tiques nervosos que lhe afectam metade do corpo. É caso para dizer que Carminho não está nada bem ...

Para nos apercebermos do porquê desta súbita electrocussão, há que viajar até ao ano de 2006...

Dia 12 de Dezembro de 2006 – Maria do Carmo Porcini chega ao seu local de trabalho. Instala-se na sua cadeira e liga o computador. Enquanto olha, ensonada, para o seu ambiente de trabalho com um pôr-de-sol ao fundo, Carminho abre um documento de trabalho, um ficheiro excel. De repente:

piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Um som agudo e algo incomodativo surge. Carminho pensa que o seu computador precisa de um tratamento especial e dá-lhe uma pancadinha amigável no monitor. Com a televisão costuma funcionar... mas, o som persiste.

piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Carminho, no seu fleumatismo mal disfarçado, rende-se à evidência. Terá que conviver com aquele intruso sonoro. Diz-lhe: «Ouça, já que veio para ficar, pelo menos cale-se um bocado sempre que eu feche um documento de trabalho!»
Gentilmente, o som agudo, o Sr. piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii acedeu ao pedido. Efectivamente, quando Carminho concluía o trabalho num ficheiro e o fechava, o mesmo som se silenciava.

O tempo foi passando e, dia após dia, Carminho e o Sr. Piiiiiiii foram coabitando. O Sr. Pi habituou-se a Carminho; porém, a Carminho não e começou a adoptar estratégias para minimizar a presença do Sr. Piii. Afinal era de muito mau tom permanecer em sítio em que não se foi convidado. O Sr. Piii era, para Carminho, claramente uma personna non grata, ou melhor, um Pii non grato e muita do mal educado!

Carminho começou então a escutar música no seu escritório. Nos primeiros dias, até funcionava bem e Carminho abstraíu-se do Sr. Piiiiii. Mas não durou pouco mais que meia dúzia de dias. Carminho concluiu que ambos os sons lhe causavam uma ligeira e incómoda dor nas têmporas.

Os dias foram passando e Carminho acabou por se resignar ao intruso. E trabalhava ao som de um

Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiii
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

não só irritante, como altamente aborrecedor, ao ponto de a deixar de rastos ao final do dia e até de equacionar dar uma martelada no seu computador, de forma a calar para sempre o malvado Sr. Piiiii.

Até que:

Dia 19 de Janeiro de 2007 – Após uma manhã com o Sr. Piii, Carminho regressa após almoço, para mais uma tarde com a companhia indesejável. Abre o ficheiro excel no qual está a trabalhar e lá está ele, ali, a espreitar-lhe o trabalho, a invadir-lhe os ouvidos, a passear no seu cérebro. A tentar enlouquecê-la, enfim!
Num rasgo de pura iluminação, Carminho resolve pedir ajuda e disca 133. Do outro lado da linha, atende o jovem Super Mario (Bros), técnico informático da empresa.

‘Alô, preciso de ajuda! Tenho um Sr. Piii no meu computador! Já não sei que faça para me deixar em paz! Ajude-me!’ – suplicou a jovem.

‘O quê?! Você anda é com alucinações! Está a ficar louca!’ – ripostou do outro lado da linha o jovem que, de imediato, desligou a chamada.

Carminho pensou para si mesma que aquela conversa não existira e que acreditar nesse facto seria melhor para ela.
Eis que irrompe no gabinete da jovem, o herói Super Mario!! Sem uma única palavra, e com um gesto absoluto e decidido, arranca o cabo de ligação ao monitor!

‘Não!!!!!!!!!!!!’ – grita Carminho.

‘Ouça, o Sr. Piiii acaba de ser calado para sempre! Era um problema de ligação do cabo, ao fim e ao cabo, era isso, percebe? A senhora das limpezas deve ter puxado um pouco o fio....’

Carminho teve duas reacções imediatas: gritou de alegria face ao desaparecimento tão ansiado do Sr. Piiiiiiiiiiiiiii e, depois dessa, escondeu-se evnvergonhada debaixo da mesa, onde permanece de cabelos em pé, em estado de choque, depois de ter constatado que é uma CROMA do mais alto nível.


Ficam então, três Morais a retirar desta história:

1) Peçam ajuda se algo vos incomodar.
2) Os animais são nossos amigos.
3) Nem só de cromos se enche uma caderneta.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Num gesto verdadeiramente irracional, mas altamente catártico, aqui, live from office e para o Bacalhau, canto o grande e nasalado Roberto Carlos!!

Queria tanto buzinar num calhambeque bip bip!! e gritar ‘Férias aqui vou eu!!’’

Preciso tanto delas!! Férias!!


Mandei meu cadillac pro mecânico outro dia
Pois há muito tempo um conserto ele pedia
Como vou viver sem meu carango pra correr
Meu cadillac, bip, bip, quero consertar o cadillac

Com muita paciência o rapaz me ofereceu
Um carro todo velho que por lá apareceu
Enquanto o cadillac consertava eu usava
O calhambeque, bip, bip, quero buzinar o calhambeque

Saí da oficina um pouquinho desolado
Confesso que estava até um pouco envergonhado
Olhando para o lado com a cara de malvado
O calhambeque, bip, bip, buzinei assim o calhambeque
E logo uma garota fez sinal para eu parar
E no meu calhambeque fez questão de passear
Não sei o que pensei, mas eu não acreditei
Que o calhambeque, bip, bip, o broto quis andar no calhambeque

E muitos outros brotos que encontrei pelo caminho
Falavam "que estouro, que beleza de carrinho"
E fui me acostumando e do carango fui gostando

O calhambeque, bip, bip, quero conservar o calhambeque

Mas o cadillac finalmente ficou pronto
Lavado, consertado, bem pintado, um encanto
Mas o meu coração na hora exata de trocar
O calhambeque, bip, bip
Meu coração ficou com o calhambeque

segunda-feira, janeiro 15, 2007


Minha companheira de sorrisos, meu abrigo de tempestades, meu chocolate quente, dulcíssimo…

És uma das minhas pontes, que me leva, segura, à outra margem. Ajudas-me a acreditar que consigo.

E eu tenho um orgulho imenso em fazer parte de ti.

Obrigada por tudo, minha amiga. Feliz aniversário…

Será que a idade traz sabedoria?...Quero acreditar que sim, mas mantenho a inocência.

As páginas da vida são cheias de surpresas. Há capítulos de alegria, mas também de tristeza, há mistério e fantasia, sofrimento e decepção. Por isso, não rasgo páginas nem salto capítulos, não me apresso em descobrir mistérios, nem perco a esperança, pois muitos são os finais felizes...E não me esqueço do principal: no livro da vida, o autor sou eu...

Estas são as minhas decisões para o novo ano...acho que os meus 27 aninhos já me permitem voar um pouquinho mais alto.
E aos meus amiguinhos agradeço por tornarem este dia ainda mais especial.

O 1º Aniversário do Ano de 2007


Meninos e Meninas, é favor de cantar os Parabéns a Nossa Querida Betty, que faz hoje aninhos.


Parabéns Minha Linda, que tenhas um dia e um ano excepcional.

Muitas Felicidades!!!!!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Bacalhau com Natas...preparativos de 1º Aniversário

No dia 21 de Janeiro de 2006 nasceu o menino. O parto foi simples. Assim que rebentaram as águas ele pôde finalmente ver a luz do dia e todos se regozijaram com este acontecimento!
Entre um festim de massas italianas foi dado a conhecer à sociedade, ainda recém-nascido. Todos reconheceram naquele rebento um futuro promissor, pois seria educado por pessoas do mais alto nível, o distinto G+G (grupomaisgiro!).

Um ano se passou, doze meses ora então volvidos e o pequeno Bacalhauzinho foi crescendo, foi-se desenvolvendo, foi amadurecendo.
Este percurso ainda jovem foi sendo registado por vídeos, fotografias, narrativas de toda a espécie. E a educação do Bacalhauzinho foi sendo comentada, acompanhada pelo grupo de tutores de sempre.

Iniciando-se num aparente velho manuscrito, de um amarelo envelhecido, foram sendo registadas as primeiras crónicas de vida do petiz bacalhau.

Entre saudações endereçadas ao recém nascido, houve quem lhe tivesse oferecido um Quadro de Monet e ainda quem evocasse uma menina azul; outros ainda ofereceram poemas de Sophia de Mello. Como o bom humor também é parte integrante da vida, o recém-nascido também recebeu uma história que, certamente, lhe arrancou a primeira gargalhada e que marcou a primeira peripécia do grupo mais giro. Indissociável do nascimento do menino estará sempre o facto de uma das suas tutoras ter a mesma data de aniversário. São, portanto, do mesmo signo; resta saber se terão o mesmo ascendente. Talvez mais tarde o Bacalhau o viesse a descobrir.

Como o desenvolvimento dos Bacalhaus não se compara ao dos humanos o Bacalhau, ao segundo mês de existência, já possuía imensas e complexas competências! Para além de se ter visto envolvido em mais uma aventura com os seus tutores em terras do Gerês, o Bacalhau apercebeu-se da existência de um pecado mortal que assola os seus tutores – a preguiça. Foi nesse mês que descobriu o sentimento mais nobre do Mundo – o Amor - e se apercebeu dos laços fortes que unem alguns dos seus tutores entre si. Conheceu também a história de duas meninas, Violante e Violeta num ‘Voo de Borboletas’ que lhe fez ver que a vida também engloba a morte e que as memórias são tesouros. Passeou pelo Porto, através de uma fotografia da Ponte da Arrábida e viu o pôr-do-sol, enquanto saboreava um Café no ‘So It’ entre os seus tutores.

Em Março, o jovem Bacalhau fez novas descobertas. Os sentimentos que descobriu eram mais densos: descobriu o fogo da paixão, num ‘Quero Sentir-te’ quente e avassalador. Espreitou timidamente a Primavera que tardava em chegar, deleitou-se com um Café Lusitano e embriagou-se em poesia. Viu a Lua de perto, escutou um Mar Sonoro e conheceu uma enorme lista de Coisas Boas da Vida. E descobriu que, entre elas, uma coisa boa da vida era a amizade, retratada em imagens e Vozes Reluzentes! Ah e aprofundou conhecimentos sobre o Porto, a bela cidade que o acolhia.

Mas era preciso alargar horizontes, ultrapassar fronteiras e, em Abril e pela primeira vez, o Bacalhau viajou. Visitou o Rio de Janeiro, e deliciou-se ao ver como uma selva de pedra surgia por entre a floresta e a praia. Deu um mergulho, meteu-se no avião até Madrid e sentiu Borboletas no Estômago enquanto andou numa gigantesca montanha-russa.
Pela primeira vez visitou também uma exposição de arte -a (De)formatos - e compreendeu como as fronteiras vão além das físicas, como as que cruzou de avião ... Elas residem também na nossa mente e devem ser ampliadas, derrubadas.
Sentou-se num esplanada e deliciou-se com um Crepe de Menta e de Chocolate, enquanto lia um convite para um Café num Bar do Alex, onde conheceu uma nova tutora oriunda da Inglaterra. Foi nesse mês que surgiu a sua primeira Crise de Identidade quando bebeu a nova Frize de Bacalhau e se questionou se ao bebê-la não seria um acto de canibalismo...


As viagens continuaram em Maio e o Bacalhau conheceu Londres, a Cidade-movimento, onde tirou muitas fotografias porque lá aprendeu que ‘Recordar é Viver’. Constatou que os seus tutores lhe tentavam ensinar algo sobre a ‘Guerra dos Sexos’ mas na verdade isso apenas contribuiu para perceber que era assexuado. Recebeu uma T-shirt oferecida pelo G+G e assim assumiu-se como um apreciador da moda. Com o calor e o bom tempo a surgir, o nosso Bacalhau apercebeu-se que o Verão era já mais do que uma Promessa.


Aliás o Verão chegara e o nosso Bacalhau já completava seis meses! Iniciou-se na Culinária com um Arroz acompanhado de bolinhos de ‘Bacalhau?!!’ (novamente as tendências canibalistas vieram ao de cima...). Para desenjoar de si mesmo, saiu para as ruas em busca de Sardinha Assada e batata cozida e andou às marteladas no S. João. A sobremesa foi Amoras.
Envolveu-se numa nova peripécia com os seus tutores entre a Praia e o Algarve. Leu um excerto do livro mais lindo do mundo ‘O Principezinho’ e descobriu que para ser feliz só precisava de ir Aonde o Coração o levasse. E o coração levou-o a dançar no Coliseu do porto, ao ritmo de sons quentes e envolventes.


Em Julho, o Bacalhau adquiriu uma Barba Rija à Tuga. Já era um adolescente! Na rota dos sabores, experimentou a comida Japonesa e saboreou sushi, embora teimasse em oferecer-lhe Bolinhos de Bacalhau! Torceu pelo seu País no Euro 2006 e percebeu que as Teias do Amor são danadas para a brincadeira!!

Com Leveza de Ser se descreve o estado de espírito do Bacalhau em Agosto em que partiu rumo ao Alentejo e de deixou estar, pachorrento. Até que algo o assombrou, pois o Universo havia uma nova ordem e Plutão afinal deixaria de ser planeta! Mas logo tornou a embalar-se e teve ‘Sonhos de Todas as Cores’. Cantou também os Parabéns às suas tutoras e pensou que quando fosse mais crescido queria ser igual ao Mick Jagger e conquistar o mundo a cantar o Rock and Roll!

Mas como a vida é feita de ócio mas também de trabalho, o Bacalhau teve que assumir as suas responsabilidades e voltar ao trabalho. Mas foi cheio de energia depois de um concerto com o grupo musical mais docinho ‘os Pearl jam’ onde cantou até ficar afónico! Andou a passear por Lisboa e embrenhou-se pela pacata e deliciosa vilazinha de Óbidos. Divertiu-se a fazer ‘Bolhinhas de Sabão’ e delicou-se com um Bolo em forma de Joaninha.
O seu mundo nunca mais foi o mesmo depois de ter estado no meio de uns Gatos (Cats) dançarinos e absolutamente fenomenais! Com o Outono a chegar devargarzinho, escutou belas melodias e ouviu sussurros de poemas de Eugénio.


Em Outubro, uma nova mudança. Era quase adulto o Bacalhau e para o assinalar vestiu-se de cores sóbrias para o Inverno. Como estava frio refugiou-se no quentinho da casa, abrigado da chuva, a bebericar um Chocolate Quente e a ouvir canções de um anjo, entremeadas com sons de Jazz e de ‘Pozinhos de Pirilimpimpim’. Leu duas histórias acerca de duas Princesas que afinal de contas lhe eram tão familiares e adormeceu. Sonhou com duas ‘Abobrinhas: Hallo & Ween’...

Acordou e era Dezembro. Estava muito frio, mas o Bacalhau queria ‘Acrescentar vida aos seus dias e não dias à sua vida’ por isso foi até Copenhaga visitar uma Sereia. Pelo caminho conheceu novas pessoas: uma Marta Raquel e João, ambos com histórias de vida diferentes mas igualmente humanas. Deu um salto, ainda que breve a Londres e redescobriu a cidade. Quando regressou o Bacalhau sentia-se ‘Cosy’. Entretanto, teve um presente de Natal: uma das suas tutoras ofereceu-lhe um contador de visitas, dado o extenso numero de amigos do tão querido Bacalhau.
Entretanto, visitou uma maravilhosa exposição de Arte e deixou-se embuír pelo espírito natalício...
O final do ano chegara e o Bacalhau celebrou em grande: entre Karaoke e uma festa com Agentes Secretos, o Bacalhau com Natas fechou os anos e formulou o desejo de ‘Um ano novo cheio de sorrisos e sucessos... e de canções de amor ‘.

Janeiro de 2007 – enquanto Medita na Pastelaria o Bacalhau já não mais pensa no ano que passou mas sim de que forma vai ser o ano de 2007. Prestes a soprar velas, no seu 1º Aniversário pensa para consigo como será homenageado pelos seus tutores e amigos?
Sim, porque o Bacalhau é vaidoso, guloso, excêntrico, modesto, inteligente, ingénuo e cheio de imensas outras qualidades...

Então, prontos para o Homenagear?? Eu já lancei o mote...

Meditação na Pastelaria

Por favor, Madame, tire as patas,
Por favor, as patas do seu cão
De cima da mesa, que a gerência
Agradece.

Nunca se sabe quando começa a insolência!
Que tempo este, meu Deus, uma senhora
Está sempre em perigo e o perigo
Em cada rua, em cada olhar,
Em cada sorriso ou gesto
De boa-educação!

A inspecção irónica das pernas,
Eis o que os homens sabem oferecer-nos,
Inspecção demorada e ascendente,
Acompanhada de assobios
E de sorrisos que se abrem e se fecham
Procurando uma fresta, uma fraqueza
Qualquer da nossa parte...

Mas uma senhora é uma senhora.
Só vê a malícia quem a tem.
Uma senhora passa
E ladrar é o seu dever – se tanto for preciso!

*
O pó de arroz:
Horrível!
O bâton:
Igual!

O amor de Raul é já uma saudade,
Foi sempre uma saudade...

(O escritório
Toma-lhe o tempo todo?
Desconfio que não...)

Filhos tivemos um:
Desapareceu...
E já nem sei chorar!

*
Chorar...
Como eu queria poder chorar!

Chorar encostada a uma saudade
Bem maior do que eu,
Que não fosse esta tristeza
Absurda de cada dia:
Unha
Quebrada de melancolia...

Perdi tudo, quase tudo...

Hoje,
Resta-me a devoção
E este pequeno inteligente cão.

Por favor, Madame, tire as patas,
Por favor, as patas do seu cão
De cima da mesa, que a gerência
Agradece.


Alexandre O'Neill (1924 - 1986) in "No Reino da Dinamarca" (1958)

(fica o poema, acompanhado de votos de um bom fim-de-semana que está aí...quase aí...
sejam insolentes, q.b. ;)!)

terça-feira, janeiro 09, 2007

Ele existe!!!!! Gelado com sabor a Bacalhau com Natas!!!!

Não sei se a notícias é novidade para vocês, mas foi para mim!!!

Qual não foi o meu espanto quando, ao ler o diário gratuito "O metro", que por sinal citava o site do Lifecooler, me deparei na coluna dos "breves" com a notícia relativa a um senhor que revolucionou o mundo dos paladares com a venda de gelados de sabores tradicionais portugueses - Gelataria e Cafetaria Coromoto em Portimão.

Para além do nosso querido Bacalhau com Natas, existem outros paladares a provar como as sardinhas assadas e a mais recente novidade, em homenagem ao Rali Lisboa - Dacar 2007, o Lisboa/Potimão/ Dacar. Ora segundo constava na notícia o gelado tem como ingredientes um licor, que simboliza África, e as frutas secas, que representam aquilo que os concorrentes vão encontrar pelos caminhos no deserto.

Portanto e posto isto, posso concluir que somos o máximo, porque até em gelados estamos, para não falar da água com bubbles.

Se não fosse tão longe era provável que o gelado fosse a sobremesa do meu almoço, o do Dacar claro, porque gosto muito do Bacalhau com natas, mas em gelado confesso que me faz alguma espécie.

A saborear!!!!!!

A short story


Once upon a time....

Big eyes framed with long and black eyelashes.
The gentle face mottled with delicious freckles like cinnamon in an apple pie. The nose, always curious to the winds of change...
Dark yet luminous hair. Dressed with a black satin dress she danced along with the gentle sound.
In her feet, scarlet sabrinas of varnish....

O regresso das frases existencialistas

"NÃO SEI QUAL O SEGREDO DO SUCESSO, MAS O SEGREDO DO FRACASO É TENTAR AGRADAR A TODA A GENTE"

Bill Cosby
(in Notícias Magazine)




Já dizia o ditado: não se pode agradar a gregos e a troianos!!!!!!!!!

segunda-feira, janeiro 08, 2007


Já que aqui se falou tanto em método, ora método...método pode ser o método científico. Método científico... Investigação, leis universais, fórmulas...
Fórmula...Fórmula de Deus.
Depois de o ter desembrulhado neste Natal, tornou-se num companheiro nos intervalos de almoço e, por vezes, no momento antes de me deitar.
Alia investigação científica, muita Física, Matemática e História de uma forma muito simples e muito cativante. Há romance à mistura e relatos deliciosos de países como o Irão, Israel, Cairo e do inspirador (e-quem-sabe-um-dia-vamos-lá!!!???) Tibete.
Vale a pena. Acrescentou-me.

(Gostei tanto do livro que o tinha que o comentar e pumba, quem melhor do que o autor para eu o poder fazer? Antes de ir almoçar enviei-lhe um e-mail. Quando regressei tinha a resposta: ''...Um romance que só sirva para distrair não chega, não acha?'' - diz-me ele... Sorri.)

quinta-feira, janeiro 04, 2007

O método de Maria Rita

Maria Rita fechou o livro e suspirou. Não era ainda hoje que aquele livro ia parar à prateleira. E tudo por causa do método de Maria Rita. Comprava livros, muitos livros. Umas vezes era o título que captava a sua atenção. Outras vezes aquele autor ou autora que sempre a levava a viajar mais longe com palavras de aqui e acolá. Havia ainda aqueles livros comprados de impulso porque o resumo da contra-capa atraía. Comprava os livros, chegava a casa, tirava a etiqueta ou o autocolante do preço, registava a data na primeira página e juntava-o a tantos outros que lá estavam por ler. Só depois de lido é que o livro era colocado nas prateleiras. Tantas e tantos. Prateleiras e livros. O método de Maria Rita. Havia um outro pormenor: a incapacidade de deixar um livro a meio. Mesmo reconhecendo que já não tinha interesse naquelas letras não conseguia deixar uma leitura a meio. Talvez adiá-la por um tempo mais ou menos indeterminado, mas nunca abandoná-la. Era domingo de tarde. Inverno lá fora. Frio, muito frio. Por dentro Maria Rita sentia também um frio estranho. O calor das emoções pode ser enganador, pensava. Já não se permitia ser triste. Nem sequer ser feliz. Aos olhos mais atentos parecia ter desistido de tudo. Ao olhar dos restantes era apenas mais uma mulher com uma vida banal. Maria Rita permitia-se pensar que era um pouco superior aos restantes, porque ao contrário deles tinha abdicado da inútil luta pela felicidade e tinha desistido. Não era feliz nem infeliz. Nem sequer tinha pena disso. Resignada? Talvez. Mas não se importava com isso. Nada lhe tirava o sono. Quando ainda buscava a felicidade num quotidiano de equívocos mais ou menos dolorosos, perdia horas em reflexões que nunca a fizeram chegar mais perto da realidade. Mas num dia, igual a todos os outros, percebeu. O quê? Que nada iria ser diferente naquele dia. Absolutamente nada. Excepto a percepção que tinha de que nada ia ser diferente. Aí residia a novidade. A enorme distinção face aos dias anteriores. Geralmente elogiam-se os dias que fizeram a diferença porque tiraram a pessoa do mutismo ou a impeliram a fazer algo de inovador que mudou o rumo da vida para melhor. Mas aqui não. Maria Rita simplesmente assinalou no calendário o dia em que desistiu. E nem lhe custou muito. Aliás, para ela tinha sido a mais fácil decisão da sua vida. Depois de 29 anos de decisões difíceis, noites sem dormir e dias inteiros de ansiedade tudo acabava de forma simples. Isto é uma espécie de suicídio. Mas pelo menos a Igreja não me renuncia. Sorriu. Pela última vez, talvez. O rosto de Maria Rita não tinha expressividade. Podia ser uma mulher bonita. Morena, cabelo comprido, traços muito sóbrios. Uma beleza muito calma. Mas não parecia real. Sem expressividade, perdia a beleza natural. Simplesmente não sobressaía numa multidão nem num grupo. Agradava-lhe essa indiferença. Aliás, cultivava desde aquele dia a indiferença por tudo. Excepto pelos livros. Não era má profissional. Pelo contrário, muito competente, nunca deixava um prazo não ser respeitado. E nunca falhava. Não cometia erros. Mas faltava a paixão. E essa faz a diferença. Até no trabalho. Para Maria Rita isso não importava. Para os superiores também não, desde que o trabalho ficasse bem feito. Para os colegas muito menos. Desconfiavam que Maria Rita tinha sofrido algum trauma e por isso era assim. Havia os que apostavam em pais ausentes, e um ou outro até arriscavam a possibilidade de algum abuso. Os outros desconfiavam que era mal de amor não resolvido. Curiosamente, Maria Rita tinha sido uma filha muito desejada e sempre muito adorada. Tinha tido uma educação equilibrada, não lhe tendo faltado bens materiais nem amor e afecto. Em relação a males de amor, não tinha tido nem mais nem menos que a maior parte dos mortais. Sabia que nunca tinha amado um homem. Aquele amor que vale uma vida. Mas quantos são os que vivem essas histórias? Maria Rita tinha para ela que muito poucos. E sabia que facilmente a maior parte das pessoas chegaria à mesma conclusão se parasse para pensar. Simplesmente, poucos o faziam. Mais uma vez a mesma conclusão. Poucos.
Livro pousado em cima das almofadas. Maria Rita foi até à cozinha e preparou a água para tomar um chá. Chá de Londres. Gostava da cidade. Tinha-a visitada mais do que uma vez. Voltava lá por um culto à indiferença. Considerava a cidade fria. Em tudo. Sentia-se bem naquele anonimato. Mas sabia que esse sentimento era apenas passageiro, durante aqueles dias de fuga. Também não se permitiria a mais do que isso.
Chá tomado. Nem sequer saboreado. Apenas tomado. Voltou ao quarto, acendeu a luz do candeeiro. Abriu de novo o livro. È hoje que vais para a prateleira. E disse-o com a mesma determinação com que algum tempo atrás tinha riscado no calendário o dia em que desistiu de tudo. A mesma determinação que tinha tido no dia em decidiu que tudo lhe seria indiferente.


PS - Como alguém disse neste espaço, a vida de facto não é cor de rosa. Não é sempre uma viagem agradável e muito cultivadora. Pode ser cinzenta. Pode ser negra. Pode ser transparente. Incolor! Não o esqueço. Luto dia-a-dia para que em cada dia novo eu seja capaz de pintar a minha vida de mil cores. Mas não esqueço que ela pode ser absolutamente negra, ou cinzenta. Nunca o esqueço. Luto para que certas cores tenham pouco palco para actuar na minha vida! Talvez seja esse o caminho!

Revisitando o cd Mellon collie and the infinite sadness




Sabe bem de vez em quando voltar a adormecer ao som de músicas como esta e recordar através delas um pouco de nós que ficou lá atrás...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Olha quem apareceu!...

Espreitando por este espaço povoado de letras, imagens, sons e emoções, eis que se descobre uma diferença na lista de quem o assina:

Sãozinha está por cá... Finalmente!

Benvinda menina maravilha! E que o pó de estrelas te ilumine os sonhos, como sempre...

Mãos à obra e trata de cozinhar umas postinhas cá na panela.

terça-feira, janeiro 02, 2007

(2) 007 – O Agente Secreto




Onze e meia da noite (23 mil horas e meia , como nos serviços militares), dia 31 de Dezembro. Ano de 2006. Cidade do Porto, conhecida também por Invicta.
Disfarçados entre os civis, o grupo de agentes secretos encaminhava-se para o local X.
Com a discrição do costume e, para não dar nas vistas, o grupo subdividiu-se. Iam vestidos com sóbrios sobretudos.
A mensagem autodestruíra-se no dia anterior. Só eles o sabiam e mais ninguém. Iam em missão.

Um a um, cada subgrupo de agentes secretos chegou ao X. Por fora, nada. Nem um letreiro, nada que pudesse revelar o nome do secreto ponto de encontro.
Apenas um cartaz com duas figuras associadas à cena política internacional. Tão somente. Um retrato a preto e branco, simples.

Paredes meias com um velho e soturno parque de estacionamento, o velho edifício na baixa da cidade deu-lhes as boas vindas.

O elevador, pequeno, triste e degradado conduziu-os até ao quarto piso. No interior, apenas um espelho. Nada de informações electrónicas de pisos. Apenas um desejo atravessava a mente dos seus ocupantes: o de que o elevador não resolvesse ser matreiro naquela pequena viagem.

Chegados ao piso 4, nada de especial. Mais uma vez, nada de cartazes. Apenas a porta.

Com um toque de campainha, eis que se entraram para um universo paralelo.
Os agentes secretos infiltraram-se num verdadeiro submundo, em que todos eram diferentes e todos iam para a mesma missão: encontrar-se com o famoso agente (2)007!

Após reconhecimento do local e apropriação de um velho sofá gasto e sem molas, os agentes secretos despiram os sobretudos.

As agentes secretas, sedutoras como sempre, depressa se fizeram servir do seu champagne (sem gelo). Por seu turno, os agentes masculinos, também eles com o seu ar matreiro e charmoso, se muniram de passas.

Até que os Agentes Secretos iniciaram a contagem qual bomba-relógio:

5...4....3...2...1...0

E ei-lo chegado ao local: o Agente (2)007! Todos os agentes secretos brindaram à sua chegada! Às 24 horas da noite, o segredo havia sido desvendado e o homem lá aparecera. Cumprimentou com um aperto de mão os senhores e com uma galante vénia as senhoras.

Servido-se com o seu tradicional martini, ergueu um brinde e deixou uma promessa a todos agentes secretos presentes:
Caríssimos, eu vou proporcionar grandes, saborosas e intensas aventuras! A cada dia, os meus segredos revelar-se-ão! Enjoy the ride!!

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Bem vindos a 2007


Um ano depois da casa do Tum lá estavamos nós com Maus hábitos!!!!

Sim, Diferente. Alternativo. Hummmm, sim isso tudo que possamos pensar.

Sim, pelos vistos deixamos passar a meia noite. Brindamos uns segundos depois, mas afinal o que é isso em 365 dias? Pouco. Ainda que me possam dizer que é em segundos que tomamos decisões importantes, que a nossa vida muda e por aí fora.

Engraçado ver que nem todos vivem este momento da mesma maneira. Uns sentados nas mesas, sorriem com os brindes dos outros, como se nada de diferente se estivesse a passar. Outros brindam ao novo ano, entre sorrisos e algumas lágrimas. Outros ficam compenetrados nos desejos a pedir às uvas passas, perdendo-se nos 12 desejos; outros pensam nos que não estão connosco neste momento: outros ainda, e no meio desta azáfama, passam em revista o ano que acabou, relembram o bom, o mau, o mais ou menos... Aquele silêncio!!!!!

Pois bem, depois dos brindes, dos sorrisos, das lágrimas, das saudades e dos votos de bom ano novo, espero que possamos sorrir e brilhar em todos os dias de 2007.

Como alguém que nos é familiar, escrever algures: UM 2007 DE EXCELÊNCIA!!!!

Beijos de quem gosta de vós.