terça-feira, outubro 31, 2006

Face Lift

«Muda-te que Deus ajuda-te!», quem o diz é a sabedoria popular e eu concordo.

Esta é uma proposta de mudança de visual do Bacalhau.
As vozes opinativas devem portanto erguer-se e votar se esta mudança é para melhor ou para pior.
Sejam interventivos...


P.S. Para que isto não fiquem em 'aguas de bacalhau' decidimos (me, myself and I, portantos, 3 pessoas) que para a votação ser significativa e imperiosa, terão que existir pelo menos 4 comentários votantes. Eu votarei desta vez, usando só o I, para contar como uma).

Hallo & Ween

Era uma vez duas aboborinhas: a Hallo e a Ween.
A aboborinha Hallo era pequenina, redondinha, laranjinha. Por seu turno, a Ween era uma abóbora crescida e com um tom laranja mais carregado. Viviam num canteiro de um quintal e estavam a amadurecer.
A Hallo e a Ween eram as melhores amigas. Tão ligadas eram que parecia que uma adivinhava o que ia na cabeça da outra.
Até que um dia veio uma mulher malvada, pegou nas duas aboborinhas e zás! Cortou o talo que as ligava entre si.
- Hallo!!! – gritou Ween.
- Ween!!! – gritou por sua vez Hallo.
Cada uma ia debaixo dos braços da malvada mulher, de nariz com verrugas e de cabelos compridos grisalhos.
Já dentro de casa da mulher, as aboborinhas assustadas já não mais conseguiam adivinhar o que ia na cabecinha da outra. Estavam com medo.
Apareceu então uma criança. A velha da verruga deu-lhe uma tarefa.
Com um canivete a criança pegou em Ween e começou a fazer-lhe cortes. Retirou todas as sementes de Ween e quando terminou de lhe dar golpes, olhou para Ween e disse, com ar satisfeito: Já está!!
Completamente petrificada, Hallo não conseguia mais pensar. E num zás-trás a pobre teve o mesmo tratamento dado a Ween.
Depois disso, ainda não satisfeitos, veio a mulher malvada da verruga e do cabelo cinzento e pegou em Ween e Hallo.
Pegou em cada uma delas e colocou-as em cima do parapeito da janela da sala. Depois, acendeu duas velas, que colocou no interior de Ween e de Hallo. Quem passasse podia ver duas abóboras que tentavam criar a ilusão de cabeças sorridentes...
Pronto, já está! Agora vou aproveitar as sementes e fazer um doce de abóbora.- murmurou a malvada.

Quis dar um novo sentido à expressão "cabeça de abóbora". A vida tem destas coisas...

segunda-feira, outubro 30, 2006

Força da Natureza

(um texto para escutar com a musiquinha...)

Pensava eu que tudo estaria no fim e eis-me de volta ao início. A vida dá muitas voltas – assim mo dizem, mas eu não quero voltas nenhumas. Não preciso delas. Quero seguir em frente, romper com ontem, com anteontem, e até com todos os dias que evoquem laivos deste passado que me corroeu até não mais poder.
E agora estou neste impasse e odeio isto. Sinto raiva pela situação mais ainda por mim, pela minha incapacidade de avançar. Sou uma ave com medo das alturas, um pássaro com vertigens!
Levanto daqui a dias voo para lá, para a Terra prometida, para onde os meus sonhos mais secretos espreitam a cada esquina, onde me sinto mais em casa no meio da mais povoada praça do que no velho sofá da minha própria casa, o meu suposto lar.
Sinto orgulho de mim, das minhas conquistas aos olhos de muitos tão pequenas, ao meus olhos enormes. Só aos meus olhos interessa a análise. Na rua, no trabalho, ninguém escuta o barulho que vai na minha mente. As vozes que gritam ideias. Ideias que querem saltar para a vida, para a prática. O que me impede?
Toda eu sou barulho ultimamente. O silêncio que fui, esse já era. Foi. Alguns pensam, ingenuamente, que ainda sou noite escura, quando agora sou noite, dia, avassaladoramente luminosa e cheia de vozes, ecos, sons que se misturam, que gritam, que riem, que choram, que murmuram e que, por vezes, gemem...
Vou algumas vezes abaixo, é certo, mas logo me levanto. Ergo-me nas dificuldades com o peito cheio de vontade de conquistar mais e mais deste mundo, da vida!
Engulo o tempo antes que ele me engula a mim. Eu quero dominar o tempo, quero controlar o rumo. Quero e vou conseguir, é uma questão de tempo! E se esse tempo teimar em demorar, eu mesma vou tratar de me antecipar! Eu sou assim: determinada, arrojada!
Por vezes, carente, por vezes vou abaixo, mas nesses golpes torno-me mais forte ainda! Sinto-me invencível.
Poucos sabem no que me tornei. Aqueles que me conhecem nunca gostaram tanto de mim como agora - Eu nunca gostei tanto de mim como agora.
Apenas ainda não consigo voar para mais longe. Mas o apenas vai ceder, eu sei.
Sou como uma ave que aprendeu há pouco tempo a aguentar-se pelas próprias pernas. Já sou forte no passo, já caminho para onde quero, como quero e quando quero.
Sou egoísta e narcisista? Talvez, pensem de mim o que quiserem; apenas alguns conseguem decifrar o que sou. Sou um coração grande que pulsa por aqueles que o merecem ouvir pulsar. Sou o que sou e nada é por acaso. Eu estou aqui para uma grande batalha, para uma grande conquista.
Quando levantar asas e voar para lá longe, para Casa, lá adiante, a vida nunca mais dará voltas, a menos que eu queira e não me parece...

Partilho convosco o meu estado de espírito.......

Pózinhos de pirilimpimpim...


Conta-nos uma história; Uma história, essa é das difíceis acho que não iam gostar de nenhuma das que tenho para contar. Então, e porque dizes isso? Não têm príncipes nem princesas, nem fadas nem castelos,..., melhor não.
Oh vá lá; Não insistam ia ser pior para vocês e tirem essas carinhas de tristeza que me deixam triste também.
Não resisti ao pedido, à profundeza dos olhos de amêndoa e dos olhos com pingos esverdeados de azeitona.
Afinal tinha uma história com princesinhas e com fadas. Era uma vez...
Contei-lhes a história do nascimento de cada uma delas e de como esse acontecimento devolveu a magia à minha vida.

quarta-feira, outubro 25, 2006

O sexo dos anjos

E no meio do vento que teimava em levantar cabelos, casacos e virar guarda-chuvas, lá cheguei ao local da apresentação do estudo. O edifício, fantástico pela sua localização – mesmo em frente ao rio, era beijado pelas luzes da marginal do Douro, e rodeado de história, de vidas, vozes que vinham das janelas. Bela escolha de local, pensei.

Lá dentro, em contraste com o reboliço do vento que se vivia lá fora, tudo estava preparado para que o trabalho complexo de mais de um ano fosse apresentado de forma eficiente. Afinal, uma iniciativa destas deveria ser bem tratada, acarinhada. Tratava-se de um estudo, uma caracterização sócio-demográfica dos utentes de 3 centros sociais da zona histórica dessa cidade maravilha, o Porto, para além da caracterização dos agentes económicos que nela operavam. Assim, tudo estava a postos. Na mesa de oradores, o representante de duas das freguesias em destaque, os presidentes de junta destas, o coordenador no projecto e a responsável pelo estudo, a socióloga.
Na plateia era possível ver habitantes das freguesias, alguns (poucos, pouquíssimos) empresários, funcionários dos centros sociais, amigos, conhecidos. Os vidros batiam nos caixilhos, como se o vento gritasse lá fora “também quero entrar!”. Estava-se bem ali dentro.

Chegada a hora, foi iniciada a apresentação, com direito a discurso formal, carregado de intervenção social. E, a seu tempo, a socióloga lá começou a falar. Expôs os resultados do estudo de forma serena, profissional, com a sua voz ritmada e agradável. Percebemos que a zona história tem actores fascinantes, que as vidas não se cingem aos números, que as pessoas sabem o que querem e têm voz, se as deixarem falar.

Durante a apresentação, os que assistiam teciam pequenos comentários aos resultados que eram referidos, umas vezes com sorrisos, outras vezes com alguma angústia. Acontece que lá pelo meio, uma voz, algures atrás de mim, começava a fazer-se ouvir cada vez mais. Algo se passava. Alguém estava descontente… Mas a socióloga continuava a sua apresentação, referia as diferenças entre as freguesias em termos de distribuição etária, distribuição de géneros, escolaridade, necessidades referidas, apontava os pontos mais interessantes. E a voz atrás de mim elevava-se cada vez mais…
Culminou esta exaltação anónima exactamente quando os resultados foram todos apresentados e se pretendia iniciar a discussão dos mesmos com a plateia. Um senhor tratou então de interromper o coordenador nos seus comentários reclamando de forma exuberante: “Estou como braço no ar há muito tempo, senhor! Quero falar! Vocês dizem aí essas coisas e depois não nos deixam falar!”. Os olhares, inicialmente tímidos depois evidentes, começaram a vaguear pela sala… e depois lá o vimos. Estava nervoso. Agitado. Parecia zangado. E não adiantou de muito na mesa de oradores tentarem explicar que iria ter espaço para expor as suas dúvidas já a seguir. O agitador de consciências estava mesmo aborrecido traduzindo a sua exaltação com gestos amplos, também devido ao efeito do álcool, a voz cada vez mais alta – “Vamos ter chatices! Isto vai dar que faltar, vai…! A menina pensa que pode vir para aqui, dizer o que disse, e depois ficar tudo bem?! Isto vai dar chatices, vai…”.

Nesta altura, a socióloga lançava olhares interrogativos para as pessoas na mesa e para as suas “âncoras” na plateia. Que raio se estaria a passar? E lá tentou demonstrar que estava disposta a esclarecer a dúvida que causava tanta agitação deste senhor. Por mim, pensei que, de certeza, o senhor estava zangado com o facto de se ter referido que as pessoas interpeladas no estudo tinham maioritariamente escolaridade baixa e pouca qualificação profissional. Era natural esta indignação, não se deveria tomar o todo pelas partes. E tratei de acenar em sinal de compreensão para com a socióloga, como que a dizer “tem calma, o homem está zangado com a vida”.

E eis senão quando o homem decide levantar-se (cambaleando….), e no meio da agitação e do burburinho que se fazia ouvir na sala atira para a mesa: “A menina vem para aqui dizer que há mais sexo na Vitória do que em S. Nicolau?! Mais sexo na vitória?!”.
O burburinho parou e a estupefacção deu progressivamente lugar a risos abafados e olhos arregalados. “Mais sexo na Vitória…”. Na mesa, uns apoiavam a cabeça nas mãos, escondendo o riso teimoso. Outros olhavam o senhor com alguma pena, e outros tentavam acalmá-lo. “Tenha calma homem, não se zangue.”. E não adiantou de nada explicar-lhe que o que havia a mais na Vitória era o sexo feminino, em relação ao sexo masculino. Ele estava amuado. Alguém o segurava e tentava amaciar oferecendo um dos CDs para levar com o estudo, outro alguém propunha-lhe que fosse embora porque estava bêbado, e nós olhávamo-nos e sorriamos com tamanha surpresa.

Dirigindo-se para a saída, parou por momentos em silêncio. Olhou para o chão um segundo, como que ponderando. E aí deve ter percebido a situação. Levantou o olhar para a mesa e explicou: “Eu vou embora, que eu já estou alterado! Falou muito bem menina!”. Saiu.

Falou muito bem sim senhor, a menina socióloga. Fiquei orgulhosa. E acho, cada vez mais quando relembro esta situação, que a vida pode ser fantástica. Este momento, que na hora pareceu ridículo e escusado, serviu para compreender que é preciso ter maturidade para se lidar com uma situação destas quando se está lá em cima na mesa. E que, quando menos se espera, somos confrontados com situações fabulosas de tão hilariantes como esta. Como dizia alguém a quem contava esta situação, parece mesmo que os Gato Fedorento fizeram das suas dentro desta sala.

A caminho de casa dei por mim a pensar o porquê de tanta exaltação. O efeito do álcool não desculpava tudo… De facto, classificar a quantidade e qualidade da actividade sexual entre freguesias não seria correcto. E depois ocorreu-me que fiquei sem saber de que freguesia era o senhor. Seria da freguesia campeã?
(Parabéns Missy. Foi um trabalho fantástico.)

Sun under the rain


Apeteceu-me cantar um medley honra à chuva, por isso:


I’ m singing in the rain, just singing in the rain ... (quer dizer, não é bem bem à chuva...)

... Rain drops keep falling on my head... (e é mesmo algo desconfortável e que me causa arrepios!)

IT’S RAINING (MEN) Hallelujah!! Amen . I'm gonna go out, I'm gonna let myself get, (isso já não sei, mas sei que estou toda molhada depois de um carro ter pisado uma poça que me encharcou todinha ...)

Melhor é ficar abrigadinha....

terça-feira, outubro 24, 2006

À Amiga


Seria para sempre que tudo iria durar? Ou seria, como antes fora tantas vezes, passageiro? Breve como a passagem do frio deste Inverno?
Quanto tempo dura o para sempre? Quantos dias, quantos meses, anos e estações?
Seria justo assumir o compromisso do para sempre, sabendo que não estava na posse de todos os elementos, como por exemplo, a exacta duração desse tempo? E se algo corresse mal? Se a breve passagem do frio de um Inverno mais lá adiante, ou quem sabe mesmo do próximo esfriasse, congelasse aquela certeza?
E se a certeza se auto-questionasse, colocando dessa forma, tudo em questionamento, em dúvida?
Quais os pilares da sustentação? Seriam fortes, resistentes o suficiente? Cederiam com
os ventos, aguentar-se-iam com a erosão natural da passagem do tempo? Ou pelo contrário, contrariariam as leis da natureza e fortalecer-se-iam com as adversidades da natureza e da vida? As primeiras pedras haviam sido lançadas quando já bem antes, os alicerces estavam sólidos. Seriam os alicerces mais importantes do que os pilares?
Mesmo se estes se desmoronassem o importante é que a estrutura, a base se mantinha inabalável?
Aguentaria o espelho o mesmo reflexo por tanto tempo? E se este aguentasse, aguentaria a mente contemplar a evolução da imagem devolvida?
Para sempre é muito tempo, dizem-nos. Temos vontade em percepcionar o todo, em avistar a meta, o fim, para sabermos se somos capazes de lá chegar. Coragem, medo, prudência, ambição, curiosidade...desculpas para tentarmos obter as respostas àquilo que se impõe a dado momento como essencial.
E o essencial, esse que agora nos engole, poderá ser um dia acessório? Claro que sim, advogam os defensores da constante mutação de todas as coisas. Claro que não, afirmam os que acreditam na estabilidade, no continuum, no estabelecer do equilibrium.
O que é hoje não muda da noite para o dia. Há leis eternas que regulam o aparente caos...
Será o tudo assim tão importante, ou o essencial é relativizar e deixando que o para sempre se construa no dia a dia que se vive à máxima intensidade? Cada dia não será o tijolo do castelo que é o para sempre?
Acho que sim...Talvez...A água continua a escorrer pelos meus dedos, apesar da força com que os cerro. Mas isso não me impede de matar a sede.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Fica comigo esta noite...

Este é o título do livro que li este fim de semana. A autora é a Inês Pedrosa.
Já tinha lido o «Fazes-me Falta» dela e estava com altas expectativas face a este livro. Estava com saudades de ler um livro com um registo intimista e por isso gostei muito do que li. Ao todo, uma dúzia de contos, alguns em discurso directo, apresentam-nos pessoas comuns que podiam ser nossos vizinhos, colegas, familiares ou talvez nós mesmos. Senti humanidade no que li, senti uma sensibilidade grandiosa no uso das palavras. Há muitas metáforas nos contos, mas por vezes o simbolismo toca o que o realismo não consegue alcançar. Gostei verdadeiramente. De uns mais do que de outros. Por isso, senti esta necessidade de partilhar esta coisa boa, esta companhia numa tarde já fria e chuvosa.

Deixo aqui algumas coisas que me tocaram...entre outras:


«...Vejo-te mas não te conheço ainda, quero conhecer-te mas não sei que palavras inventar para te puxar para a minha vida.
Junto de ti descobri, de repente, a alegria que trazia escondida numa cave no coração. Deixei de ter caves e sotãos dentro de mim, corredores escuros onde o vento do medo uivava. Nunca mais fui assombrado pelas roucas marés da infância.
Todo o amor é uma prisão, minha querida, uma prisão inventada por nós contra a escancarada brutalidade da vida.
A tua ideia de amor é essa - a instrução para a sobrevivência.

Todo o Amor »

« Não me diga que a beleza está nos olhos de quem a vês, porque não é verdade. A beleza está é no coração de quem a sente...
Conversa de Café »

E pronto... Boa semana.

Para ouvir no quentinho, a bebericar um chocolate quente...

sábado, outubro 21, 2006

E de repente...

Durante um directo, a repórter aborda Aznar questionando-o sobre o problema do país Basco. Ele escrevinha algo importante num papel, termina a tarefa e, começando a esboçar um sorriso, trata de lhe enfiar a caneta pelo decote abaixo. Continua o seu caminho, não dizendo palavra, e não sem antes lhe lançar um sorriso assumido e cúmplice.
Ela reage voltando – se para a câmara, demonstrando a sua consternação. Não sabe que fazer, que dizer…

Também fiquei assim e não tive uma caneta pelo decote abaixo de forma inesperada… mas depois dei por mim a pensar: o que levou este homem a fazer isto? O que lhe passou pela cabeça?
E depois percebi. Dei por mim a sorrir como ele. Genial senhor Aznar! Admirável essa sua capacidade de clarificar prioridades. Como quando estamos tão cansados de alguma coisa, quando um problema nos parece maior que o mundo, e estamos fartos das perguntas que constantemente nos fazem. Nessa altura, ser capaz de fazer algo assim, capaz de desviar a atenção do interlocutor para algo que, naquele momento, lhe parece muito mais importante e interessante.
Não sei se ele lhe deveria, politicamente, responder à pergunta enquanto representante de um Governo, se ela o provocou despropositadamente, enfim, não sei o grau de razão em ambas as partes. O que sei é que este gesto me vai ficar na memória pela sua espontaneidade, pela sua traquinice. Aznar pareceu gritar nesse segundo de loucura: “Não quero! Não faço. Eu posso!”.
Compreendo o despeito (ups… piada fácil…) da repórter no momento. Os movimentos feministas estão ao rubro. Gritam a plenos pulmões: “Se fosse um jornalista ele não reagiria assim!”. Dá vontade de lhes enfiar a todas uma caneta pelos decotes abaixo…

Agora, à distância do tempo, só me ocorre que, se fosse comigo, gostaria de ser também capaz de lhe responder à altura. Voltar-me-ia para a câmara e diria: “Aznar responde assim simbolicamente: a caneta é mais forte que a espada.” Daqui é tudo.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Chocolate

Com o passar da idade, supostamente pensara eu, desapareceria este desejo estranho, dependência, aliás, por chocolate.

Chocolate branco, preto, com amêndoas, em gelado, em barras, em forma de pirâmide encrostado com pepitas de mel, bebível ou duro como uma casca de noz.
Certa noite primaveril, combináramos ir até uma esplanada de praia. O cheiro a mar e a renovação de todas as coisas da natureza tornavam este lugar mais apetecível nessa altura do ano. Era tempo de começar a sair, de largar a toca de abrigo invernal!

Seria sentimento generalizado a julgar pela dificuldade em encontrar uma simples mesa para nos sentarmos, mas após uma breve espera, instalamo-nos confortavelmente naquelas velhas e já intimas cadeiras forradas com tecido em azul carregado. Em redor, a sensação de conforto caseiro e até rústico era causada pela estrutura em madeira e pelos acabamentos artesanais que permaneciam à vista de todos, desde o fatal incêndio que consumira, certa vez, este lugar.
Como já era habitual, havia o burburinho de conversas soltas no ar, umas mais efusivas, com risos estridentes, outras mais comedidas, acompanhadas de olhares cúmplices e de carícias manifestas.

Enquanto isso, as raparigas que serviam às mesas esforçavam-se por ser rápidas e eficientes, ao mesmo tempo que percorriam cautelosamente e de bandeja na mão, os corredores labirínticos causados pelo excesso de gente em tão pequeno espaço.
Ao solicitar-me o pedido, dei por mim a pedir-lhe algo com chocolate ao que, prontamente, me sugeriu um chocolate quente.

“É isso mesmo que me apetece!”,

pensei. Assim pedi e, prontamente, uma caneca se apresentou na minha mesa. O líquido, espesso e escuro, largava um pequeno suspiro de ar quente. Apesar de mais amena do que o habitual, a brisa nocturna era fresca.
As conversas que eram atiradas para a mesa eram descontraídas e interessantes, como aliás, sempre acontece entre amigas de há tanto tempo, apesar de muitas vezes não existir propriamente novidades, muitas vezes sabe bem só o facto de recordar acontecimentos, comportamentos, atitudes. Deve ser isso a amizade, afinal de contas – uma grande manta artesanal construída com retalhos nosso e de cada um dos nossos amigos. Apesar dos retalhos serem confeccionados pelas mãos de cada um, o todo que constitui a manta é-nos familiar. As lembranças partilhadas não serão mais do que a troca de palavras entre as diferentes tricotadoras (!) dos retalhos. Os pontos dados são semelhantes, mas os acabamentos, os remates e até os remendos são únicos. As verdadeiras tricotadeiras de uma mesma manta reconhecem bem os pontos dados por cada uma – reconhecem cada erro, apreciam a perfeição e entendem os defeitos. Por vezes, ajudam a corrigi-los.
E era assim que sucedia. Das histórias da faculdade, passávamos para as do trabalho; dessas, para as da primária, para as do dia de ontem…
Escutava e falava, entremeando saborosos goles do meu chocolate quente. Denso, suave, aconchegante e doce como aquelas conversas.
O fim da bebida coincidia com o fim daquela noite. Estava na hora de voltar a casa. O sono fazia-se sentir e os olhos pesavam.
Saímos e metemo-nos no carro.
Pelo caminho, alguém comentou comigo que o meu chocolate quente tinha um óptimo aspecto mas que nunca se atreveria a tomar um por receio de uma reacção alérgica.
Respondi que, de facto, estava delicioso. E pensei:

“ o que seria de mim se não pudesse saborear, cheirar um chocolate sempre que me apetecesse?”

Afinal de contas, não era tão disparatado considerar que o chocolate era parte integrante da minha vida e pensei que quase diariamente, ingeria algo que tivesse nem que fosse uma pequeníssima porção deste elemento de dependência.
Sem esforço e num curto espaço de tempo, atravessaram-me a mente imagens de mim a saborear chocolate: no Natal, enquanto embrulhava os presentes e os dispunha por baixo da árvore, na minha festa de 6º aniversário, enquanto comia os smarties que davam colorido à coleira do meu bolo com a forma de um Snoopie, no cinema ao lado de um amigo especial, em forma de gelado em copo, sozinha a ler o livro “os Maias” em que a voracidade aumentava com a expectativa criada pelo avançar do romance…, na decepção de terminar uma história que imaginara ser feliz…

Em todos esses momentos, ele estava lá – o chocolate.
Ao sair do carro, abri o portão, rodei a chave e entrei em pezinhos de lã no meu quarto.

E, palavra de honra, nessa noite, sonhei que estava a saborear um chocolate. E soube-me muito bem!

Com o passar da idade, supostamente, pensara eu.

Mais um quadrado …

Uma mensagem do Pessoa para Pessoas ...

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

Às vezes não é preciso dizer mais nada, porque já foi tudo dito. Esta é uma dessas vezes... Boa semana.

domingo, outubro 15, 2006

Prenda


Despertar

É um pássaro, é uma rosa,
é o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

Eugénio de Andrade


Há dias assim… Em que somos banhados por pequenas maravilhas…

Eugénio fala de cumplicidade. Fala de ardor enquanto vida, de amor enquanto natureza e de não se saber mais onde começa o canto na ave e o nosso riso na rosa.

A fotografia fala de encontros, de abraços e de felicidade.

Misturo tudo na máquina chamada memória, envolvo nas natas cremosas das emoções e levo ao forno que é a alma. O resultado é um sorriso - também tive uma prenda ontem à noite …

Um beijo para os dois. Sei que a felicidade está à espreita.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Just Smile

Esta imagem trouxe-me saborosas recordações...
Tal como a menina da foto, eu andava sempre de bicicleta em pequena.
Não despegava da minha BMX...
Uma maria-rapaz...de cabelo preso num 'rabo-de-cavalo', pequenina, feliz. Muito feliz...como hoje...

Just smile :)

segunda-feira, outubro 09, 2006

Para as minhas princesas

Para as minhas princesas lindas e maravilhosas aqui fica uma prenda....

Princess Lily
Naquela manhã solarenga a Princess Lily passeava pelos campos verdejantes do seu reino com a mesma alegria com que o fazia todos os dias! De vez em quando saltitava por cima de uma pedra e apanhava mais uma flor para o seu ramo! E seguia, apreciando o sol, o ambiente primaveril e os campos cheios de flores! Esta era a sua estação preferida!

- Eia Princess Lily!! Eia… Pssst Pssst

Princess Lily olhou para a direita e depois para a esquerda e de novo para a sua direita e nada! Não via ninguém!! Olhou para trás e até procurou nos ramos das árvores que estavam à sua volta! Não via nada nem ninguém que pudesse tê-la chamado!

- Ò Princess!! Tu deves ter a mania, não? Baixinhos para ti não contam? E que tal olhares para baixo? Ahhhh?

Princess Lily baixou o olhar e não conseguiu evitar o espanto!

- Então!? Nunca viste!? – disse aquele ser estranho
-
Mas. tu falas!!!
- E depois?
- Tu és azul!!!
- Sim.. sim… vês bem! Olha lá, o meu nome é Sapo Lewis. Os meus pais gramavam bués o Jerry Lee Lewis! Já ouviste falar?
- Sapo Lewis? Mas tu não és um sapo!!
- Ai não? Sou o quê então?
- Tu és um ouriço.. azul!!!
- Não digas disparates! Se te digo que sou um sapo é porque sou! Não achas que sei isso melhor que tu!?Bem, adiante que eu não tenho tempo a perder. Como eu estava a dizer-te, eu sou o sapo Lewis e este é o meu fiel companheiro Bob, destemido cão de caça. Mas possivelmente também não acreditas nisso? Mas ele ladra, ouves?

Princess Lily estava baralhada: de onde tinha saído aquele ouriço azul falante? E porque ladrava aquele escaravelho ao lado dele? O que pretendiam? Estaria ela a ficar febril?

-
Bem, Princess é assim: há 10 anos atrás prometi à tua madrinh,a a maravilhosa Clara, que no dia de hoje viria ter contigo e te concederia um desejo! Podes pedir o que quiseres mas atenção que não valem aquelas tretas da felicidade para a família e paz no mundo! Isso é com aquele da lâmpada mágica e dos três desejos. Pensa bem … Podes pedir uma casa de chocolate que nunca se desfaça e que nunca caia apesar de lhe comeres as paredes.... Uma árvore onde cresçam gomas… Ou um quintal com flores que são gelados de morango!!!

Princess Lily parou para pensar no desejo! Aquilo era tão extraordinário que começava a acreditar que podia ser real! E se fosse o caso tinha de pensar bem e aproveitar a oportunidade!

-
Então demoras muito? Eu não estou a ir para novo… e tenho de me despachar porque hoje vou levar a minha nova namorada ou cinema!
- Diz-me a tua namorada é uma borboleta que faz renda?
- Olha lá tu andaste a comer as papoilas do campo? Achas que um sapo tem uma borboleta como namorada? Tu és estranha. Olha lá e o pedido? O desejo? Bla bla bla…
- Bem, quero que pintes o meu reino de tons laranja.
- Como? Explica-te lá!
-
Bem, é simples! Quero que todos saboreiem a doçura de um sumo de laranja acabado de fazer; que todos se sintam satisfeitos com um creme de cenoura quentinho; que todos sintam o conforto de um cachecol e de umas luvas de lã laranja; que todos sintam a felicidade de
contemplar um pôr-do-sol alaranjado!
- Ès muito inteligente Princess… Mas lembras o que te disse acerca dos desejos?
- Sim.. mas…
- Espera… que dizes Bob?


E o sapo Lewis baixou-se para escutar Bob.

- Bem, o Bob diz que tenho de te conceder o desejo. Haverá, então no teu reino: alimento e bebida para todos; bem como conforto e bem-estar e a felicidade inundará os lares! Espero que aprecies o teu reino laranja quando te apetecer uma parede de chocolate…

E de repente virou costas e desapareceu por entre a relva.
Princess Lily sorriu: tons laranja começavam a colorir o seu reino!


Princesinha

Era uma vez uma princesinha moreninha de olhos doces e expressivos. Há muitos anos que tinha por perto uma caixa onde guardava as cores, os traços, os limites e as fronteiras dos seus sonhos! Curioso falar-se das fronteiras dos sonhos!! Dizem por aí que os sonhos não têm limites e que é essa característica de ínfimas possibilidades que os distingue da realidade. Mas não é verdade! Os sonhos têm limites: os da nossa imaginação e os da nossa coragem. Os limites e as fronteiras dos sonhos da princesinha tinham uma característica peculiar: estavam em constante mutação e os contornos dos sonhos que ela guardava eram distintos de cada vez que se os espreitava. A caixa, onde residiam os tesouros da princesinha, era simples e pode-se dizer que era até simples demais! Feita de um cartão grosseiro, em forma rectangular, alta (quase da altura da princesinha), acastanhada e com as bordas gastas.
A princesinha era determinada, persistente e chegava mesmo a ser insistente. Gostava de ganhar as disputas e de deixar bem claro o seu ponto de vista. Tinha força para lutar contra tudo e todos. Era uma menina corajosa, valente e com muita determinação. Porém, o mais cativante era o seu lado doce e meigo. Muitas das vezes as suas ideias e planos eram recebidos com uma certa condescendência pelos outros que associavam à sua vida uns pozinhos de irrealidade. Enquanto que para todos os que a rodeavam existiam regras a cumprir, destinos a suportar e vidas traçadas a seguir, para a princesinha cada um podia escolher o caminho que queria percorrer. Acreditava nisso e a verdade é que fazia por definir o caminho à medida que o percorria. Os outros, não tão corajosos e mais cinzentos, seguiam com as suas vidas e lá argumentavam que ela podia dar-se a esse luxo porque era uma princesinha, enquanto que eles “tinham de ganhar a vida”.
Um dia a princesinha abriu a caixa para colocar lá dentro mais um dos seus maravilhosos sonhos e surpreendeu-se com o emaranhado que encontrou! Os seus sonhos estavam todos enrolados e a caixa transbordava. A princesinha parou por uns breves momentos para pensar e decidiu que ia pôr um fim a toda aquela confusão. Munida de toda a sua determinação entrou na caixa e fechou a tampa. Estava escuro lá dentro, mas isso não a impediu de procurar os limites dos sonhos e de tentar esticar fronteiras de modo a perceber com nitidez o conteúdo da caixa. Ao fim de dois dias de trabalho a princesinha desatou num pranto: ainda nem um sonho completo tinha encontrado, nem sequer filtrado um mero devaneio. Chorou convulsivamente…
Algum tempo depois, já mais calma, olhou em redor e viu a ponta de um dos seus sonhos mais antigos. Sorriu ao perceber que quase se tinha esquecido dele. De repente sentiu que a caixa tinha uma cor e uma luz diferentes. Olhou em seu redor e suspenso no topo da caixa viu um pontinho laranja que não conseguiu identificar. O que seria? Não conseguia perceber, mas uma coisa era clara para ela: antes de encontrar a ponta do sonho aquele ponto laranja não estava lá. Percebeu então que se conseguisse organizar os sonhos no interior da caixa, desfazendo-se dos inúteis devaneios conseguiria que aquele ponto laranja se torna-se nítido. Mais determinada que nunca procurou limites e distinguiu formas! Não conseguiu eliminar todas as excentricidades porque eram parte dela, mas conseguiu ordenar todo o interior da caixa e ao sentir no seu rosto o toque leve de um fio percebeu! Aquele pontinho laranja era um balão igual aos da sua infância! Aqueles que a sua mãe lhe comprava e que ela logo de seguida soltava. Adorava ficar a contemplá-los no seu voo lento enquanto se afastavam para longe.
Percebeu que o fio do balão estava ao seu alcance e que caso o agarrasse seria possível partir na viagem dos sonhos. Respirou fundo, pensou em todos os que amava, sorriu e agarrou o fio com determinação
A tampa da caixa abriu-se de par em par, e o balão iniciou o seu voo. Numa torrente de luz e cor, os sonhos envolvendo a princesinha iniciaram o voo. Ela sorriu ao sentir o vento no rosto e sentiu escorrer uma lágrima de felicidade ao pensar “Comecei a viagem….”.

domingo, outubro 08, 2006


PARABÉNS À AMORINHA !!!


Mais uma das amorinhas, deste Blog, faz anos.

26 é o número deste ano, 26 Outonos, Invernos, Primaveras e Verões....

Portanto o que se pode desejar hoje é que estejemos cá para os teus 27, 28, 29, 30, e por aí fora....

Muitas Felicidades minha linda,

Beijinhos gorduchos


A cidade do Porto tem coisas destas… Tem sítios e pessoas que me prendem e me fazem sentir que por muito que viaje e conheça o mundo, é nas ruas do Porto que estou bem.


O Hot Five é um clube de JAZZ e BLUES.

Provei e gostei. Muito.
Aberto de Quarta a Sábado até às 2 da manhã, está encaixado no casario do Largo Actor Dias, mesmo a abrir-se para a muralha Fernandina. Habita o n.º51 e respira música, jazz & blues…

Uma sugestão de degustação musical, é o que isto é. Em jeito de aperitivo, aqui ficam dicas para o programa de Outubro:

12 e 25 de Outubro
“Fios soltos… Marionetas presas”
Teatro com encenação de Paulo Calatré

18 de Outubro
“Jacuzzi”
Teatro com encenação de Casimiro Simões

20 e 21 de Outubro
Jeff David Quartet

26 de Outubro
Susana Santos Silva Stet

27 e 28 de Outubro
Banda Stuart


As Jam sessions são às quintas, claro.

Hot Five promete. E cumpre.

A bola de neve começou agora a rolar… É impossível escapar-lhe.

Kafé das Kintas?

quinta-feira, outubro 05, 2006

Viagem ao centro do Porto

Levantou-se rabujenta bem cedo no feriado. A ideia de ter que sair da cama para se meter nas "canalizações" da cidade parecia de repente parva e sem sentido... Era feriado, dia de ficar a dormir até mais tarde, de preguiçar e de pensar que o vale dos lençois é o nosso refúgio...
Mas lá se decidiu e foi. Pelo caminho encontrou-se com a amiga que também integrava o grupo que visitaria nessa manhã os subterrâneos do Porto, pela mão dos SMAS. O percurso no carro até o jardim de Arca D'Água foi feito com os óculos de sol postos, para que a luz do sol não ferisse a ténue disposição arrecadada face à preguiça matinal. À chegada, a curiosidade acerca das condições em que seria feita a visita, se haveria mesmo necessidade de galochas, se era mesmo necessário o casaco e impermeável.
E de repente viram-nos. Bem dispostos e ainda sonolentos, todos os do grupo lá estavam, alguns no café, a preparar-se para a "visita". Olhavam-se todos para apreciar quem ia, quem ficava, e os sorrisos lá iam aparecendo. Afinal, eram cúmplices nesta aventura.
A abertura para as entranhas da cidade da qual tanto gostava foram abertas e o mundo subterrâneo foi-se mostrando a pouco e pouco. Os túneis, os canais de água, a escuridão, os sorrisos tímidos no início e as gargalhadas libertas depois, os deslizes, o som da água que corre imperturbável, a humidade constante, e a sensação de que a força humana pode mais do que pensamos.
As palavras de Germano Silva adoçaram este passeio e a sua sabedoria foi a cereja no topo do bolo. No final o cansaço foi recompensado com a constatação de que a cidade do Porto é cada vez mais bonita. Namora connosco sem pudor e pisca-nos o olho de forma provocadora.
Gostei muito desta aventura.
Fotos? Visita aqui.