quinta-feira, junho 29, 2006

Arroz de ervilhas com bolinhos de bacalhau

Sugestão culinária para esta semana: "Arroz de ervilhas com bolinhos de bacalhau"
Chefe de cozinha: Al

Ingredientes
  • Arroz agulha marca "Arroz todo bom"
  • Ervilhas do Gana congeladas a uma temperatura de -10º
  • Azeite "Canta de Galo"
  • Óleo vegetal de girassol
  • Cebola nova ou velha (a idade não importa)
  • Pimenta (atenção, este ingrediente é fundamental)
  • Sal grosso ou fino (como preferirem, gostos não se discutem!)
  • Água da torneira (sem lixívia, de preferência...)
  • Bolinhos de bacalhau (já prontos... já que a sua preparação fica para uma outra receita!)

Utensílios fundamentais:

  • Panela em inox com pegas em ouro (de preferência da TV Shop)
  • Colher de pau (não se aconselha o uso do pau de cabinda)
  • "Pano evita queimaduras"
  • Frigideira

Confecção

Coloca-se "ao lume" a panela com um fio de azeite, com a cebola cortado em quadrados (atenção: garantir que são mesmo quadrados e não rectángulos ou outra figura geométrica... estamos a cozinhar e não a demonstrar os nossos conhecimentos de geometria adquiridos no secundário!).

Após estarmos naquela fase em que a cebola ganha alguma côr, mas antes de queimar, adiciona-se a água, juntamente com a um pouco de sal e pimenta. Saliento que a pimenta é fundamental!

Deixa-se ferver, isto é, espera-se que a água se comece a movimentar e a ganhar umas bolhinhas... Chegando a esta fase, colocam-se as ervilhas e logo de seguida o arroz. Fecha-se o tacho!

Entretanto, vai-se abrindo o tacho e mexendo com a colher de pau, só para dar aquele ar que sabemos cozinhar!

Enquanto o arroz processa a sua bela cozedura, colocam-se os bolinhos congelados na frigideira e deixamos os mesmos ganhar um certo bronze! Mais uma vez, antes de os queimar, é necessário retirá-los.

Passados cerca de 10 minutinhos, prova-se o arroz do tacho só para garantir que está cozidinho e voilá!!! Está feito!!!

Deliciem-se!!!

Amor(as)


Apetitosas,
Vitaminadas,
Cheias de Vida!

Simples...
Lindas por dentro e por fora!

Todas difererentes
Todas únicas...

São assim as minhas Amor(as) - as minhas Amigas:

Uma delícia!!!!

quarta-feira, junho 28, 2006

Avante!

A felicidade é algo que se multiplica quando se divide. E porque a água do rio corre para o mar, adiante com este Blog até porque deitar cedo e cedo erguer dá saude faz crescer!!

Ponham lá os vossos Posts porque ao menino e ao borracho põe deus a mão por baixo. E ainda que ache que cada macaco no seu galho ... a candeia que vai à frente alumia duas vezes. E verdade seja dita, grão a grão enche a galinha o papo.

Não se esqueçam! De pequenino se torce o pepino!
Bora lá a postar minha gente… Que esta vida são dois dias.

Beijos

segunda-feira, junho 26, 2006

Encontrei...

Na esperança de teus olhos


Eu ouvi no meu silêncio o prenúncio de teus passos

Penetrando lentamente as solidões da minha espera

E tu eras, Coisa Linda, me chegando dos espaços

Como a vinda impressentida de uma nova primavera.

Vinhas cheia de alegria, coroada de guirlandas

Com sorrisos onde havia burburinhos de água clara

Cada gesto que fazias semeava uma esperança

E existiam mil estrelas nos olhares que me davas.

Ai de mim, eu pus-me a amar-te, pus-me a amar-te mais ainda

Porque a vida no meu peito se fizera num deserto

E tu apenas me sorrias, me sorrias, Coisa Linda

Como a fonte inacessível que de súbito está perto.

Pelas rútilas ameias do teu riso entreaberto

Fui subindo, fui subindo no desejo de teus olhos

E o que vi era tão lindo, tão alegre, tão desperto

Que do alburno do meu tronco despontaram folhas novas.

Eu te juro, Coisa Linda: vi nascer a madrugada

Entre os bordos delicados de tuas pálpebras meninas

E perdi-me em plena noite, luminosa e espiralada

Ao cair no negro vórtice letal de tuas retinas.

E é por isso que eu te peço: resta um pouco em minha vida

Que meus deuses estão mortos, minhas musas estão findas

E de ti eu só quisera fosses minha primavera

E só espero, Coisa Linda, dar-te muitas coisas lindas...


Vinicius de Moraes

(Ei! Tu aí na varanda! Para o caso de ainda não teres percebido...)

quinta-feira, junho 22, 2006

Acreditar no para sempre

«Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.»

in Miguel Sousa Tavares (o grande!!!) em «Não te deixarei morrer, David Crokett»

Sim, eu também acredito... e vocês?

segunda-feira, junho 19, 2006

Good Vibrations

Caríssimos Amigos

Nesta segunda-feira de Junho, em pleno regresso ao trabalho (isto é uma estafa!) decidi, num gesto generoso e revivalista, partilhar memórias recentes e conhecimentos preciosos para umas próximas férias...
Antes de mais, coloquemos o vinil em posição...e deixemos os Beach Boys envolver-nos com o fantástico...‘I’m looking for a good vibration...’


Sim, em busca de boas vibrações, ‘Quatro estarolas iniciaram uma viagem fantástica quando um deles, o maior....’ disse:

- Pessoal, tudo a postos para o Algarve? Apertem os cintos, fasten your site bells...por falar em bells, isto lembra-me algo...hum. hum...Bells, bell, hum...já seii!!! Bell de Isabel.... Ah, meu amor...’

- Ei! Cuidadinho, mãos no volante, está bem!!??? (gritou o casal Bilha e Carminho...)

Auto-estrada afora, com a Lua a dançar à nossa frente e trovões a iluminarem o caminho lá fomos...parando em quase todas as estações de serviço para cumprimentarmos o pessoal e para auditarmos os WC’s. Isto de viajar com auditores é no que dá!

E eis que, entre melodias, chegamos à simpática Vila Moura, esse paraíso cheio de palmeiras e de rotundas! E claro, de gente muito gira (como nós, evidentemente!)!
O descarregar de toneladas de bagagem ainda foi algo demorado, não fosse este um grupo vaidoso e ultra-precavido... até o belo do Mikado nos acompanhou...(para o caso de nos apetecer umas belas de umas espetadas, quem sabe?)

E eis que, finalmente, nos instalamos no belíssimo número 58, com vista para a piscina! Embalados pelo cansaço e ansiosos pelo amanhecer, ali ficamos a sonhar (pelo menos na versão oficial)... zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

A aurora rompeu e o galo cantou! Cheios de energia (tanta tanta que até baptizamos um jovem casal de melenas douradas e tonalidade de pele de holandês puro! com o simpático nome de Al & Calina, em alusão às pilhas alcalinas...), lá decidimos tomar o pequeno-almoço fora.

Batemos a porta do número 58, ávidos pelas boas vibrações de um pequeno-almoço aromatizado com uma amena brisa de verão e povilhado com a despreocupação típica das férias. Chegados ao chegar ao elevador, mesmo ali, na portinha do dito cujo, uma forte vibração cognitiva apossou-se da mente do jovem Bilha:

- Calina, bateste a porta?
- Sim, claro...
- Ó não! As outras chaves estão metidas na fechadura!!
(jovens, e aqui começou a aventura...e a pornografia...que isto não é decente, não!)
- Mas que dizes, metidas do lado de dentro?
- Sim, enfiadas lá dentro, e ainda por cima rodadas...
- Ó não! – disse Carminho - Os meus perfumes e cremes estão lá dentro!!
- Vamos meter a nossa chave e experimentar? – disse o jovem Al.
- A tua chave? Não sei não...não sei se resulta... – disse Calina, depois desta calinada...onde já se viu, bater assim com a porta, quando ela tem coisas lá enfiadas por dentro? Ai, ai, a vida...

Esperançados e empenhados e esfomeados (!), lá enfiaram a chave mas ela não entrava. Com outra lá dentro, nada feito!
Persistentes, ainda fizeram uma nova tentativa, mas em vão...
Entretanto, começou a ouvir-se trovejar... Porém, todavia, contudo desenganem-se as mentes que logo pensaram em mau tempo! Os trovões provinham directamente dos estômagos destes jovens em privação alimentar desde as 3 da manhã!
Como a cabeça funciona melhor de barriguinha cheiinha e feliz, lá decidiram ir comer algo.
Já acomodados num chiquésimo café, cheio de glamour e falo-vos nada mais nada menos do que a cafetaria do Ali Super (upa, upa!!), assistimos a duas cenas caricatas: a primeira, que os manequins das montras afinal andam por aí, a julgar pela loira de óculos escuros, chapéu de palha, perna cruzada, vestido castanho curto e decotado como se quer, e cigarro em riste, paralisada (perdão, sentada) à nossa frente! Se aquilo não era uma gaija boua, mesmo boua, daquelas que dizes: ‘ Ei, que boua!!’ não sei o que seria...
A outra cena caricata foi mesmo as torradas que nos serviram...quando se fala nos tradicionais escaldões algarvios, pelos vistos isso aplica-se também às torradas...pretas como carvão! Bronze fatal!! Aqui o grupo deu mostras da sua assertividade (e Carminho deu provas da sua forretice: ‘- Recuso-me a pagar torradas queimadas!!’) e lá conseguiu que a senhora das madeixas louras em fundo castanho se descentra-se da sua coloração capilar e se concentra-se em não deixar as torradas torrarem!! (passe o pleonasmo!)
Bom, saciados (se bem que ainda se comia mais qualquer coisinha...) lá marcharam para a conquista: não, não era Tróia que tinha que ser conquistada! Era mesmo o 58 da não menos magnifica Vila Moura!

E aqui, caros, entra o know-how, o verdadeiro saber da gatunagem (perdão, libertinagem) quando Bilha faz uma proposta indecente a Carminho:

- Vou tentar meter um cartão. Babe, emprestas-me um cartão dos teus?
(proposta esta acompanhada de um olhar matador que logo, logo, me deixou desarmada...cedi, portanto à proposta e saquei do meu cartão...)

Mete cartão, tira cartão da ranhura, rapidamente o dito adquiriu maleabilidade. No entanto, continuávamos na mesma: cá fora!!
Calina também meteu o cartão e ainda se queixou que o cartão estava a ficar mole... A porta era mesmo impenetrável!!

Entre risos de nervoso miudinho, tentamos tudo! E quando digo tudo isso incluí termos pedido uma colher de chá na cafetaria para servir de chave de fendas para abrir a pequena saída de ar qua havia na porta... Lá conseguimos, mas a mão que lá cabia seria possivelmente a de um anão...

Bom, dando largas à imaginação, lá telefonamos aos bombeiros locais que, habitualmente, costumar ser humanitários e salvar gatinhos que se empoleiram em árvores... Al lá estebeleceu a ligação mas, surpreendentemente, o nosso pedido de salvamento foi recusado:

- Sim, somos da corporação dos senhores dos capacetes, munidos de machados que apagam fogos e salvam gatinhos. No entanto, lamento. Para a deslocação, o senhor teria que ter alguém dentro de casa. Ora, continução de bom dia!!

Caso para dizer ao simpático senhor do capacete que:

- Ó meu caro amigo!!! se estivesse alguém dentro de casa, abria-nos a porta!!!!!!!!!!! Dah....

O pedido de ajuda seguinte foi dirigido ao simpático senhor do condomínio, que logo, logo, acolheu Calina e Bilha em sua casa e, num inglês irreprensível, telefonou para um ainda mais simpático marroquino que, num flash, chegou ao local do crime... Sim, crime, ora vejamos: estupro (chave enfiada na fechadura), violência (maus tratos repetidos ao cartão) e tentativa de arrombamento.... Já para não falar em mal-criação que no meio de tudo, lá soltamos uns: Bolas, caraças e carambas pelo meio...
Ora cá vai o segundo ensinamento de boa ladroagem quando o senhor marroquino, saca de uma faca de cozinha (vulgo catana) e corta uma rodela de uma garrafa vazia de agua do luso. Invocando que este material é mais maleável, também ele tentou entrar no trinco, mas logo se apercebeu que o plástico não era duro o suficiente...Palavras dele, não minhas...

A segunda tentativa foi com um novo cartão, desta feita, com as medidas e espessura ideais...E, finalmente abriu...A porta abriu!!!

Qual Alibabá, qual ‘Abre-te sésamo’??? Malta, o belo do cartão é o que está a dar para abrir portas!!! E sem precisar de PIN nem códigos de acesso!
E dizem por aí...que com uma bela radiografia também se obtém bons resultados.

Por isso, antes de saírem de casa vejam se deixaram chaves metidas por dentro e depois, tranquem a porta à chave, não vá este texto ensinar coisas do demo ...

Os dias seguintes foram um misto de boa comida, boa disposição e, claro, bom futebol. Futebol, daqueles bons, sabem? Daqueles mesmo, mesmo bons que uma pessoa até diz: ‘Ei que bom!?. Descobrimos que somos giros, mas que Trivial Pursuit Genius não é bem made for us...Também ainda se perguntassem coisas interessantes como: Quem escreveu o Sei Lá?, Ou de que cor era o cavalo branco de Napoleão?
Mas não, perguntam coisas que não interessam a ninguém, tipo: O que têm em comum Saramago, Salman Rushdie ...e uma série de nomes que não saem na Caras?

Um tédio! ;) O que vale é que no meio do jogo, íamos assistindo a um filme giríssimo do Jackie Chan a fazer de índio!! Achei que aquele papel era a cara dele!!!

Quero também prestar homenagens aos dotes culinários evidenciados nestas mini-férias. Graças a estes jovens gourmets e bons cozinheiros, quatro barriguinhas felizes foram vistas a passear por Portimão, enquanto comiam um crepe gigante cheio de gelado, topping e chantilly!!! A fome foi de facto, negra!!!

Aprendeu-se coisas novas. Por exemplo, Bilha esclareceu a mente de Al quando lhe revelou o que eram ‘banhos sentados’... Calina relembrou que trovoada não se escreve trevoada, mas sim trovoada (obrigada Calina!!)
e Carminho proibiu o uso da terminologia que envolva as duas letras C (de casa) e U (de uva). Citando-me a mim mesma, essa palavra é ‘muito feia!!’.

Boas vibrações, sem dúvida, se fizeram sentir no seio deste grupo de jovens casalinhos.

Digamos que o auge vibratório foi atingido quando, num belo serão (após um atento visionamento da final do ‘Dança Comigo’) todos giríssimos e cheios de brilhantina, resolvemos ir socializar com o Sr China na Marina de Vilamoura.

Todos fashion, envoltos numa nuvem perfumada, dirigimo-nos à viatura oficial, cedido gentilmente para esta viagem pela nossa cara Calina.
Al caminhava decidido e confiante pelo pátio do condomínio que agora estava meio adormecido (passava da meia-noite) e comenta:

- Ah, este comando do alarme não tem nada dentro!

Logo soltamos uma gargalhada de boa disposição e dissemos:

- Fantástico! Boa piada! Agora abre-nos lá a porta que os penteados lisos estragam-se e encaracolam com a humidade da piscina!!! – disse Carminho.

- Não, não. Isto está vazio, capixe?

- Isso não é nada fixe, pá! – disse Bilha. – Como vamos abrir o carro?

- Com a chave, dah! – disse Calina.

- Ou com um cartão!!! – exclamou Carminho, mais culta em técnicas de assalto e arrombamento de portas do que o Junho homólogo.

- Pois, vamos abrir e o alarme vai tocar. Mas eu, tenho a chave que desliga o alarme. – afirmou Al.

Ufa! Suspiraram.

Eis que a abertura das portas do veículo acciona o alarme e logo todo o prédio despertou. Não era Berlioz, nem Ravel, muito menos Wagner, mas o som de tragédia era semelhante ( e mais repetitivo)...Nem me atrevo a tentar aqui reproduzir o som do alarme...digamos que um surdo era bem capaz de o escutar...

Porque estes quatro apreciam desafios e aventuras, regadas com adrenalina e suor, a chave do alarme não funcionou!!! E o que antes era silêncio, agora era uma brutal poluição sonora!!

- Planeamento!! – ouviu-se alguém gritar – Vamos procurar o que falta do comando!

Enquanto Al e Bilha tentavam que a chave cumprisse a sua função (i.e. calar o histérico alarme), as meninas rapidamente activaram a sua visão nocturna (qual felinas) e, de cócoras iam apalpando o pátio...Até é algo sensual de se assistir...Não fosse a idade que já pesa e as cruzes a dar de si...

E, bom! Para acelerar isto um pouco, imaginem como nos filmes que:

Meia hora depois....

Bilha e Al tinham pegado no carro e levado o alarme gritante a passear pela Marina de Vilamoura. Houve até quem lhes cedesse passagem...(gente que confundiu sirene de emergência com alarme, imagine-se!).
O senhor do condominio já tinha chegado entretanto ao pátio e desfazia-se a rir com a nossa imensa (falta de) sorte, enquanto eu, Carminho, contava a história aos restantes moradores tentando desfazer ideias de que aquilo era um assalto a um carro...
Pelo meio da história, ia-me abaixando e apalpando o pátio, acompanhada da minha companheira (que ménage!!) Calina quando:

- Encontrei!!!!! – gritaram ao mesmo tempo.

Sim, ambas, conseguiram encontrar a agulha no palheiro, ou antes, a placa do alarme e a pilha!

Logo telefonaram para os meninos que, por sorte, ainda não tinham ensurdecido, nem tinham sido parados pela Polícia. É sempre assim: quando precisamos da Polícia, ela nunca aparece! Provavelmente andavam a multar carros...

Coitadinhos....Todos sujos de óleo, com os tímpanos maltratados...

Agora dizem vocês: Ó tadinhos...E foram descansar não foi?

Nah, qual quê? Fomos pra rambóia, pra night!!

E dançamos, dançamos e rimos e rimos e namoramos e namoramos

Em síntese, foram bouas, muito bouas, mesmo mesmo mesmo muito bouas estas mini-férias entre Amigos!! Daquelas que dizes: ‘Ei que bouas’!!!

Sem dúvida, com Boas Vibrações, em todos os sentidos ;)!!!!


P.S. – Introduzi, como podem ler (se tiverem pachorra para ler até ao fim, que eu quando começo a escrever não páro e esta frase é bom exemplo disso...:)), dois novos elementos: o Al e a Calina: Al&Calina. Tolos de todo e, sem dúvida, companhia da melhor!
Como a menina Calina já comentou neste espaço, desde já aqui fica registada a sua entrada pela porta da frente, bem como a do seu caro mais-que-tudo, Al, neste espaço do g+g!
Welcome!! Beijos a todos.

domingo, junho 18, 2006

Olh'ó Balôn!


Informamos todos os/as interessados/as que está aberto o concurso de Quadras de S. João para o ano 2006.

Todos/as os/as interessados/as poderão parcticipar no concurso, bastando para isso colocarem aqui os vossos trabalhos. Estes ficarão sujeitos às apreciações dos/as restantes concorrentes. Temos que rentabilizar recursos, meus caros!

Mas atenção! Nada de linguagem imprópia! Que a gente até nem se importa de ser brejeira mas há limites! Tá?!

O objectivo é, na tarde de sexta feira, podermos encontrar o/a vencedor/a da Quadra Mai Linda (sim é assim o nome do título atribuído).

Mãos ao trabalho, que é como quem diz, neurónios a trabalhar.

Prémio?
Qual Prémio?
Prémio?
Qual Prémio?

Vão lá trabalhar.....

sexta-feira, junho 16, 2006

Vamos dançar GOTAN?


Olá gente gira!

Tenho em mãos uma proposta irrecusável... Porque nós merecemos!
Para que não se queixem que os espectáculos estão sempre em Lisboa, que não existem oportunidades no Porto, que demora muita tempo, etc., etc... Eis que vos sugiro irmos ver/ouvir/dançar GOTAN PROJECT no Coliseu do Porto.
Terá lugar no dia 7 de Julho (sexta-feira), pelas 21.30.
O preço dos bilhetes é de 25€ (pé) ou 30€ (lugares com marcação) - não sei se repararam mas não coloquei a bold...
Julgo que não deveremos ter muito tempo para adquirir bilhetes... mas eu tenho esperança (sempre!) que ainda existam alguns para nós. Não poderia ser de outro modo.
Espero que gostem da sugestão e... aproveitemos!

Aguardo reacções!

Beijinhos e abraços

quarta-feira, junho 14, 2006

Vai onde te leva o Coração


Quando te sentires perdida, confusa, pensa nas árvores, lembra-te da forma como crescem. Lembra-te de que uma árvore com muita ramagem e poucas raizes é derrubada à primeira rajada de vento e de que a linfa custa a correr numa árvore com muitas raízes e pouca ramagem. As raízes e os ramos devem crescer de igual modo, deves estar nas coisas e estar sobre as coisas, só assim poderás dar sombra e abrigo, só assim, na estação apropriada, poderás cobrir-te de flores e frutos! E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera.
Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar!!!

(susanna tammaro)

Recordo esta passagem do livro com o titulo acima ... Lamechas, sentimental? Sim assumo, sou e muito... :) Fiquem muito bem e deixem-se conduzir pelo vosso coração...Até breve.

segunda-feira, junho 12, 2006

E assim se prega uma boa partida...


"- As pessoas têm estrelas que não são idênticas para todas. Para umas, que viajam, as estrelas são guias. Para outras, não passam de pequenas luzes. Para outras, que são sábias, são problemas. Para o meu homem de negócios, eram ouro. Todas essas estrelas são mudas. Mas tu,tu terás estrelas como ninguém tem...

- Que queres dizer?

- Quando olhares para o céu, à noite, já que moro numa delas, já que me estou a rir numa delas, é como se todas as estrelas se rissem para ti. Tu, tu terás estrelas que sabem rir!

E riu-se outra vez.

- E quando já te tiveres consolado (as pessoas consolam-se sempre), ficarás contente por me teres conhecido. Serás sempre meu amigo. Às vezes abrirás a janela unicamente por prazer... E os teus amigos ficarão muito admirados por te verem rir ao olhar para o céu. Dir-lhes-às então: "Sim, as estrelas fazem-me sempre rir!". Julgar-te-ão louco. Preguei-te uma boa partida..."

(Saint - Exupéry in "O Principezinho")

São as palavras do principezinho. Porque as estrelas também me fazem rir. E porque suspeito que também tenho uma estrela onde um principezinho, que me pregou uma bela partida, ri para mim.

Procurem a vossa estrela. Procurem a Maravilha!

(A foto é de Hugo delgado. O desejo de felicidade para o pequeno milagre que nasceu no Domingo é de todos nós, deduzo eu pela alegria contagiante que se vive por aqui...)

domingo, junho 11, 2006

Monday

Olá gente gira!!!

Pois é... depois de uma excelente noite no Bazaar acompanhados por uma lua cheia, eis que uma nova aventura se desenha. O Verão está aí, a vontade de ficar em casa, julgo, não será muita.
Deste modo, sugiro um "muve" para segunda à noite. Eis as minhas sugestões (cinemas AMC):

- 1ª escolha: Infiltrado - fascínio do poder, a fealdade da ambição e o mistério de um assalto perfeito neste incendiário thriller. Estes actores interpretam duros nova-iorquinos que procuram despistar uns aos outros para proteger os respectivos interesses. Realizador: Spike Lee. Horário: 21.40
- Para quem não gostar do primeiro: Freedomland (A Cor do Crime - as traduções pt estão cada vez melhores) - Numa noite já longa num subúrbio de classe baixa em Nova Jersey, uma mulher com vestígios de sangue no corpo, um ar atordoado e sem pronunciar uma única palavra, entra cambaleando nas urgências do centro médico de Dempsy.Depois de receber tratamento médico, relata à polícia uma terrível história em que foi forçada a sair da sua viatura por um homen de raça negra, mas durante o interrogatório a polícia desconfia que ela não está a contar toda a verdade... Realizador: Joe Roth (não conheço...) Actores: Samuel L. Jackson, Julianne Moore. Horário: 21.55
- Para os mais pequeninos: Astérix e os Vikings - A pequena vila gaulesa acolhe o irreverente Atrevidix, sobrinho do chefe, e Astérix e Obélix são encarregues de fazer dele um homem de verdade. Este adolescente medricas, vindo de Lutécia, vai ter um treino de choque, mas que não irá servir de muito... Entretanto, os Vikings desembarcam na Gália... Actores: Roger Carel e Jacques Frantz (devem ser novos na praça). Realizadores: Stefan Fjeldmark e Jesper Møller (gajos do "nuorte" carago!). Horário: 21.15.

Bom, fico à espera das vossos comentários/novas sugestões.

Até lá, beijinhos e um especial abraço ao quase "tio" (ai que bem!)
Sal

sexta-feira, junho 09, 2006

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos os que vivemos,
Uma vida que é vivida,
E outra que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a viva que a gente tem
É a que tem de pensar.

Fernando Pessoa

terça-feira, junho 06, 2006

COMEMORAÇÃO




Boa tarde a todos!
Avizinha-se um dia muito importante para o g+g.
Este sábado, dia 10 de Junho, faz um aninho que toda esta aventura começou.
Onde começou ela? Exactamente no local indicado pela foto. Onde, para alguns fomos ofendidas e para outros elogiadas!!!! Mas sempre com bom humor.
Por tal, proponho que os elementos do gang, futuros membros e amigos dos membros e futuros membros (aí que confusão!!!! espero não me esquecer de ninguém) se juntem para um café, no próximo sábado (e não kinta, nem sexta), à noite, para uma pequena comemoração!
Esta inclui, para além do dito café, chá, sumo, gelado, ...., recepção de boas vindas ao futuro membro (que espero sábado, seja já membro) boa disposição, recordações e quem sabe mais algumas coisas.
O convite está feito. Aceitam-se sugestões de locais.
Até lá, tenham uma Fantástica, Maravilhosa, Estupensa, Magnífica, Extraordionária, Incrível, Fabulosa Semana.
Beijinhos
Má-da

Bacalhau com Natas... com uma pitada de Sal, q.b.

“Como quem num dia de Verão abre a porta de casa E espreita para o calor dos campos com a cara toda”

- Olha-me isto!! O que se passou aqui?! Quem é que andou a pintar o meu belo estabelecimento! Que cena!!

Bilha, no arrancar de mais uma manhã solarenga de Junho comentava desta forma o enorme grafitti colorido que cobria parte da sua lanchonete com música.

- Inda por cima fala-me aqui de campos!! Isto vai afugentar a clientela!! Eles vão pensar que em vez de virem prá praia, tão a chegar ao campo!! Ca ganda chatice!! Inda por cima num se percebe: então espreita-se pró calor?! Hei, que já se me estragou o dia!!

- Calma, Bilha, tudo tem uma explicação. O menino tem andado tão atarefado a tentar descobrir uma fórmula que combata a Frize de bacalhau do Bar da Betty que parece esquecer-se das coisas...Vá lá, ‘Porque recordar é viver’, faça um esforço e lembre-se. Quem é que ultimamente anda possúida pelos grandes génios da Literatura?? Hum...Quem é que passa a vida a citar Fernando Pessoa, Eugénio de Andrade, Tony Carreira e o grande Toy?? Hum, diga lá quem, hum? – dizia a Bilha a ultra sensata e sempre fashion Má-Dá (que hoje trazia as calçadas as suas sabrinas douradas...a bater com o dourado do sol...sempre na moda!! ;))

- Ei, ganda nóia!! Foi ela!! Ganda maluca!! Ai, se a apanho de Boogie!!! Foi a Ivana, tá-se a ver pelo graffiti!! C’um camandro!! Prontos! Ufa, estou mais descansado!! É que depois de ter visto aquele filme marado do Código do tal méne chamado Vinci pensei que isto aqui escrito fosse um anigrama, ou coisa e tal!! Sou um tipo da paz, da camisa havaina, da chinela...

- Calma, Bilha...É só um grafitti, a Ivana tem que fazer exposições do trabalho dela em algum sítio não é?

- Yá...olha mas bora lá começar a fritar pastéis de bacalhau, que estão quase a ser nove da matina e o pessoal que vem pra praia quer comer!!!

- Está a sair, chefinho!!

Enquanto Má-dá se enfiou na cozinha da lanchonete e fazer bolinhas dos pastéis de bacalhau, Bilha fazia o inventário dos ingredientes:

- Ei, isto hoje começa pró torto! Num posso crer nisto!? Ó Má-Dá, tens por aí as pérolas mágicas!!??

- Não Bilha, acabei ontem com o ultimo pacote!

- Yá...vou ter então que pôr em marcha o plano B! - saca do aparelho celular móvel que Carminho lhe havia oferecido pelos anos e marca o número 459857.

Do outro lado da linha, aparece uma menina telefonista que diz:

- Caro cliente, este número está incompleto. Para ligar para a linda cidade dos moliceiros, dos ovos moles e das salinas, disque o prefixo 256. Obrigada e volte sempre, porque enquanto existirem pessoas que não marcam os números de telefone correctos, eu vou ganhado uns tustos a fazer gravações com esta voz ultra-sexy. Agora, pode ir à sua vida, jovem. Desligue, desampare a linha!!

Embora Bilha tenha ficado algo atordoado com esta voz mega sensual, lá conseguiu estabelecer a ligação:

- Tá lá!!? – dizia uma voz grave do outro lado do auscultador.

- Iá, méne, é o Bilha! Tá tudo?!

- Ei maior! Tá tudo! Há que tempos não falamos, meu! Tás bacano?

- Tudo nos conformes! Tou aqui com falta dos grãozinhos!! Topas?

- Grãos!? Ei, ó pá, mas que queres que te diga? Eu ainda tentei ir ao Grão D’ Areia no outro dia, mas aquilo está sempre à pinha! Também não é preciso ficares assim!? Vamos lá ver as babes esta semana, alinhas?

- Ei, ei...alinho, mas não é isso! Falta-me aqui os pózinhos mágicos, o poderoso conservador dos meus bacalhaus!!

- Ei, a sério? Então, caro amigo, não te preocupes, vou já à Ria fazer um carregamento e já estou a caminho!! Antes mesmo de piscares os olhos!!

E, antes de Bilha piscar o olho, estava a entrar pelo areal adentro um Porsche Carrera amarelo (a bater com o sol, claro está!! E com a tonalidade da areia!!) a alta velocidade.

As meninas que estavam sentadas na esplanada da lanchonete a tomar a sua meia de leite com o belo do pastelinho de bacalhau logo se agitaram e sacaram dos espelhinhos das suas carteiras. Enquanto retocavam o baton, soltavam pequenos guinchinhos: hihihihihi, hihihihi, hihihi

(inda dizem que as mulheres são descendentes do macaco...quer-me a mim, narradora, parecer que descendem dos pinguins,...com estes guinchinhos...bem, adiante).

O Porsche faz uma travagem brusca mesmo na soleira de madeira da lanchonete e logo se levanta uma espessa nuvem de areia. Entretanto, Bilha e Má-dá desatam a tossir...enquanto estão às apalpadelas ao ar...

- Então, cóse, está tudo? – diz o viajante ultra-veloz, mais rápido que o sapo e do que as novas placas terceira geração e meia!

- Então, méne! Cof, cof, cof! Dá cá um abraço!!! – diz Bilha, emocionado e completamente engasgado com as quantidades industriais de areia engolida...

- Sim, vim-te acudir. Trago aqui material do bom! Estes são pós do melhor, do bom mesmo! São pedras diria! Pedras precisosas!! Ei, Má-dá, princesa, trazes aí a carreta de mão, pra descarregar o produto?

- Tudo eu! Dois marmanjos e terei que ser eu a sacrificar as minhas unhas impecáveis! (mas lá foi...)

De repente, o aveirense, vindo directamente da Ria, descarrega o seu Porsche e saltam qual pepitas (!) quantidades colossais de nada mais, nada menos, do que Sal!!!!!

(sim, sal!!! qual é o espanto?! Dah, estavam à espera do quê?? eu dei pistas...ora leiam pra trás....ai, esta gente!! bem, é sal do grosso, do salgadinho!!!)

- Ei, dá cá um abraço...

(Argh...parem lá com isso...Gaijos a abraçarem-se tantas vezes...Parem com isso!! Já chega, já se percebeu que são bué de amigos. Isto da amizade é lindo e coisa e tal, mas doseiem aí as manifestações!! Continuai, então, mas afastados, okis? – narradora sofre...mesmo!)

- Ei, ó Sal, tu esmeraste-te. Trazes aí produto do bom! Isto agora é que vai ser cada bacalhauzinho salgadinho, upa, upa!! – dizia Bilha, fascinado.

- Pois, é pá. Sabes que agora com a concorrência ali na Ria de Aveiro, os carregamentos têm que ser grandes e na hora, para garantir o produto mais fresquinho do mercado!! Eles no Jumbo e no Pingo Doce garantem ‘ah, e devolvemos o dinheiro é o fresquinho e tal’, mas eu cá digo: ‘Não há sal mais fresquinho do que o do Sal!!’

- És o maior. ‘brigadão, salvaste aqui montes de bacalhaus, pá! Ficas connosco para o jantar! Vamos preparar hoje uns Bacalhaus com Natas com uma pitada de sal, que vais-te regalar! Vou já convocar o resto do peoples, o g+g e hoje aqui, na Lanchonete, isto vai BOMBAR!!!


E prontos, mais uma boa acção para o Mundo foi realizada, desta vez por um novo membro que, vindo de Aveiro, se associa ao gang dos mais giros e que veio salvar milhões de bacalhaus indefesos!! Será que se habitua aos hábitos de cá, desta cidade do Norte? Como será que o Sal reagirá ao constatar que poderá ter que andar de metro? Bem, sendo o metro da mesma cor do seu Porsche pode ser que o choque seja menor...
Bem, Sal, eu narradora e em nome dos g+g dou-te as boas vindas aqui!! Sem dúvida que vieste condimentar um pouco esta bacalhoada! Esperamos agora que contribuas com post(as) de bacalhau, que a gente bem aprecia!!!

quinta-feira, junho 01, 2006

Beatriz

(significado do nome: aquela que faz os outros felizes; pessoa que dá nova luz às pessoas e aos ambientes)

Trago na minha pasta uns livros e umas revistas científicas. Pesam que nem chumbo! O ombro dói, machucado com a alça da pasta. É apenas mais um Sábado e que já vai a meio, mas a sensação do dever cumprido sabe melhor quando chego a casa e cheiro este odor de mar salgado e a areia molhada salpicada com as algas trazidas pelas marés.
Na linha da praia há gente a correr, animais a passear, pares a namorar, um velho que lê o seu jornal. No Grão d’ Areia, lá ao longe, consigo ver formas humanas em miniatura. Estão com a azáfama dos preparativos da gente que há-de vir. Hoje será a celebração do fim do Verão. Verão esse que passou por mim sem que me apercebesse. Se não vivesse em frente à praia e não houvesse o desassossego da gente e dos carros que me impediam a concentração durante o estudo, nem me teria apercebido da mudança de estações.
No elevador olho-me ao espelho e mal me reconheço com este corte de cabelo. Anos e anos se passaram com os meus cabelos loiros, encaracolados e rebeldes. Mas sinto-me bem hoje ao ver-me com os cabelos escuros e curtos. Mantêm a sua rebeldia – traço do meu ser - os caracóis espiralados, mas emolduram o meu rosto de um modo completamente diferente. Para uns, aparento uma inesperada jovialidade; para outros, este penteado assinala a ruptura com os excessos, com a minha sensualidade manifesta. Sei bem que os meus cabelos foram o atractivo principal de muitas festas! Todos me assemelhavam à Nicole Kidman. Sei bem que destruí relações à custa de uma beleza que não pedi para ter, mas que sempre soube usar a meu favor – a favor dos meus caprichos, como alimento do meu ego, a seiva do meu esplendor diferenciado!
Mas este reflexo que hoje me é devolvido enquanto subo é o reflexo da esperança. Realça o verde dos meus olhos e os traços do nariz. Pequeno e decidido, como sempre me disse a minha mãe. A minha eterna e maior fã! A única que me reconhece verdadeiramente, por detrás desta aparência de ilusão e fascínio.
Tal como o mar que hoje contemplo da janela do meu quarto, o verde dos meus olhos embala-se em tranquilidade. Está renovado, tal qual o mar que agora sossega da perturbação do Verão, das gentes que o invadiam, das vidas que engoliu e escondeu em si. São as ondas que o lavam, ao mar; são as ondas deste novo corte que me lavaram a mim, à minha alma.
Rodo a chave na porta e ouço o palrar por que ansiava. Largo o peso que trago comigo e esqueço o cansaço do corpo. Sigo em direcção a este som, do qual estou cativa. Espreito para dentro do quarto e lá está: a razão da minha renovação, o motivo do reencontro comigo mesma, a luz que iluminou a direcção que me parecia irremediavelmente perdida – “Beatriz!”.
Vê-me e logo me estica os braços, pedindo que me aproxime e que lhe dê colo. “Claro que te dou colo, minha flor! Vem cá à madrinha! Como estamos hoje? Bem dispostas, não é verdade?! Ai, que abraço forte!!! Que saudades tínhamos uma da outra, não era, meu favo de mel ?!”
Responde-me num maravilhoso palrar, com melódicas entoações e a expressão de um pequeno anjo. E tudo se torna secundário, marginal até.
Por este pequeno milagre da vida, tornei-me num milagre de transformação.
No dia em que demorava para nascer, no sufoco da maternidade, resolvi largar o tabaco. Rejeitei a companhia de longa data, sufoquei o prazer que me dava e desprezei o conforto que me dera naquelas longas horas de espera da boa nova vinda da sala de partos.
Até que, subitamente e segundos antes de te dares a conhecer a este mundo, senti o maior pânico da minha vida – o medo de que me rejeitasses, que recusasses o meu colo, enojada com o cheiro de tabaco entranhado nos dedos. Corri ao quarto de banho da maternidade e lavei as mãos até à exaustão. Esfreguei palma contra palma, como um obsessivo-compulsivo com medo da contaminação iminente.
Não te merecia receber desta maneira.
Naquele quarto de maternidade em que os meus olhos caíram sobre ti, sobre a fragilidade do teu pequeno corpo, toda a luz se amplificou. Enrugada e com os olhos arregalados de espanto, deixaste-te pegar ao colo e encaixaste-te entre os meus braços. Não me conseguias ver, é certo, mas eu vi-te tão claramente... Vi que eras o sinal da mudança de tudo e de todos, até de mim! Reencontrei-me em ti, no toque da tua pele macia e rosada, no cheiro da tua nuca, na serenidade do bater ligeiro do teu pequeno coração. Agarraste com força o meu dedo mindinho e pensei que seria pela tua mão que conheceria um novo ciclo da minha vida, o ciclo da renovação.
Permaneceste embalada no meu colo, pela noite dentro, até a enfermeira anunciar que chegara a hora da amamentação. Saí para estares com a tua mamã, no vosso momento mais cúmplice. Confesso que senti inveja da minha irmã, pela primeira vez em toda a minha vida. Pelo presente que acolhia em braços, pela vida que gerara dentro de si, pela perfeição que era parte do seu ser, para sempre!
Nessa noite, na manhã seguinte e nos dias que se seguiram até hoje, não me sais da mente. Estás implicitamente presente, subjacente em todas as minhas decisões, em todos os passos que dou, em todos os cantos. Carrego contigo durante o dia o cheiro das tuas madrugadas mal dormidas e o calor do teu corpo adormecido em cima do meu corpo estendido no sofá. Moldado a mim, como se o conhecesses mesmo antes de te conheceres a ti mesma neste Mundo.
Cresceu força dentro de mim, uma vontade imensa de te fazer orgulhosa de mim, uma ânsia de te acompanhar na vida, como um exemplo de vida.
Por ti, renunciei aos excessos, à embriaguez da noite, à volatilidade amorosa e à indiferença que sentia por tudo e todos. Usava a beleza como íman, e num jogo de manipuladora sedução, gerava dependências. Dependências essas que desprezava, que espezinhava. Regozijava-me com a facilidade em moldar as pessoas aos meus caprichos, para logo de seguida, as largar, as afastar, nem dores de separação e com um golpe certeiro e seco: “Deixei te ter interesse por ti. Penso que será melhor não nos vermos mais por uns tempos. É melhor para os dois. Adeus”.
E, sempre que o fazia, logo sentia uma enorme euforia, a celebração de uma nova conquista que sabia certa por vir. Porque sempre vinham e iam, como as ondas. Em constante renovação. Era nessas noites de ruptura e de (re)início que me ia perdendo cada vez mais, na insaciabilidade do álcool e no prazer de mais um cigarro aceso por mais uma presa fácil que ingenuamente, acreditava seduzir-me, inconsciente de que, em poucos instantes, mergulharia no verde dos meus olhos e sufocaria por entre as minhas madeixas loiras. Em espiral, para inebriar, para confundir, como labirinto do qual não conseguiam achar saída.

Por ti, cortei os cabelos, soltei amarras dos antepassados, libertei e pedi perdão, aceitei consequências, reencontrei o gosto pelo estudo e pela superação, abri horizontes e viajei pela Europa. Reencontrei-me para te poder reencontrar assim: fresca, renovada e limpa. Como este mar de Outono que mora à nossa frente. Com a claridade de uma alvorada e sem o fumo e o disfarce da noite.

Nos teus olhos verdes reencontrei esperança para me tornar numa pessoa melhor.
No teu rosto em constante mutação, encontro semelhanças comigo em bebé. Maliciosamente, coloquei as nossas fotografias lado a lado, para que quem entre comente a nossa inegável parecença. A tua expressão e entrega genuínas. Ah! Como havia mudado tanto!
Enquanto brincámos juntas, esqueci a fome que trazia embrulhada no estômago! Esqueci que o tempo continua a passar à nossa rebelia.
“Vem, minha Beatriz, vamos papar.” Que hoje o dia é só Nosso e nada mais interessa!

Notas: Decidi assinalar o primeiro dia de Junho relembrando e partilhando com todos um texto que escrevi há algum tempo. Primeiro, porque hoje é dia Mundial da Criança e este texto fala de uma criança e da sua capacidade de melhorar a vida de alguém já adulto.
Segundo, porque refere pelo meio um local à beira-mar muito agradável na Praia de Lavadores (em Gaia) - o Grão d'Areia - que foi (e bem!) sugerido pelo André como local de encontro para o cafézinho de amanhã, pelas 22h00.
Terceiro, porque o texto fala de mar, de ondas, de areia, de praia, enfim, de todas essas coisas boas de que já começamos a poder novamente desfrutar... e porque hoje é também o dia de abertura oficial da época balnear.

beijinhos